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segunda-feira, 6 de março de 2017

Irene Lopes Guimarães


1
A prata dos meus cabelos
é o tributo que ganhei
pelas horas de desvelos
que a meus filhos dediquei.
2
A vida é muito restrita,
sequer se aprende a viver.
Quando a gente se habilita,
já é tempo de morrer.
3
Doutora, artista ou atleta…
Pode a mulher ser a “tal”;
mas ela só se completa
no trabalho maternal.
4
É Natal na terra inteira,
é Natal no meu Brasil!
Cesse a guerra na trincheira!
Cale a boca do fuzil!
5
Estas palavras bonitas
que eu escrevo com fervor,
com fervor por mim são ditas:
Deus, Fé, Brasil, Paz e Amor!
6
Eu encontrei certo dia,
em horas de tempestade,
o meu sonho que morria
nos braços de uma saudade.
7
Já tive muita esperança,
mil sonhos acalentei!
Hoje, vivo da lembrança
desses sonhos que sonhei.
8
Joga o destino comigo
um jogo sem lealdade,
pois não é meu inimigo
e me trata com maldade.
9
Me ceguem, me façam mudo,
me roubem todo o Universo,
me tirem, me roubem tudo
mas não me roubem meu verso!...
10
Meu destino caprichoso,
mas pobre de inspirações,
fez-me um livro volumoso
de velhas desilusões.
11
Mil caminhos percorridos,
mil retalhos já deixei
dos sonhos desvanecidos
nas renúncias que abracei...
12
Minha casinha tão pobre
serve de abrigo a esperanças:
– Dinheiro embora não sobre,
sobram risos de crianças!
13
Na mortalha não há bolso,
nem há cofre no caixão:
– Se você é ambicioso,
contenha sua ambição.
14
Não coleciono por gosto,
nem é por obrigação,
mas somente de desgosto
é que eu faço coleção!
15
Não deves viver a esmo,
procura, pois, viver certo.
– Pior perder-se em si mesmo
que perder-se num deserto.
16
Não há dinheiro que pague
sinceridade e afeição.
E não há tempo que apague
a dor de uma ingratidão.
17
Nascesse o fruto maduro,
fosse doce a água do mar,
mesmo assim eu asseguro:
iria alguém reclamar.
18
No meu jeito de viver,
e no meu modo de agir,
evito sempre dizer
o que não desejo ouvir!...
19
Por uma estrada comprida
um carro segue gemendo...
Triste ironia da vida!
Os bois é que vão sofrendo...
20
Quando a pessoa é vulgar,
deixa logo perceber:
Não faz mais que copiar
o que não consegue ser.
21
Quando gritou “Terra à vista!”
Cabral já havia sonhado
ser o primeiro turista
desse Brasil encantado.
22
"Quem duvida perde a vida"
é um ditado popular.
A vida sempre é perdida
para quem não sabe amar...
23
Quem me dera a liberdade
das folhas soltas ao vento
do coqueiro da saudade
que habita meu pensamento!
24
Se tu não podes ser flor,
não queiras ser um espinho:
segue semeando amor
ao longo do teu caminho.

domingo, 5 de março de 2017

Ieda Lucimar Mastrângelo Corrêa


1
Anunciou: "É um assalto!"
com voz grossa, de machão,
sem tirar o salto alto,
...e aquele gesto de mão!…
2
Contam meus olhos vermelhos
que sofro, à tua passagem...
São teus olhos dois espelhos
que recusam minha imagem!...
3
Dona Cocota, que é "crente",
fica toda enfezadinha
se o seu velho diz, fremente:
- Vem cá, minha "cocotinha"!
4
Do tempo que passa, queixa-se
o velhinho, que é um espeto,
mas ouviu a ordem: "Mexa-se"...
e desmontou o esqueleto!
5
Eu te perdoo, confesso,
pelas recusas constantes:
É com "nãos" que eu sempre meço
a estrada azul dos amantes…
6
Hoje que a vaca Mimosa
'pula a cerca" e "esconde o leite",
o touro, perdendo a prosa,
instaurou um "Chifregate'…
7
Meu peito é casa vazia,
onde a incerteza, covarde,
bane a esperança do dia
achando sempre que é tarde...
8
Nada adianta tua escusa!
Cada não é novo ensejo:
- Vou, de recusa em recusa,
escalando o teu desejo!
9
Na minha sina vadia,
onde do tedio estou farto,
tu regressas cada dia,
entre as sombras do meu quarto.
10
Não meça nunca o tormento
pelo clamor mais pungente:
- Meu bem... o pior lamento
morre no leito... Silente!
11
Não peças perdão agora,
nem me fites de olhar triste:
- Regressa quem foi embora...
Tu, daqui, nunca partiste...
12
Nas nossas vidas amantes
a minha história se lê,
dividida toda em antes
ou em depois de você!
13
Na vida se descortina
o mais sublime mister:
- Num momento... ainda menina,
noutro momento... a mulher!
14
Nesta eterna sinfonia
de amanhãs, o grande mal
é esperar, a cada dia,
o som do acorde final!...
15
No leito de amor tão farto,
mesmo o dia mais cinzento
põe luzes dentro do quarto,
brilhando em cada momento.
16
Nosso amor, tal qual a prece
que a paz emana e irradia,
espalha um ar de quermesse
nas tardes de qualquer dia!
