terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Jessé Nascimento (Analecto de Trovas)

A formiga na labuta
nos dá profunda lição;
não se curva ao peso e à luta,
vive em perfeita união.
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Caminhos, jardins e praças,
flores, cores - que beleza!
Deus derrama suas graças
dando graça à natureza!
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Chora o coração sentindo
tristeza, nunca revolta;
os amigos vão partindo
numa viagem sem volta.
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Com meus sonhos mais singelos
embalados na esperança
venho erguendo meus castelos
desde os tempos de criança.
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Corres tanto, mocidade,
és pela vida levada.
Amanhã serás saudade,
serás velhice, mais nada...
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Dos outros não dependamos,
mas cada um erga a voz;
a paz que tanto almejamos
começa dentro de nós.
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Leu "Campanha do Agasalho",
quando por ali passou;
o espertalhão ou paspalho
em vez de deixar, pegou.
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Lindo olhar, belo sorriso,
rosto de tal perfeição,
sugere o traço preciso
do Senhor da criação.
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Na dureza da porfia
para moldar minha história,
Deus me abençoa e me guia
para chegar à vitória.
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Na padaria, o cliente:
- O pão está bem "quentinho?"
Com sorriso, a atendente;
- Veja como está "fresquinho".
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Navegando nas poesias,
nas ondas da inspiração,
iço as velas de alegrias
deixo o rumo ao coração.
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No sonho e imaginação,
vou compondo cada verso;
partindo do coração,
viajo pelo universo.
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Num cenário colorido,
cheio de encanto e alegria,
a vida tem mais sentido:
a primavera extasia!
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O genro sempre é quem dança,
a minha sogra é um porre;
o nome dela é "Esperança"
que é a última que morre.
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Por mais que as regras morais
moldem o bom cidadão,
dia a dia os imorais
na vida melhor se dão.
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Pra acreditar foi um custo;
na primeira gravidez,
levou um tremendo susto:
foram cinco de uma vez!
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Quando a razão não alcança
por mais que pareça incrível,
ter fé é ter esperança,
ter fé é crer no impossível.
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Quantas vezes nós choramos
por tantas coisas banais...
Mas, jamais nos esqueçamos:
há outros que sofrem mais.
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Que a humanidade resista
ao mal que, sagaz, avança
eu sou poeta otimista:
ainda existe esperança!
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Se a tua cruz é pesada
e vives só de lamento,
hás de encontrar pela estrada
outros com mais sofrimento.
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Senhor Deus, misericórdia!
Neste conturbado mundo,
nos corações põe concórdia,
mais perdão e amor profundo.
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Semelhante a um quartel
tem sido assim minha casa;
minha mulher, coronel
e eu sempre patente rasa.
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Tenho ciúme e desgosto
quando, à noite, leve brisa
afaga o teu meigo rosto
e os teus cabelos alisa.
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Teu cego e amargo ciúme
que me desgosta e alucina
tem sido o cortante gume
que ao amor leva a ruína.
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Teu olhar, quanta ternura!
Tuas mãos, quanto carinho!
Teu amor, oh, que ventura
pôs a vida em meu caminho.

Fonte:
Autores diversos da UBT-Angra dos Reis. Sementes poéticas. SP: Daya Ed., 2021.
Livro enviado por Jessé Nascimento.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Lélia Miguel Moreira de Lima (Caderno de Trovas)

 

