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sexta-feira, 18 de junho de 2021

Zaé Junior (1929 - 2020)

 Ao cumprir o meu dever
de filho, de pai, de irmão,
aprendi que compreender
vale mais que ter razão!
- - - - - -
A ternura que deixaste,
pai, qual herança tão nobre,
deixou-me na alma o contraste
de ser rico... sendo pobre!
- - - - - -
Brilhando ao sol, em cascata,
as águas, fazendo festa,
jorram confetes de prata
no carnaval da floresta!
- - - - - -
Cansado, mas com coragem
de continuar a jornada,
a vida é a minha bagagem,
que vou deixando na estrada!
- - - - - -
Com pena das minhas penas,
tais penas o assum levou,
e apenas penas pequenas
das próprias penas deixou!
- - - - - -
Copiando os astros distantes,
o sereno, em seus desvelos,
pousa estrelas de diamantes
na noite de teus cabelos!
- - - - - -
Depois da chuva inclemente,
levando um pássaro morto,
o ninho, na água corrente,
é nau fantasma e sem porto!
- - - - - -
Depois do amor sem censura,
nossos agrados sutis,
dizem coisas de ternura
que a nossa boca não diz!
- - - - - -
Dividindo, sem paixão,
tudo o que nos pertenceu,
levaste o teu coração,
mas não me deixaste o meu!
- - - - - -
Do teu perfil, na verdade,
só podes ver um pedaço,
pois para a tua vaidade,
o espelho tem pouco espaço!
- - - - - -
Em frente à perfumaria,
enquanto o ônibus espera,
pergunta o cego ao seu guia:
- Já chegou a primavera?
- - - - - -
Em silêncio vejo pura,
disfarçada em teu olhar,
a lágrima de ternura
que não querias chorar!
- - - - - -
E quando o inverno chegar,
saudosos, em seus desvelos,
meus dedos irão esquiar
na neve dos teus cabelos!
- - - - - -
Fiz da vida um labirinto,
do qual, se eu tento escapar,
quanto mais fujo, mais sinto
que estou no mesmo lugar!
- - - - - -
Há quem renove a esperança
e com promessas se iluda...
mas o Ano Novo é mudança,
que em verdade nada muda!
- - - - - -
Herói, que vence o cansaço
da vida em rude batalha,
tem no peito um marca-passo,
sua invisível medalha!
- - - - - -
Lembra? Eu brincava de Rei,
você... de escrava brincava;
do meu sonho hoje acordei,
escravo de minha escrava!
- - - - - -
Manhã... a geada caindo...
Mas se do inverno estou farto,
beijo os teus olhos se abrindo
e é primavera em meu quarto!
- - - - - -
Meu barraco, sem queixume,
fiz com redes de cipós...
mas a vida, com ciúme,
um a um desfez os nós!
- - - - - -
Meu cirquinho no quintal
era um circo de verdade;
na infância, não tinha igual
nem tem igual na saudade!
- - - - - -
Meu pai, a tua bondade,
que nos deu pão na pobreza,
é agora a farta saudade
que se serve em nossa mesa!
- - - - - -
Meu reino é um casebre antigo
onde um sol, sem majestade,
vem, de cócoras comigo,
aquecer minha saudade!
- - - - - -
Na Academia onde moram,
em sussurrante coral,
os imortais também choram
a morte de um imortal!
- - - - - -
Na existência dividida
pela incompreensão da idade,
se não te encontrei em vida,
te encontro, pai, na saudade!
- - - - - -
Na infância a gente brincava,
eu de sol, você de lua...
e o universo começava
e acabava em nossa rua!
- - - - - -
Não me agrada a falsa glória
que o jogo da vida tem,
pois sei que toda vitória
sempre é derrota de alguém!
- - - - - -
Não queiras cobrar com sangue
o mal que te machucou,
pois o mal é um bumerangue
que volta à mão que atirou!
- - - - - -
Na penumbra, sobre a toalha,
vultos que a vela produz
mostram que a sombra não falha,
por menor que seja a luz!
- - - - - -
No meu palco de ilusão,
quando se fecha a cortina,
ao terminar a sessão,
a ilusão nunca termina!
- - - - - -
No princípio, a solidão,
mas tu voltaste... e depois,
não coube em meu coração,
o que restou de nós dois!
- - - - - -
O atalho me leva à ermida,
a ermida me leva a Deus;
e Deus me leva à outra vida,
que a levou dos olhos meus!
- - - - - -
O bonde rangeu nos trilhos,
meu pai desceu, não sei onde...
Seguimos, a mãe e os filhos,
sozinhos no mesmo bonde!