17
O amanhã não tem direito
de truncar nossos caminhos...
como pode o amor perfeito
medrar por entre os espinhos?...
18
O sonho talvez fugisse
da Humanidade descrente,
se um "depois" não existisse
na vida de tanta gente!
19
Outro cigarro... e a fumaça
dançando em meu devaneio,
lembra a mágoa que não passa,
lembra você... que não veio!
20
Palmilhando os descaminhos,
eu me cansei na viagem:
Mendigo de mil carinhos,
mil recusas na bagagem...
21
Teu desdém, naquele adeus,
fez-me este ser que padece,
tão infeliz, que até Deus
recusou a minha prece!
22
Toda mulher se concentre
nesta glória desmedida...
de ter no altar do seu ventre
o amanhã de nova vida!
23
Vida que sempre ensinais,
deusa potente que sois,
fazei que o meu "nunca mais"
tenha o sabor de um "depois"!
24
Volto à casa que é tão tua,
buscando amor em teus braços,
e até as pedras da rua
já reconhecem meus passos!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Izo Goldman



1
A casa toda quebrada,
e o casal diz numa "boa":
- Mas que furacão, que nada,
foi só uma briguinha à-toa!...
2
A grandeza imaginária
que todo vaidoso tem,
é uma estrela solitária
brilhando sobre... ninguém...
3
A Independência eu relembro,
meu Brasil, com muito orgulho:
- sonho em Sete de Setembro,
realidade em Dois de Julho!
4
Ao ser preso, o vigarista,
explica, muito matreiro:
- Sou apenas cientista,
faço "clones" de... dinheiro!
5
A queimada é um jogo insano...
A floresta pega fogo...
E, no fim, o ser humano
é o perdedor deste jogo!
6
A saudade me consome
e as angústias são pesadas,
quando eu murmuro teu nome
e o vento... dá gargalhadas...
7
A saudade não me poupa,
desenhando, fio a fio,
o perfil da tua roupa
no guarda-roupa vazio...
8
A sorte, esquiva e malvada,
não dá “chance”, só trabalho...
Eu a sigo pela estrada,
e ela foge pelo atalho!...
9
A vida pôs, por maldade,
tanta distância entre nós,
que, quando eu canto, é a saudade
que faz a segunda voz…
10
A violência eu detesto,
porque é pelo amor que eu luto,
sem amor o mundo é um “resto”
eternamente de luto!
11
Bate o sino em tom profundo,
lembrando a mulher que um dia
entregou seu Filho ao mundo,
sabendo que O perderia!
12
Cara cheia...Perna bamba,
ele mesmo se conforta,
olha a rua e diz: - "Caramba!"
Nunca vi rua mais torta!...
13
“Cara-metade”, em verdade,
é uma expressão... trapaceira...
- a gente quer a metade
mas tem que “engolir”... inteira…
14
"Casamento... - alguém já disse -
é chegar à encruzilhada
onde acaba a criancice
e começa...a criançada..."
15
Castro Alves, teu valor
está na contradição
do eterno escravo do amor
lutar contra a escravidão.
16
Coitado do Zé Maria:
- a mulher quase o esfola,
pois voltou da... pescaria...
co'um biquíni na sacola...
17
Com seu valor aumentado,
saudade é a restituição
do que já nos foi cobrado
pelos sonhos e a ilusão...
18
Contradição bem marcada,
que teima em nos separar:
- Meu amor toca a alvorada,
e o teu não quer acordar..
19
Coração não tem idade
quando vive de lembrança;
se a lembrança tem saudade,
faz, da saudade, "esperança''!
20
Depois que tu foste embora,
no meu peito, o desencanto
não desabafa nem chora,
não tem voz e não tem pranto...
21
Dois sentimentos moldados
no mesmo barro sem cor:
- é o ódio, pelos pecados,
pelas virtudes, o amor!…
22
É "Carcará" o apelido
do Zé, porque... come... e cisca...
Mas a mulher diz: - "Duvido!
Aqui em casa nem... belisca..."
23
Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco estranho,
talhado em forma de cruz!
24
É no rosto da criança
que o sorriso é mais bonito:
- tem a força da Esperança
e o tamanho do Infinito!
25
É nos momentos tristonhos
que eu peço à minha lembrança
que traga de volta os sonhos,
no aconchego da esperança…
26
Enquanto a guerra inundar
num dilúvio, a Terra inteira,
onde a pomba irá buscar
outro ramo de oliveira?!…
27
Enquanto eu tirava espinhos
das rosas que te ofertava,
deixavas nos meus caminhos
os espinhos que eu tirava...
28
"Esta peixada está quente!"
reclamava o Zé Maria;
e o dono do bar: - "Ó xente,
'se qué', tem pexera fria!”
29
Estás só...Mas, mesmo assim,
como se fora um castigo,
sinto um ciúme sem fim
do "ninguém" que está contigo!
30
És um arbusto florido...
Eu sou o vento que passa,
e, num delírio atrevido,
te despe e depois... te abraça..
31
Eu, na vida, sou barqueiro
dos meus sonhos sem destino:
- sonho bom é o passageiro,
sonho mau é o clandestino.
32
Eu sou príncipe tristonho
porque, na história real,
não há, na escada do sonho,
sapatinhos de cristal!...
33
Ficou rico o Zé Maria
na seca do Juazeiro,
vendendo "fotografia
de chuva"...por "dois cruzeiro"...