Admirar tanta beleza,
na densa e bela floresta,
não só pela realeza
e nem do que dela resta.
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A prece muito me acalma,
faz dormir a incerteza.
A prece refaz minha alma,
com fé e muita pureza.
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Aquela folha que vaga,
naquela mata, sou eu!
Aquele vento que afaga,
lembra quando eras meu.
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Assim diz velho ditado;
"O respeito é bom e eu gosto!"
Mesmo sendo criticado,
nisto tudo sempre aposto.
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Cada vez que me refaço,
logo fico mais conciso,
e o orgulho ganha espaço,
é tudo que mais preciso.
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Calmamente aparecendo,
se vê a chuva caindo,
mansamente vem chegando,
para o verde ficar lindo.
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Colorida é nossa vida,
cheia de muita esperança,
história muito vivida,
plena de amor e lembrança.
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Ele está sempre a sonhar
que já é um milionário,
não crê que está a pensar
que também é visionário.
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Em berço de ouro nasceu,
em boa hora chegou,
a sorte lhe apareceu
e bons caminhos trilhou.
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Eu quero chorar seu choro,
quero sorrir seu sorriso.
Eu venho implorar em coro,
pois nada foi de improviso.
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Eu quisera nesta vida,
ver amor nos corações,
também andar na avenida,
dos anjos ouvir canções.
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Eu vivo nesta esperança
de jamais ter desencanto.
Bons momentos na lembrança,
é a vida um belo encanto.
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Feliz é estar a seu lado,
seu olhar aquece o inverno,
Sem você tudo é findado,
para mim, será eterno.
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Feliz quem tem esperança,
jamais chega a esmorecer.
A vida, sempre em bonança,
nunca se deixa abater.
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Fuga, refúgio incerto,
se não podemos estar,
é o caminho correto
para o problema enfrentar.
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Impressionante conduta,
sempre com muita coerência.
Sabendo usar a batuta,
incomparável cadência.
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Ipês cobrem a selva,
de mil cores iluminam
e na linda e humilde relva
muitas flores a sublimam.
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Lindos lugares eu vi,
não há como contestar:
Ceará nunca esqueci,
quero o mais breve voltar.
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Neste encontro tão gostoso,
que jamais pensei estar,
com café tão saboroso,
que nos faz aqui ficar.
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Ninguém espera uma crise,
precisamos preparar.
Se pressenti-la, me avise,
não podemos assustar.
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Nós mudamos de morada,
muitas coisas descartamos.
Basta esperar a alvorada
que sempre nos contentamos.
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O galho que me salvou,
sem trevas no meu caminho,
a minha vida elevou
com gratidão e carinho.
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Qual centelha faiscante,
sua amizade, para mim,
mesmo estando tão distante,
encanta como jasmim.
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Quando menos esperamos,
deparamos com mudança,
nossos gostos contrapomos,
partimos para bonança.
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Saudade palavra doce,
anima nosso viver,
bom seria se assim fosse,
bons momentos reviver.
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Sem batom não temos cor,
e sem sol não temos vida,
sem luar nos falta amor
sem saúde falta lida.
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Ter humildade na vida,
sempre com muita esperança.
História tão bem vivida,
cheia de amor e bonança.
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Uma amizade sincera
é difícil encontrar.
Na verdade, eu pensara:
mais fácil, um cão adestrar.

Fonte:
Autores diversos da UBT-Angra dos Reis. Sementes poéticas. SP: Daya Ed., 2021.
Livro enviado por Jessé Nascimento.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Maria Helena Ururahy Campos da Fonseca (Caderno de Trovas)

 