- - - - - -
O chão não é de ninguém
nem do seu "dono", um instante;
do chão os homens só têm
sete palmos... e é o bastante!
- - - - - -
O meu sonho é um passarinho,
que de voar ficou farto
e acabou fazendo o ninho
na janela do meu quarto!
- - - - - -
O poeta mais que o soldado,
se quiser ser vencedor,
terá que amar, ser amado,
e só perder por amor!
- - - - - -
O tempo é como a caverna,
que não tem volta nem fundo,
onde a vida, que é eterna,
dura apenas um segundo!
- - - - - -
Ouço a melodia amena,
que vem do cosmos disperso
e minha alma, tão pequena,
ganha amplidão de universo!
- - - - - -
Plantando a vida se cansa...
e o caboclo, sem espaço,
colhe tão pouca esperança,
que não vale o seu cansaço!
- - - - - -
Quando a saudade é saudade,
saudade que faz penar,
saudade é felicidade
que se foi e quer voltar!
- - - - - -
Quando a seresta termina
sob o lampião do jardim,
a solidão, em surdina,
toca apenas para mim!
- - - - - -
Quem perde o tempo não sabe
que perde a vida também,
pois jamais a vida cabe
no tempo que a gente tem!
- - - - - -
Queres ferir-me gritando,
mas em soluços aflitos,
os teus murmúrios chorando
me ferem mais que teus gritos!
- - - - - -
Sagrado seja esse chão
no qual rezando, o roceiro
planta o próprio coração,
para a fome do ano inteiro!
- - - - - -
Se descobrir é preciso,
mais preciso é navegar;
"Terra à vista"... e um paraíso
floresceu além do mar!
- - - - - -
Sem abrigo, ao vento forte,
sem jardim e sem escolha,
sou frágil trevo sem sorte
à espera da quarta folha!
- - - - - -
Sem família, na orfandade,
aprendi triste lição;
quanto mais dói a saudade,
menos dói a solidão!
- - - - - -
Sem fronteiras, num só laço,
os homens são mais felizes,
pois a Terra, lá do espaço,
não se divide em países!
- - - - - -
Seu regresso foi surpresa,
pois já ninguém o esperava;
nem sentou... tinha outro à mesa,
na cadeira em que sentava!
- - - - - -
Teu olhar azul celeste
só sabia dizer não;
tantos não azuis disseste,
que azul virou poluição!
- - - - - -
Vovó, desfiando o rosário
das peraltices que fez,
foi zerando o calendário,
virou criança outra vez!
 
Fonte:
Alexandre Magno Andrade de Oliveira Reis

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Zelinda Slomp (1931 - 2014)


1
A água move o moinho, 
o moinho mói o grão... 
Do grão moído, fininho, 
sai farinha para o pão. 
2
A energia das mãos dadas, 
numa devota oração, 
sempre abre portas fechadas
e conquista o coração. 
3
A mãe natureza oferta
florestas, a água e o ar. 
Elementos, que na certa, 
precisamos preservar. 
4
À sombra da Catedral
está o velho campanário
chamando todo pessoal
para rezar o rosário... 
5
Cheia de nós pelas costas
e a língua muito ferina, 
tem sempre pronta as respostas 
a irrequieta menina! 
6
De mãos dadas e beijinho, 
arrulhos no roseiral. 
Cenas de amor e carinho
do apaixonado casal. 
7
Diga com toda franqueza:
Oh! Espelho, espelho meu! 
Onde está toda beleza
que a natureza me deu? 
8
Do primeiro namorado, 
guardo sempre na lembrança
um doce beijo roubado... 
Brincadeira de criança... 
9
Eu te exalto, verde e ouro
como exalto o branco e o anil. 
São símbolos do tesouro
que é o nosso imenso Brasil. 
10
Harpas, violinos e banjos, 
em suave melodia, 
embalam cantos de anjos
ao chegar um novo dia. 
11
Homem de boca pintada, 
mulher de basto bigode:
é correr em disparada, 
pois com eles ninguém pode! 
12
Maria Mãe de jesus, 
da catedral padroeira, 
seu exemplo nos conduz
a uma fé mais verdadeira. 
13
Milhões de luzes brilhantes
no universo das estrelas
são como joias distantes, 
só vejo, não posso tê-las! 
14
Não fiques aí na gare
olhando o trem que passou. 
Corra, lute, não pare, 
que a vida o vento levou.
15
Não há no mundo uma herança
mais rica e mais valiosa
do que uma bela lembrança
escrita em verso ou e prosa... 
16
No começo deste dia, 
a minha bela oração:
peço a Jesus e Maria, 
dos males - libertação. 