34
Foi no Grito do Ipiranga
que o povo outrora servil
sacudiu do jugo a canga
e fez gigante o Brasil!
35
Fui pirata, aventureiro,
no Mar da Felicidade;
hoje, a ferros, sou remeiro
na galera da saudade.
36
Jogam “xadrez” as nações,
e, no “jogo” em que se empenham,
sacrificam os “peões”,
para que os reis se mantenham.
37
Lá na casa da Maria
é muito estranha a porteira ...
Não faz barulho de dia,
bate e range a noite inteira …
38
Marcando suas fronteiras
as bandeiras eram trapos,
e, os trapos eram bandeiras,
na Querência dos Farrapos!
39
Meu conflito e meu fracasso
é que as trovas que componho
têm sempre os versos que eu faço,
e nunca os versos que eu sonho…
40
Na Barra o que mais encanta
é o contraste bem marcado: 
- o Rio, passando, canta,
e o sertão canta parado...
41
Na briga que o meu cabelo,
e a careca estão travando
lamento ter que dizê-lo,
a careca está ganhando...
42
Na cidadania existem
os deveres e os direitos,
e os "direitos" só persistem
se os "deveres" forem feitos!
43
Na imensa feira da vida,
as barracas da ironia:
- a das culpas - concorrida!...
a dos remorsos - vazia...
44
Na jangada a vela panda
parece um ouvido atento,
à espera de prece branda
que há no murmúrio do vento.
45
Na velhice, as incertezas,
para ocupar os espaços,
vão empilhando tristezas
e acumulando cansaços..
46
Nem o Sol pode entender
a estrela que ele namora:
- É “Vésper” no anoitecer,
mas é “D’Alva” à luz da aurora…
47
Nesta "corrida" da vida,
quando o Destino nos solta,
só sabemos na "saída",
que a "corrida"... não tem volta!
48
Neste sesquicentenário,
meu Brasil, sinto presente
teu passado legendário
e o teu futuro ascendente!
49
No seu biquini apertado,
Maria me deixa mudo,
pois nunca vi "tanto nada"
cobrindo, tão pouco ..."tudo"...
50
No viver o que mais cansa
são estas andanças vãs,
correndo atrás da esperança
e perseguindo amanhãs.
51
O pai da moça, que é mau,
Chega em casa e acaba o "baile"...
É que o Zé, "cara de pau",
tava namorando em..."braile"!!!
52
O teu gesto de ternura,
na minha vida sofrida,
foi um copo de água pura
matando a sede da vida! ...
53
 " O trabalho é que enobrece!"
Dizem todos ao Raul.
E ele responde: - "Acontece,
que eu detesto sangue azul!"
54
Partir é quase morrer...
É deixar na despedida
um pouco do próprio ser
e muito da própria vida…
55
Partiste, e eu fiz o que pude,
num brinde à felicidade,
mas, quando eu disse -"saúde!"
ela respondeu... "Saudade..."
56
Peixinho mais mascarado
do que aquele eu nunca vi:
- só belisca anzol marcado,
"minhoca com... pedigre"…
57
Perdoa, amor, o meu jeito
de te olhar quando te vejo,
teu olhar me diz... “Respeito!”,
meu olhar te diz... “Desejo!”...
58
Pergunta o padre ao noivinho:
- "É de espontânea vontade?"
e ele respondeu baixinho:
- "Não senhor...necessidade!...”
59
Poeta do cativeiro,
nos teus versos triunfantes,
eu vejo um "Navio Negreiro",
sobre "Espumas Flutuantes"!
60
Por artes do coração
Castro Alves foi vencido;
lutou contra a escravidão,
sendo escravo de Cupido!
61
Pulando do nono andar,
o otimista diz a alguém
que, no quarto, o vê passar:
- Até agora... tudo bem!!!
62
Quando o silêncio é uma prece,
sob a lua, em noite calma,
no meu bairro até parece
que as velhas ruas, têm alma...
63
Quando os "Dezoito do Forte"
marcharam, cabeça erguida,
não foi por desprezo à morte
e sim por respeito à vida!
64
Quando pergunta o burrinho,
diz a mula envergonhada:
- "Tu nasceste, meu filhinho,
por causa de uma...burrada!..."
65
Queimadas... Devastação...
Natureza poluída...
e os homens, por ambição,
destroem a própria vida!
66
Quem morreu naquela Cruz,
foi o Corpo e nada mais:
- ninguém apaga uma Luz
crucificando ideais!
67
Quem pela força conquista,
não conquista de verdade;
não há força que resista
à força da liberdade!!!
68
Sai do museu, braço dado
com sua sogra, o Sinfrônio:
- e o guarda grita, alarmado:
- "Tão roubando o patrimônio!"
69
Se a gente fosse dar crédito
ao que diz a maioria,
só de "autor de livro inédito"
tinha uns mil na Academia!...
70
Se a saudade embala a rede,
meu amor, de olhar frustrado,
vê, no branco da parede,
teu semblante desenhado…
71
Se a tua ausência magoa,
magoa mais a saudade...
Muitas vezes a garoa
molha mais que a tempestade…
72
Se disseres que, hoje em dia,
vivo no "mundo da lua",
depois de um beijo, eu diria:
- "Vivo sim! E a culpa é tua!...”
73
Sem esquinas ... sem saídas ...
muitas vidas são assim ...