A brisa o perfume espalha
na planície em Goytacazes.
Esse odor de cana e palha
és tu, saudade, quem trazes.
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A esperança que norteia
a vida sempre a girar
é a força que semeia
coragem pra caminhar...
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Anoitecer da jornada,
quando desponta o cansaço,
eu me sinto renovada
no calor do teu abraço.
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Antes de morrer na Cruz,
Jesus Cristo, nosso irmão,
mistério de fé e luz,
partilhou conosco o pão.
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Ao cair da tarde fria,
e quando a luz já se evade
eu tenho por companhia
os suspiros da saudade...
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As luzes do alvorecer,
em matiz resplandecente,
apagam-se ao entardecer,
levando os sonhos da gente...
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Com retalhos de lembrança
eu costurei, sem maldade,
meus amores de criança
com suspiros de saudade...
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Em uma gaiola encanta,
lindo pássaro a cantar!
Sem liberdade ele canta,
porque não sabe chorar...
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E procurando ensinar,
a minha vida passei,
pra no final constatar;
aprendi mais que ensinei.
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Estrela, eterna magia,
que traz à mente esquecida
lampejo que contagia
a saudade adormecida.
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Eu relembro a mocidade
sem perjúrio e sem revolta,
mas como dói a saudade
do tempo que não mais volta…
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Menina, que beijo doce!
Gostoso, vadio, arisco.
Teu beijo é como se fosse
saborear um chuvisco.
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Meu peito pulsa saudade,
sem chance, mas sem revolta,
relembrando a mocidade
que já se foi... não tem volta.
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Meu sorriso de beleza
com o tempo se apagou,
desgaste da natureza,
até meu espelho embaçou.
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Na solidão do meu leito,
quando a esperança se evade,
eu pranteio o amor desfeito,
triste missão da saudade.
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Niterói doce lembrança
que nem o tempo destrói.
Volto ao tempo de criança...
E como a saudade dói!
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Na trilha da vida, as flores
encontradas nos caminhos,
às vezes, trazem sabores,
às vezes, trazem espinhos.
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O abraço por gentileza
é bom até, quando dado,
mas bom mesmo, com certeza,
o abraço do ser amado!
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O ciúme é sal da vida,
não sofra à toa, por favor,
quem não o sofre, querida,
é porque não tem amor.
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O recado tão sonhado
que você tanto esperou
ficou sempre resguardado;
o correio não entregou.
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Privado da liberdade
lindo pássaro cantador,
na gaiola, de saudade,
canta triste a sua dor…
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Quando a bruma surge morna
e anuncia o fim do dia,
a saudade então se torna
a mais triste companhia.
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Quando a vida já findando,
vai levando a nossa história,
o passado vai lembrando
que o viver é uma vitória.
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Rosa flor, beleza ingrata,
nuance, perfume, cor!
Teu espinho que maltrata
mistura beleza e dor.
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Tão longe, triste soava
aquele som cristalino...
Era a saudade, chorava,
nas cordas do violino.
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Um dia a nossa amizade
em amor se transformou:
amor sublime, verdade,
que o tempo nunca apagou...
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Maria Helena Ururahy Campos da Fonseca, acadêmica fundadora do Ateneu Angrense de Letras e Artes e da Delegacia da UBT/Angra dos Reis, onde continua participando ativamente.

Presidiu o Ateneu Angrense de Letras e de Artes por dezessete mandatos (dois anos cada), alternadamente. Pertence, ainda, a outras instituições culturais. Integrou o Conselho de Cultura de Angra dos Reis de 1978 a 1991. Em 2007, retornou ao Conselho de Cultura, representando a setorial de Literatura.

Professora efetiva do Estado do Rio de Janeiro e do Município do Rio de Janeiro na área de Língua e Literatura Portuguesa. Exerceu o Magistério durante 47 anos. Durante a trajetória profissional dedicada ao Magistério, participou de cursos de especialização nas áreas pedagógica, linguística, literária e cultural.

Aposentada, participou do Curso de Extensão Cultural da Mulher, no Clube Militar do Rio de Janeiro, interrompido pela pandemia. Reside em Angra dos Reis.


Fonte:
Autores diversos da UBT-Angra dos Reis. Sementes poéticas. SP: Daya Ed., 2021.
Livro enviado por Jessé Nascimento.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Cláudio de Capua (1945 - 2021)

 