17
No grande palco da vida
há um cenário iluminado
por uma estrela perdida
que espera a volta do amado. 
18
O enorme brilho da lua
faz aumentar o meu desejo
de tocar tua pele nua
com o calor do meu beijo. 
19
O poder da minha fé
está sempre na oração:
peço a Maria e José, 
ajuda e consolação. 
20
O povo na Catedral, 
numa sublime oração, 
louva o Cordeiro Pascal
com amor e devoção! 
21
Para vidas estressadas, 
existe uma solução, 
se estivermos de mãos dadas, 
"Coração a coração"! 
22
Por lugares bem risonhos
viaja o meu pensamento... 
Vai transformando os meus sonhos 
em ânsias soltas ao vento. 
23
Por um ato de bravura, 
por um ato de grandeza, 
abolindo a escravatura, 
perdeu seu trono a princesa. 
24
Quando fenece o vigor, 
com as águas já passadas, 
restará amizade e amor
caminhando de mãos dadas. 
25
Quem na lisura não medra, 
deve agir devagarinho, 
evitando jogar pedra
no telhado do vizinho. 
26
Quem na vida pede tralhas
não lamente o que perdeu, 
pois as tralhas são migalhas
de tudo o que Deus lhe deu! 
27
Quem tem força, garra e raça, 
e faz tudo com amor, 
vai em frente, enfrenta, abraça... 
Será sempre um vencedor! 
28
Quem na vida tem vontade
de galgar os altos cumes
tenha ao seu lado a bondade, 
e de nada tenha ciúmes. 
29
Saint-Exupéry criou
um príncipe de alma pura
que toda jovem buscou
como fonte de cultura. 
30
Se adormecer o vigor
com as águas já passadas, 
haverá amizade e amor
caminhando nas calçadas. 
31
Se é amor a primeira vista, 
não perca a oportunidade:
vá em frente, não desista, 
abrace a felicidade. 
32
Sejam Maria ou Teresa
a musa do eterno amante, 
é na língua portuguesa
que o verso aflora vibrante. 
33
Somente tendo vontade
não se criam boas trovas. 
É preciso, na verdade, 
buscar sempre ideias novas! 
34
Se perguntar não é ofensa, 
digo então para a comadre:
Tens barriga de nascença? 
Ou é obra do compadre? 
35
Tem um fantasma escondido
nas brumas do meu passado, 
lembrança do amor partido
do primeiro namorado! 
36
Tenho sempre na lembrança
aquele amor que perdi. 
E por simples vingança, 
só sublimei, não vivi. 
37
Toda luz que nos aquece
emana, sempre, de Deus;
nosso Pai jamais esquece
dos amados filhos seus!
38
Todos no palco da vida, 
representam seu papel:
para uns, difícil lida... 
para outros, só favos de mel. 
39
Velho, levante a cabeça! 
Não mire apenas o chão! 
Deixe que o mundo conheça
em seu olhar... a paixão! 
40
Zás-trás! É num só segundo
aciono um simples botão. 
Abro a janela do mundo, 
recebo a Televisão.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Zélia de Nardi


1
A folha levada ao vento
sussurra um canto de amor, 
voando em doce acalento
numa oração ao Senhor. 
2
A humanidade oprimida
procura por um caminho, 
não sentiu no amor guarida
nem em Cristo fez seu ninho. 
3
A mulher num doce alento
revela paz e harmonia. 
Acalenta este momento
nos braços da poesia. 
4
Ao frescor da madrugada
no Senhor sempre medito,
em bela oração calada
acariciando o infinito.
5
A pizza era um presente
para a noiva, com carinho;
o Ofice Boy “impaciente”
comeu toda no caminho.
6
A praia fica tão bela
em noites de lua cheia, 
qual tapete de aquarela
que Deus estende na areia. 
7
Brinquedo também tem alma
porque é sonho de criança, 
nos trejeitos ele acalma
e acalenta uma esperança. 
8
Coloco no altar da vida
meus temores e esperança, 
de sempre ter a guarida
dos meus tempos de criança. 
9
Da árvore eis a esperança
na lei da vida previsto:
o bercinho da criança, 
a manjedoura de Cristo. 
10
De pedra é teu coração
por que ser tão insensível? 
Com prece e meditação
a cura é sempre possível. 
11
Em meu ser a realidade
no corpo a marca insolente, 
a ferir minha vaidade
que o tempo deixa inclemente. 
12
É na audácia persistente
que a mulher tudo realiza, 
ao plantar sempre a semente
para um mundo que eterniza. 