Ruas retas e compridas,
e um grande portão no fim …
74
Se tu queres divulgar
uma notícia qualquer,
basta o fato confiar,
em segredo... a uma mulher…
75
Tem mais nobreza e valor
o triunfo conseguido,
quando, humilde, o vencedor
aperta a mão do vencido!
76
Têm uma força tamanha
as nossas trovas singelas,
que acendem, "Flor da Montanha",
mais cento e cinquenta velas!
77
Teu "Adeus" eu não censuro,
censuro é um erro fatal:
- meu amor não fez "Seguro"
que pague a "perda total"…
78
Todo "barbeiro" sustenta
que a "batida" foi assim:
- "Veio um poste a mais de oitenta,
na contra-mão, contra mim!..."
79
Uma devota a rezar
é o que a rendeira parece,
faz da almofada um altar,
de cada renda, uma prece!
80
Velho Chico, eu te saúdo,
pois vencendo o rude agreste,
fazes, acima de tudo,
a redenção do Nordeste!
81
"Vem aí um furacão!!!",
avisa a rádio, "Cuidado!!!"
e o genro por ...precaução...
põe a sogra...no telhado!!!
82
Vencendo medos e mágoas
foi que o sublime barqueiro
que andava por sobre as águas
trouxe luz ao mundo inteiro.
83
Vendo alguém varrer o chão,
ele deita de comprido,
e, dá logo a explicação:
- "Quero ser...doido varrido..."
84
Virtude é fazer o bem
pelo prazer de fazê-lo,
mesmo sendo para alguém
que não fez por merecê-lo.
85
Zé Pescador não sossega,
mente tanto que dá gosto,
só que os peixes que ele... "pega"
têm carimbo do entreposto.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Ialmar Pio Schneider



1
A brisa sempre é bem-vinda
nestas tardes de calor,
quando apareces tão linda
para preencher meu amor !
2
Acabou-se da memória
o desejo de te amar,
mas ninguém me rouba a glória
de em meus versos te cantar !…
3
Aceita os versos que faço
com verdadeira emoção,
há de ter o seu espaço
dentro do teu coração !
4
A esperança, nesta vida,
é tudo que nos conduz,
pela estrada florescida
de sonhos de amor e luz !…
5
A felicidade é abstrata,
Não a podemos tocar,
É uma forte candidata
De quem vive para amar.
6
Alguém bate à minha porta,
vou ver quem é, num momento;
há muito tempo está morta
minh´alma gêmea… É o vento !
7
Alguma coisa me diz
Que um dia chegarás,
Só assim serei feliz
E quem sabe viva em paz !
8
A mágoa que em mim existe
é fruto de uma saudade
que me transforma num triste
no seio da sociedade.
9
A manchete de jornal
sempre indica uma notícia,
que a imprensa tradicional,
é a melhor arma patrícia.
10
Amiga de muitos anos,
companheira de verdade,
enfrentando os desenganos,
ela se chama: saudade.
11
A mocidade perdida
passou rápida… nem vi;
mas foi o melhor da vida
que passei junto de ti !
12
A noite chegou depressa,
no inverno trouxe o frio;
vem a tristeza e começa
a encher meu mundo vazio.
13
Anoitece lentamente
quando medito sozinho
e me quedo descontente
distante do teu carinho.
14
A noite desceu aos poucos
e no céu surgiu a lua
para os boêmios e loucos
que vagam a esmo na rua.
15
A saudade que me assalta
E punge meu coração,
É da morena que falta
Nesta minha solidão !
16
As plantinhas que cultivo
em meu jardim pequenino,
estão dizendo que vivo
pelo teu amor divino…
17
Assim como a vida é breve
e os meus sonhos passageiros,
hoje meu ser não se atreve
em lances aventureiros…
18
Às vezes me contradigo
sem querer, naturalmente,
pois corro sempre o perigo
de te amar inutilmente.
19
Às vezes na solidão,
Eu sonho com teus carinhos,
Tento te esquecer em vão,
Pois vives em meus caminhos…
20
À tardinha, junto ao cais
no meu porto de Ilusão,
como dói amar demais
a quem não tem coração !
21
Cada paixão que me invade
surge do amor que não tive;
e representa a saudade
de quem neste mundo vive.
22
Caminhemos pela vida,
qual se fôssemos crianças,
e por mais ríspida a lida,
nunca nos falte esperanças !
23
Canta o poeta tristonho
seus versos desesperados,
pois que alimenta no sonho
sóbrios amores frustrados…
24
Certo dia andava triste
Pelas ruas da cidade,
Foi então que tu surgiste
Pra minha felicidade.
25
Como tarda anoitecer
nestes dias de verão,
quanto é difícil viver
mergulhado em solidão.
26
Consegues viver sozinha,
enfrentando a solidão?!
Recorda que “uma andorinha
sozinha não faz verão…”
27
Contemplando a imensidão
do céu azul e do mar,
minh´alma sente a paixão
de viver para te amar !…
28
Coração sentimental,
a bater desesperado,
ontem teve um ideal,
hoje é brinquedo quebrado !
29
Cresce a planta no jardim
por força da natureza;
e cresce dentro de mim
o amor à tua beleza.
30
Cuidado com a ilusão,
romântico trovador,
pois pelo sim, pelo não,
não creias no falso amor !
31
Das flores todas que planto
em meu modesto jardim,
aquela de mais encanto
vem ser você, meu Jasmim!