 A derrota não me importa,
cumpro com o meu dever.
Do destino forço a porta,
sempre luto pra valer.
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Ah! Se eu tivesse saber,
se fosse poeta, escritor...
do poente ao alvorecer,
terias versos de amor...
- - - - - -
Ah! Você não vem! Não volta...
Eu, na saudade tropeço,
em noite que me revolta,
esperando o seu regresso.
- - - - - –
A métrica pondo à prova,
quatro versos eu componho
ao fazer mais uma trova
com tinta, papel e sonho!
- - - - - –
Ante a hora da partida,
nossa tensão se agiganta
e a despedida é contida
na voz presa na garganta.
- - - - - –
Ante ao talento me ajoelho…
E o teu talento invulgar,
tanto me serve de espelho
como me serve de altar.
(uma homenagem a Carolina Ramos)
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Ao ensinar Filosofia,
Sócrates, de vida sã,
ao fundar a Academia
fundou um novo amanhã.
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Ao faltar sua presença,
por amar muito você
a saudade cresce intensa
e dói, como não sei quê!
- - - - - –
Avisto do alto da serra
a pujança do sertão
e sinto orgulho da terra
que mora em meu coração!
- - - - - –
Busco a mulher, a beleza,
em meus delírios risonhos
trovador da natureza,
vou navegando em meus sonhos.
- - - - - -
Camafeu, nobreza pura,
seu retrato de perfil
tem no adorno da moldura,
clássico tom juvenil.
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Certo bispo ouve uma “história”
de um padre chamado Hilário
e grava, assim, na memória
um bom “Conto do Vigário”
- - - - - –
Chora a dor dos pinheirais,
no céu a estrela cadente,
são lágrimas siderais,
ante o machado inclemente.
- - - - - –
Com mensagem sempre nova,
transpondo mágoas e dor,
pelos caminhos da trova
planto sementes de amor.
- - - - - -
Da luz quero a beleza,
da lagoa quero o encanto,
das aves delicadeza,
de você, o acalanto.
- - - - - -
De “mau jeito” o Zé Baleia,
pescador de sorte estranha,
noivou com uma sereia,
casou com uma piranha..
- - - - - –
De união a nos dar prova,
cultivando novas flores,
cada dia cresce a trova
no canto dos trovadores!
- - - - - -
Do seu lar fazendo um templo,
menino, velho ou rapaz,
faz da vida um belo exemplo
quem trabalha pela paz!
- - - - - –
Em noite alta... madrugada,
contemplo a lua contrito
- Barca de prata aportada
nos segredos do infinito.
- - - - - -
É neste “Canto que eu Canto”
belezas que a vida tem
que ao meu mundo dão encanto
e tanto me fazem bem!
- - - - - –
Essa vida se resume
para o poeta, trovador
em essência de perfume
quando faz versos de amor.
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És meu aroma, ventura...
E nem sei bem mais o quê!
Só esse perfume em mim dura,
é porque o extrato é você.
- - - - - -
Esta foto é mais um fato,
que nos traz para o presente,
através deste retrato,
lembranças de antigamente.
- - - - - –
Êta... que coisa mais louca,
quero ter explicação:
Por que boca na boca
acelera o coração?!
- - - - - –
Eu cansei de minha andança,
fui banhar meus pés no mar
e voltei a ser criança,
Santos agora é meu lar...
- - - - - –
Eu faço uma descoberta,
sempre que vejo você,
é meu peito porta aberta
eu nem sei bem o porquê.
- - - - - –
Eu fico muito feliz,
quando escrevo a letra V
escrita, a lápis ou a giz,
pois o V... lembra você!
- - - - - -
Eu que te dei muitos beijos,
te fiz até suspirar,
agora sinto desejos
dos beijos que faltou dar!
- - - - - –
Há muitos dias de dor
e bem poucos de alegria:
se a vida não tem amor,
pode ser noite o meu dia.
- - - - - –
Imensidões veneráveis,
que me fazem navegar,
céu e mar, inseparáveis,
na linha do meu olhar.
- - - - - –
Jovem... tenha fé na terra,
seja valente e viril,
suba monte, desça serra,
não desista do Brasil!
- - - - - –
Lembrando minha lembrança,
vou escrevendo meus versos,
buscando alguma esperança
dentro dos meus Universos.
- - - - - -
Maldosa como ninguém,
boa figura na igreja,
acrescenta sempre "Amém"
quando aos outros mal deseja…
- - - - - –
Na angústia das mais estranhas,
estão chorando as cascatas:
são murmúrios das montanhas
refletindo a dor das matas.
- - - - - –
Na lágrima do meu verso,
nesta madrugada calma,
ao contemplar o universo
a brisa me embala a alma.
- - - - - -
Não te sintas ultrajada,
quando te olho tanto... o intuito