13
Encantada ver a andorinha
voltando ao ninho do amor, 
de leve sempre se aninha
aos "filhos" dando calor. 
14
Esta luz em teu olhar
é uma fonte de perdão;
no teu peito a me afagar
num grande abraço de irmão.
15
Estás no meio da estrada
muito ainda vais viver... 
segues pela madrugada, 
mundo novo irás colher. 
16
Jogar pedras em alguém
é culpa reconhecida... 
Mesmo sendo para o bem
magoa o Senhor da vida. 
17
Meu retorno à mocidade
em pensamento calado, 
lembranças de uma saudade
presente sempre ao meu lado. 
18
Nada me leva a descrença, 
sobre um Deus sempre bendito, 
ao mostrar sua presença
nos recantos do infinito. 
19
Na estrada longa da vida
vou seguindo meu destino; 
Sempre terei a guarida
sob a luz de um ser divino. 
20
Na euforia terna e pura,
em teu ser sempre bendito,
existe o amor e a ternura
acariciando o infinito.
21
Na praia uma leve brisa
em brilhante sintonia, 
com toques de amor suaviza
o som de leve harmonia. 
22
Naquela fonte divina
resplandecente de luz
viu-se n'agua cristalina
bela imagem de Jesus. 
23
Na tênue luz do infinito
Cristo unido à oração, 
ouviu do meu peito um grito
com tua separação. 
24
Neste mundo sem destino
muitas coisas almejamos. 
Mas, somente no Divino
das mágoas nos libertamos. 
25
No espelho do teu olhar
existem mil alvoradas. 
Só nele como num altar
minhas mágoas são guardadas. 
26
No jardim com muitas flores
colibri, voa docemente
com trejeitos multicores
enfeitando o meio ambiente.
27
No retorno de uma viagem
através do firmamento, 
o deslumbre da paisagem
encantou meu pensamento. 
28
No rumo da plenitude
caminho, verdade e luz. 
"Quisera que a juventude
se drogasse de Jesus". 
29
Nos passos do amor sereno, 
agradeço a vida, sim, 
neste mundo tão pequeno
e no amor que não tem fim! 
30
Nos teus braços, na ternura
em teu ser sempre bendito, 
existe o amor e a brandura
acariciando o infinito. 
31
O amor singelo oferece
a vida por um irmão:
em cada pranto - uma prece
e na dor - uma oração. 
32
Ó bela folha de outono
caindo sobre os telhados, 
relembra o meigo abandono
dos beijos dos namorados. 
33
O orvalho beijando as flores
na bela noite indolente, 
são bafejos multicores
perfumando o meio ambiente. 
34
O truque do amor fascina
envolve muito talento; 
só ele que determina
este nobre sentimento. 
35
Pelo amor que é sem medida, 
pela paz no coração, 
graças dou por minha vida
num abraço de união. 
36
Pelos “olhos” da janela
vejo um mundo de esperança; 
e nesta visão tão bela
pelo amor tudo se alcança. 
37
Pensamentos e emoções
fazem parte da memória, 
são retalhos de canções
que alimentam nossa história. 
38
Plantei sementes de vida
nas fibras do coração. 
colho a lágrima sofrida
no infinito da oração. 
39
Preservando a natureza
entre as flores de um jardim; 
cantarei tanta beleza
num louvor que não tem fim. 
40
Preservar o meio ambiente
é dever do cidadão:
seja criança, adolescente... 
cada qual tem seu quinhão. 
41
Pretendo tirar da vida
muito amor, toda emoção,
e mesmo em treva sofrida,
ter laços no coração.
42
Qual uma fonte de luz
que ilumina meu caminho, 
somente ela me conduz
a paz, o amor o carinho. 
43
Quando há luz no teu olhar
sinto uma doce paixão, 
no teu peito a me afagar
num grande abraço de irmão. 
44
Quando no amor a pureza, 
se mostra no coração, 
existe sempre a nobreza
revelada no perdão. 
45
Se as pedras do teu caminho
teus pés irão machucar; 
como aconchego de um ninho
poças erguer um altar. 
46
Se num vôo bem singelo
o ser humano pudesse, 
viver num mundo mais belo
num lindo gesto de prece. 
47
Ser paciente é ter audácia
na arte de conviver:
é preciso perspicácia
ao outro não ofender. 
48
Somente com sentimento
de carinho e emoção
agradeço este momento
no fundo do coração. 
49
Somos apenas humanos;
para a vida, mera aposta...
Entre muitos desenganos
o leitor terá a resposta.
50
Terra sagrada e fagueira
é o Brasil um soberano... 
Na amizade sem fronteira
a elevar o ser humano.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...