32
Depois de tantos caminhos
percorridos nesta vida,
meu troféu são teus carinhos
que tenho em contrapartida.
33
De novo o sol vai se pôr
na colina além do rio,
sinto saudades do amor
que me trouxe tanto brio…
34
Desejo fazer somente
o que deveras me apraz,
levando os sonhos em frente,
deixando as mágoas pra trás.
35
De ti não quero mais nada,
apenas lembrança triste,
pois minh´alma apaixonada
ao teu desdém não resiste !
36
Devo te dizer cantando
para que escutes sorrindo
e assim vás acreditando
que eu não esteja fingindo…
37
Eis que chega a primavera,
trazendo-me novo alento,
vivo o “suspense” da espera
de te encontrar num momento…
38
Enquanto passam as horas,
fico pensando em você,
vencido pelas demoras,
qual alguém que não mais crê.
39
Era jovem e vivia
desfrutando a mocidade…
Por que será que hoje em dia,
vivo agora de saudade?!
40
Era menino… e bem cedo
vivia a brincar sozinho;
o meu primeiro brinquedo
foi só… um caminhãozinho…
41
Eras bonita… Eu tão feio…
mas nos queríamos tanto,
que num mesmo devaneio
nos amamos por encanto…
42
Eras tu, mulher querida,
o meu precioso troféu,
quando encontrei-te na vida,
parece que entrei no céu !
43
És a força que eu preciso
para deixar de sofrer.
Oh! querida, toma juízo
e vem comigo viver !
44
Escrevo trovas sentidas
num desabafo de dor:
são as ilusões perdidas
de certo frustrado amor.
45
Esquecer não é somente,
A força pra não lembrar,
É viver bem o presente
Pra não ter que retornar…
46
Esse amor que tu me deste
foi efêmero, fugaz…
Por isto a tristeza investe,
arrebatando-me a paz.
47
Esta chuva me visita,
vem despertando a saudade,
ao lembrar quanto és bonita,
pois és a felicidade !
48
Estas trovas que hoje canto
com vontade de chorar,
vem do triste desencanto
de nunca mais te encontrar.
49
Eu agora não me espanto
e nem me causa pavor,
o terrível desencanto
que sofri por teu amor.
50
Eu fui ficando distante
e vivendo da saudade,
pois desejo, doravante,
somente a sinceridade…
51
Eu fui te ver certo dia
e apenas me confundiste;
ia cheio de alegria
e voltei magoado e triste.
52
Eu fui vivendo meus dias,
procurando te olvidar,
e quantas horas vazias
se arrastavam devagar…
53
Eu já fiz diversas trovas
e tantas quadras também,
sempre estou compondo novas
destinadas ao meu Bem !
54
Eu não sei porque sorris
Quando me vês sem ninguém,
Teus sorrisos são gentis –
Talvez precises de alguém.
55
Eu não sou navegador,
mas enfrento o mar da vida,
por causa do nosso amor
que não teve despedida.
56
Eu não te quero somente
Pela aparência exterior;
Meu querer é mais ardente,
Mais profundo meu amor.
57
Eu nunca fiquei sabendo,
se tinhas um outro alguém
e por isso não compreendo
o teu silêncio também !
58
Eu serei sempre contente,
se algum dia me quiseres,
és a musa mais ardente,
entre todas as mulheres !
59
Eu te amei intensamente,
mas foram momentos vãos,
pois vejo que fui somente
um brinquedo em tuas mãos…
60
Faça chuva, faça sol,
meu amor é permanente;
desde o surgir do arrebol,
até descer o poente.
61
Faço de conta que penso
e me concentro demais;
todavia me convenço
que não me encontro jamais…
62
Faço versos para alguém
que surgiu em minha vida
e agora com seu desdém
me deixou a alma ferida.
63
Fiquei contente ao saber
que realizaste teu sonho,
pois fazes por merecer
um futuro assaz risonho.
64
Fora bom que tu partisses
para nunca mais voltar;
assim talvez conseguisses
que eu pudesse te olvidar…
65
Foste a morena brejeira
que surgiu em meu amor
como o botão da roseira
que agora não dá mais flor.
66
Foste a musa que escolhi,
desfolhando um bem-me-quer,
mas vejo que me iludi,
pois eras falsa, mulher !
67
Fui feliz antigamente,
quando era um pobre menino;
e só vivia o presente,
sem me importar com o destino.
68
Hoje faço quaisquer trovas
para cantar meu amor;
e por serem sempre novas,
eu lhes dou muito valor !
69
Hoje levantei mais tarde,
tinha pouco o que fazer;
mas, amor, você me aguarde,
que nunca a pude esquecer !…
70
Hoje não tenho alegria
por sentir esta saudade
que nasce de quem fazia
a minha felicidade.
71
Imprensa livre, meu povo,
não deixe nunca acabar;
pois consegui-la de novo,
é difícil conquistar !
72
Iremos os dois sozinhos
em meio da multidão,
por diferentes caminhos
que jamais se encontrarão.
73
Já faz tempo, era eu criança,
minha mãe me disse um dia:
– Nunca percas a esperança
pois ela nos alivia !
74
Já fiz trovas de improviso
na distante mocidade,
mas, menestrel sem juízo,
delas só tenho saudade…
75
Já fiz trovas e fiz versos
para a linda namorada,
que depois andam dispersos
no vento da madrugada…
76
Já fui gato abandonado
e vivia ao Deus-dará…
hoje sou gato amarrado
por laços que a vida dá !