é provar que és muito amada
e que eu te desejo muito!
- - - - - -
Naquela ponta de galho,
com luz pura e fulgurante,
uma gotinha de orvalho,
brilha mais que um diamante!
- - - - - –
Nasci em dia abençoado
no charmoso oito de março
da mulher enamorado
meu orgulho não disfarço.
- - - - - -
Natal! E nessa Babel,
em que ninguém mais se entende,
onde está Papai Noel,
se brinquedo só se vende?!
- - - - - -
Nesta ilha tão formosa,
prisioneiro de ti vivo.
E que vida venturosa...
vivo em teus braços cativo!
- - - - - -
Nesta noite prateada
minha sombra, junto à tua,
vai trilhando a mesma estrada,
tendo por cúmplice a lua.
- - - - - –
Nestas trovas nosso aceno,
ao leitor desta revista,
e um ano bem mais sereno,
e muito mais otimista.
- - - - - -
No céu, estrelas e brumas,
alvo luar envolvente.
No mar...reprises de espumas
a embalar sonhos da gente...
- - - - - -
No dia a dia... na lida,
eu sustento a minha fé
na caminhada da vida,
mantenho o ideal de pé.
- - - - - -
Num momento...num segundo...
sob a luz... desse sorriso,
vivo bem longe do mundo,
bem perto do paraíso.
- - - - - -
O delegado Pereira…
Êta Pereira bacana,
- É de pouca brincadeira,
não dá pêra, só da “cana”!…
- - - - - –
O garçom ganha gorjeta,
o político propina.
Nesta terra de mutreta,
só tem ave de rapina.
- - - - - -
O joão-de-barro é um exemplo.
pode não saber gorjear,
Com tão pouco faz um templo,
ao erguer seu próprio lar.
- - - - - –
Olha! A noite é uma criança,
diz o refrão popular -
que sacode e balança
presa às tranças do luar.
- - - - - –
Palhaços de profissão?
Ah, Como é bom, fazem bem.
O triste é ter coração
e ser palhaço de alguém!
- - - - - –
Poeta de sonhos diversos,
vivo momentos tristonhos,
mas, ao escrever meus versos,
entro no mundo dos sonhos.
- - - - - –
Quando cantava o sertão,
nossa Inezita Barroso
encantava o coração
cantando num tom gostoso.
- - - - - -
Quando o amor se tem por lema,
numa trova que se lê,
mais belo fica esse tema,
se a trovadora é você.
- - - - - -
Quando o rei sol estorrica,
tortura, com seu clarão,
mais forte é aquele que fica
e dá valor ao seu chão!
- - - - - –
Quando tão bela, ela passa,
elegante, indiferente,
sua graça é uma desgraça,
tira a paz de muita gente.
- - - - - –
Querendo muito ganhá-la,
vivo para bem-querê-la...
No seu desejo de amá-la
sentindo o prazer de vê-la.
- - - - - -
Reflexo do nosso mundo
meus olhos, de tons instáveis,
guardam amor lá no fundo
de momentos memoráveis.
- - - - - –
República portuguesa,
ao ler a história descubro:
foi grande a tua proeza!
E viva "Cinco de Outubro!”
- - - - - -
Sempre alerta mocidade,
em permanente vigília,
defenda a brasilidade,
ame a Deus, Pátria e Família.
- - - - - –
Sempre feliz, a pulsar,
meu coração é um celeiro,
tem muito amor para doar,
nele cabe o mundo inteiro.
- - - - - –
Servidor da tributária,
bem “Severo”, sem igual,
ergue a saia à secretária,
por ser, de “rendas”, fiscal.
- - - - - –
Sobrevoando terras... mares...
Vinte e três de outubro - França!
Santos Dumont vence os ares
e une povos em aliança.
- - - - - -
Só por descuido é que a Helena
acabou por se casar…
Pois, pensou que Cibalena
fosse a pílula… Que azar!
- - - - - –
Só tem sorte, verdadeira,
o que vence frustrações,
e rompe a própria fronteira
em busca de soluções.
- - - - - –
Sou poeta e trovador,
a inspiração me transporta
às nuvens e, com amor,
nas nuvens minha alma aporta.
- - - - - –
Surpresa está na investida
de cada dobra de esquina,
na caminhada da vida
o destino nos ensina.
- - - - - –
Unindo a seresta ao verso
quero compor na amplidão.
Sou menestrel do universo,
em tardes de solidão.
- - - - - –
Voando entre nuvem...montanha...
sou Poeta e Aviador!
Minha ambição é tamanha,
navego em busca do amor!
- - - - - -
Você, mulher escolhida,
da rosa tem o perfume
e, no palco desta vida,
é minha musa, meu lume.
- - - - - –
Vou plantar, da frente ao fundo,
um belo quintal em flor,
o maior jardim do mundo,
pra perfumar nosso amor.

Fontes:
Revista Santos Arte e Cultura
Cláudio de Cápua. Retalhos de Imprensa. São Paulo: EditorAção, 2020.
http://www.de-capua.com/publicacoes.html (desativado)
Carolina Ramos (coord. e redação) A Trova: Raízes e florescimento - UBT. Santos: 3D Estúdio Editoração Gráfica, 2013.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...