77
Já não canto por desgosto
e nem por felicidade,
mas, à tardinha, ao sol-posto,
eu me quedo na saudade…
78
Labutei muito na imprensa,
fui cronista popular,
hoje sei o quanto é tensa,
a notícia divulgar…
79
Lá na praia se encontraram
e viveram na ilusão,
pois apenas se tornaram
namorados de verão.
80
Lobo da Estepe sozinho
ando à procura de alguém,
seguindo pelo caminho
que agora mais me convém.
81
Longe de ti me entristeço
pela falta de carinho
e pago o mais alto preço
nesta vida tão sozinho…
82
Luas cheias e as estrelas
povoam o imaginário,
sonhadores, vinde vê-las,
da noite o lindo cenário !…
83
Luiz Otávio e J. G.,
dois trovadores legais,
criaram para você
os nossos Jogos Florais !
84
Mais um ano se passou
e continua a poesia,
que Quintana dos deixou
para nossa nostalgia…
85
Mergulhado no desejo
de te amar na juventude,
hoje penso de sobejo
que te amei mais do que pude.
86
Mesmo depois de velhinho,
se Deus me der esta graça,
quero sentir o carinho
do amor total que não passa…
87
Meu amor foi o mais louco,
pois nasceu de uma esperança,
que não vingou nem um pouco
e transformou-se em lembrança.
88
Meu amor simples em tudo
não te convenceu bastante,
porque permaneço mudo
ao te ver tão deslumbrante.
89
Meu coração se consterna
olhando a noite estrelada;
no mundo quem me governa
são as carícias da amada.
90
Meu destino é fazer versos
Pra compor as minhas trovas,
Quanto mais sejam diversos
Mais elas hão de ser novas…
91
Meus cantares estão cheios
de paixão e fantasia,
meus queridos devaneios
no Universo da Poesia.
92
Minhas mágoas já são tantas
que não posso descrevê-las;
é como se pelas tantas
fosse contar as estrelas…
93
Na ascensão ou na descida,
tenham fé, queridos filhos;
não se percam pela vida
ao seguirem falsos trilhos !
94
Na breve, efêmera vida,
não saibam, talvez, mas quis,
com a poesia escolhida,
sempre alguém fazer feliz !
95
Nada te digo nem quero
que alguma coisa me digas;
se às vezes me desespero
eu me desfaço em cantigas…
96
Não considero perdida,
aquela ingênua ilusão,
que invadiu a minha vida
num momento de paixão…
97
Não consigo mais te ver
e procuro te encontrar,
para sentir o prazer
de finalmente te amar.
98
Não esperes compreensão
para os poemas que escreves,
é tão longa a ingratidão,
como os momentos são breves.
99
Não estás junto comigo
nestes momentos adversos;
no entanto, pra meu castigo,
vives inteira em meus versos !
100
Não foram horas perdidas
as que passei junto a ti;
são lembranças bem vividas
que nunca mais esqueci…
101
Não há poder que consiga
me demover da vontade,
de tê-la só como amiga
quando me assalta a saudade.
102
Não há renúncia a quem quer
viver feliz nesta vida;
só o amor de uma mulher,
poderá me dar guarida.
103
Não me iludem teus olhares
e nem tampouco teus risos:
são expansões singulares
ou desejos indecisos ?!
104
Não te desprezo, nem quero
o teu desprezo, igualmente;
se o amor não é sincero
procuro esquecer, somente…
105
Não vais chorar, certamente,
ao saberes que te quero
e creias, porém, somente
que tudo… tudo é sincero.
106
Na trova tudo acontece,
que o diga meu coração,
pois amei quem não merece
possuir minha paixão.
107
Na vida dos sonhadores,
existe um sol que fulgura,
para aquecer os amores
que necessitam ternura…
108
Nesta vida surge o amor
Que vem abraçar nós dois;
E no fim do corredor
Vem a saudade depois…
109
No aconchego dos teus braços
busco ternura e carinho,
quando esqueço meus fracassos
e não vivo mais sozinho…
110
No coração de quem ama
sempre haverá um lugar
para alimentar a chama
de uma paixão a queimar.
111
No Dia do Trovador,
escrevo esta simples trova,
para o meu sincero amor
que a minha vida renova…
112
No jardim da minha vida,
quantas flores cultivei;
Mas em cada despedida
muitas delas arranquei…
113
No mundo não há ninguém
mais perfeito que a mulher,
se você souber de alguém,
me conteste, se puder!
114
Nos caminhos da existência,
foram tristes ou risonhos,
os dias de convivência
na imensidão dos meus sonhos…
115
Nunca mais vou projetar
mensagens de amor ardente,
existe um outro lugar
pra quem não gosta da gente.
116
Olhavas triste, indecisa,
no meio da rua, quando
sentes o abraço da brisa
que vai assim te afagando…
117
O amor à primeira vista
visitou meu coração,
mas no instante da conquista
vi que tudo foi em vão.
118
O amor daquele que chora
por ter sido desprezado,
não tem jeito de ir embora,
fica no peito guardado.
119
O calor convida ao mar
aonde o meu desejo vai,
preciso te procurar
quando a tarde aos poucos cai.
120
O menestrel sem juízo
um dia nasceu em mim,
daquele instante, preciso
me comunicar assim…
121
O meu amor tem segredos
que nunca pude externar;
me invadem todos os medos
de a não poder conquistar !
122
Onde habita a majestade
deusa do meu coração?
Ela vive na saudade
dos anos que lá se vão !
123
O pôr-do-sol pede um verso
no fim da tarde que desce,
medito e com Deus converso
nesta trova feita prece.
124
O prazer de amar alguém,
é o mesmo de ser amado;
pois o amor que a gente tem,
deve ser compartilhado.
125
O que me causa tristeza
não é saber que não me amas,
é tão-somente a certeza
que sofres e não reclamas !
126
O respeito é necessário,
faz muito bem, sim senhor;
deve viver num sacrário,
vem a ser irmão do amor !
127
O sol-nascente desperta,
na imensidão do Universo,
o viajor de vida incerta
e o poeta que faz verso.
128
Os poemas que ficaram,
quando ingênuo e sem memória,
na sala em que o assassinaram,
hoje contam sua história.
129
O tempo já nos consome
neste começo de inverno,
nada me lembra teu nome
que risquei do meu caderno…
130
O tempo que tudo apaga
só deixa recordação,
que nem uma viva chaga
sangrando no coração.
131
Outrora fui solitário,
não tinha grande vaidade,
mas, hoje, sou perdulário
de tanto amor e saudade.
132
O vento leva o meu canto
pelos confins do universo;
em vez de chorar, eu canto
através deste meu verso !
133
Outrora fui solitário,
não tinha grande vaidade,
mas, hoje, sou perdulário
de tanto amor e saudade !
134
Para conversar com Deus,
olho os céus e me comovo,
mas lembrando os beijos teus,
retorno à terra de novo !
135
Para escrever estes versos,
procuro ouvir minhas musas;
trazem-me assuntos diversos,
mas não ideias confusas.
136
Para matar o desejo
que sinto com tanto ardor,
quero a delícia de um beijo
dos lábios do meu amor.
137
Para sofrer tanto assim
fora melhor não revê-la;
está tão longe de mim
como se fosse uma estrela.
138
Para te amar me concentro,
esperando chegar a hora;
pois quem não ama por dentro,
não adianta amar por fora.
139
Para tê-la novamente
andei por muitos caminhos
e retornei descontente
sem conseguir seus carinhos…
140
Para viver com carinho
procurei amar alguém;
hoje sinto que sozinho
eu vivia muito bem.
141
Passaram-se tantos dias
que formaram muitos anos,
se colhemos alegrias,
não faltaram desenganos.
142
Pelos caminhos da vida
fui deixando para trás,
como em cada despedida
um sonho que se desfaz.
143
Pelos trilhos da saudade
vai correndo o trem do amor;
e ao lembrar a mocidade,
inda sou um sonhador.
144
Perambulando sozinho
pelas ruas da cidade,
procuro achar o caminho
que leva à felicidade.
145
Perdido em divagações
sento à beira do caminho,
como se as recordações
não me deixassem sozinho.
146
Persegue o lobo que existe
dentro de ti, sonhador,
não sendo alegre nem triste,
fazes só versos de amor…
147
Perto de ti me convenço
que nada posso fazer,
sem empregar o bom senso
para afinal te esquecer.
148
Por mais que tente esquecê-la,
não consigo meu intento,
sempre será qual estrela,
brilhando no firmamento.
149
Por que será que na vida
nós temos contrariedades,
se depois da despedida
vamos lembrar com saudades?!
150
Posso perder-te… que importa
se não queres me aceitar…
Há muito tempo está morta
a vontade de te amar.
151
Proclamas que és minha amiga…
ou foges da realidade ?!
Não te importas que eu te diga
desejar mais que amizade ?!
152
Procurei teu coração
com toda a sinceridade,
mas retorno à solidão
para viver de saudade…
153
Procuro encontrar-te ainda
para saber como vais
e a tarde que agora finda
me responde: “Nunca mais !”
154
Quando a saudade me aperta,
Faço uma trova, somente;
A vida fica deserta
E choro convulsamente…
155
Quando a saudade vier
me visitar, com certeza,
hei de lembrar a mulher
mais linda da natureza !
156
Quando cansado, à tardinha,
meu corpo exausto descansa,
vem a brisa e me acarinha
enchendo-me de esperança…
157
Quando estás à beira-mar,
caminhando sobre a areia,
eu me ponho a meditar
que sejas uma sereia.
158
Quando estas quadras componho,
pensando no meu amor,
a vida parece um sonho,
para eu ser um sonhador.
159
Quando fui apaixonado
por uma estranha mulher,
meu coração era amado
e eu não quis a quem me quer.
160
Quando lembro a mocidade
dos meus verdes madrigais,
sinto que a felicidade
já se foi, pra nunca mais !
161
Quando te vejo e sorris,
não sei que faço, senhora,
para a gente ser feliz
não há dia, nem tem hora!
162
Quando te vejo passar
ao meu lado sorridente,
é difícil renunciar
ao sorriso que não mente…
163
Quantas noites mal dormidas,
Já quase perdendo o juízo,
Ó meu bem, por que duvidas
Que é de ti que eu mais preciso ?
164
Quantas trovas, quantos versos,
me levaram de roldão,
a conhecer universos
existentes na ilusão…
165
Quantos amores têm fim
por falta de persistência,
não concretizando assim
a base da convivência.
166
Quem deseja ser feliz
Deve nutrir a ilusão;
Será sempre um aprendiz
Das coisas do coração.
167
Quem diz que a felicidade
Depende só do dinheiro,
Veja se compra a saudade
Com o ouro do mundo inteiro !
168
Quem fizer a gentileza
de não levar por ofensa,
que me ame até na pobreza
sem esperar recompensa.
169
Quem for amigo de alguém,
precisa ter lealdade;
caso contrário, só tem
traição em vez de amizade…
170
Quem namorou algum dia,
sabe o quanto se requer,
para ter a simpatia
e o coração da mulher.
171
Quem quiser ser trovador,
seja primeiro aprendiz,
mesmo em matéria de amor
se aprende pra ser feliz.
172
Quem tiver devotamento
pra algum amor que vier,
vai viver um bom momento,
sejam homem ou mulher.
173
Queria ter deste mundo
só flores e não espinhos;
mas um triste vagabundo
tem os dois pelos caminhos…
174
Quero o amor que não ilude
e me faz amar alguém,
que tenha paz e virtude
e seja séria e do bem.
175
Quis escrever um soneto,
levando mensagem nova,
mas esbarrei no quarteto,
e então compus esta trova…
176
Recordo a tua beleza
e também o quanto és boa,
me apaixono, com certeza,
e faço versos à-toa !
177
Roubei-lhe um beijo, ao passar
ao meu lado, sorridente;
e lembrando seu olhar,
de noite, dormi contente…
178
São duas jabuticabas,
Teus olhos mirando os meus,
Vou dizer-te, pra que saibas,
Meus tristes olhos são teus.
179
Se amar causa sofrimento;
é preciso suportar…
pois não há pior tormento
do que sofrer sem amar…
180
Se a chuva cai mansamente,
me fazendo meditar,
dá no coração da gente,
louca vontade de amar..
181
Se chorei, também choraste,
naquela tarde vazia,
hoje sou um velho traste,
já sem qualquer serventia.
182
Segue teu rumo que eu sigo
o meu destino também,
se não pude andar contigo
vou procurar outro alguém…
183
Sejam as trovas singelas
como as flores de um jardim,
e assim serão as mais belas
pérolas de um mar sem fim.
184
Seja pobre ou seja rica
a rima é uma canção,
a saudade sempre fica
depois que os versos se vão.
185
Sempre existe na existência
pra nos fazer infeliz,
um amor sem convivência
que a gente esperou e quis.
186
Se pudesses compreender
a paixão que me enlouquece,
nunca mais o teu viver
uma só mágoa tivesse…
187
Ser feliz nesta existência
Talvez apenas consiste
Em demonstrar na aparência
Ser sempre alegre e não triste…
188
Se tens amor e resistes
às ligações perigosas,
teus dias não serão tristes
e viverás entre rosas…
189
Se te querer foi loucura,
eu serei um triste louco,
por te dar tanta fartura
e ter em troca tão pouco.
190
Sócrates assim dizia:
“Eu só sei que nada sei.”
E com tal filosofia
eu também responderei.
191
Sofro por ti, me atormento
a cada instante que passa;
e neste martírio lento
vou vivendo na desgraça…
192
Só não compreende a ventura
de um simples beijo roubado,
uma infeliz criatura
que não foi apaixonado.
193
Sou um simples trovador
que vive cantando ao léu;
e faço apenas do amor
o meu precioso troféu !
194
Tão rápida a vida passa,
nem se chega a perceber,
pois é como uma fumaça
pelo espaço a se perder…
195
Tenho amor e penso nela
toda noite, todo dia,
cada vez está mais bela
no meu céu de fantasia…
196
Tens a beleza estampada
nos olhos, lábios e faces;
a cada nova alvorada
em meu coração renasces.
197
Ter-te comigo sozinha
Numa noite enluarada,
É toda a vontade minha
E nem desejo mais nada.
198
Tinha tudo a meu favor
e não vivia ao relento,
se tu foste meu amor,
passaste assim como o vento…
199
Tinha um sonho benfazejo,
ao raiar da adolescência,
ser um cantor sertanejo
para as prendas da querência.
200
Toda noite durmo e sonho
com os teus olhos brilhantes,
porque teu rosto risonho
nem me deixa por instantes…
201
Trovas de amor e saudade
trazem mil temas diversos,
mas predomina a amizade
nascendo de tantos versos…
202
Tua pele morena clara
Tem um quê de sedutor,
Não sei com que se compara…
Deve ter muito calor.
203
Tudo não passou de um sonho
tão rápido e fugidio;
um pensamento enfadonho
que de nada me serviu.
204
Um casamento perdura
pela amizade e o respeito,
pois quem ama com ternura
só vê amor, não defeito !
205
Vai-se um amor… outro vem…
e assim se passam os dias.
Os nossos sonhos também
são de mágoas e alegrias.
206
Vive de amor, se te apraz,
e nunca percas a calma;
porque a verdadeira paz
só se encontra dentro da alma.
207
Vivemos na contingência
de alimentar a crendice,
que o caminho da existência
vai nos levar à velhice.
208
Vivia fazendo versos,
crendo ser feliz, enfim,
vejo-os agora dispersos
e faço trovas pra mim…
209
Vou reler Mário de Andrade,
os poemas são assim;
falam a realidade:
este, portanto, seu fim.
210
Vou vivendo na incerteza
de assumir o nosso amor;
a renúncia tem tristeza,
da tristeza surge a dor…

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...