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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Talita Batista



1
A humanidade hoje implora
por gente mais altruísta,
que jogue o egoísmo fora
e do amor jamais desista.
2
Chamando a gente de amigo
tem muita gente que o faz,
mas alguns são só perigo,
jogam malícia por trás.
3
Invadiu-me aquela hora,
constrangimento sem fim!...
Seu coração bate agora
só por outra e não por mim!
4
Joga-nos sempre no abismo
tudo que nos desalinha,
droga não é mecanismo
para um bom final de linha!
5
Nosso coração também
só tem um norte certeiro
quando, sábio, ele retém
ser do bem seu hospedeiro.
6
Para fazê-los brilhar
a mãe sacrifica os filhos,
levando-os a saltar
sobre muitos empecilhos.
7
Pela poesia que fiz,
após a sua partida,
vejo que fui bem feliz...
Até sua despedida!
8
Ser do bem seu hospedeiro,
sendo também altruísta
é mais que ganhar dinheiro
só para quem é artista!
9
Surgem da simplicidade
aprendizagens da vida.
Não é com celebridade
que a lição se consolida.
10
Trapaça, meio ilusório,
de alguém chegar à vitória,
pois entra no somatório
dos erros da nossa história.
11
Ururau, que é encantado,
do sino ele é guardião,
no Paraíba abrigado,
virou uma assombração.
12
Vou viver de fantasia,
nesse mundo que hoje é cão,
pois não imaginaria
você me deixar na mão!...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Therezinha Tavares


1
Ao tirar da noite a manta,
a alvorada traz fulgores,
o dia então se levanta
espreguiçando em mil cores.
2
As emoções esquecidas
da minha vida passada,
são as estrelas perdidas
nos sonhos da madrugada.
3
A vovó pede socorro
ao ver um vulto passar.
Eu de susto quase morro...
sinto o vulto me apalpar!
4
De águas passadas de um rio,
das saudades que eu não quis
guardei um álbum vazio
da viagem que eu não fiz.
5
Deixaste meu coração
abandonado, sem voz...
veio o nada... e a imensidão
fez a distância entre nós!
6
Do céu surgiu bela imagem
não sei se rainha ou santa,
mas não passou de miragem,
se desfez, não mais encanta.
7
É esquisita a sua tia,
tem mania bem estranha:
lava os pés numa bacia,
a mesma em que faz lasanha!
8
Foi um caminho perfeito
de poesias e flores...
Acabou-se, está desfeito,
nem há mais fonte de amores!
9
Não desisto da conquista
do teu afeto e carinho,
já deixei exposto à vista
um feitiço em teu caminho.
10
Não te esqueço eis a verdade,
sempre em mim estás presente;
tua ausência é uma saudade
sentida constantemente.
11
Na travessia da vida
fiz jornadas corajosas,
não deixei trilha esquecida,
na passagem deixei rosas.
12
Na tristeza do meu pranto
na beleza e na alegria,
em minha alma, lá num canto,
vive sempre a poesia.
13
Nunca perca um só momento,
não leve a vida vazia,
não maltrate o sentimento...
eis o conselho do dia.
14
O luar, o sol nascente,
riacho... sorriso... flor...
Poesia é simplesmente
o coração com amor!
15
Pelo amor que vive em nós
e o bem que a ti sempre quis,
sempre creio em tua voz
e em tudo que ela me diz!
16
Perco a paz...não a retenho,
tonteio..fico sem norte,
se o equilíbrio não mantenho,
na minha emoção mais forte.
17
Portos abertos ao mundo...
Banco, imprensa, academias...
D.João mudou a fundo
o Brasil daqueles dias.
18
Quando o sol lá no poente
anuncia o entardecer,
procuro o amparo silente,
dou descanso ao meu viver!
19
Quem passa a noite ao relento
e se entrega ao deus dará,
joga a própria vida ao vento
não sabe o fim que terá.
20
Se falas do amor em nós,
não ouço...duvido sim!
Há ciúme em viva voz
gritando dentro de mim.
21
Todo mundo já sabia
dos velhos pecados graves
que certo padre escondia
em segredo a sete chaves.
22
Uma folha ressequida
dentro de um livro guardada,
hoje é resquício sem vida
de amor... poeira de nada.
23
Vem receber meu carinho...
Vem acolher meu afeto...
Ouve este apelo mansinho
que não aceita teu veto.
24
Vê passar o seu vizinho,
e a mulher sente revolta
do suspiro, bem fininho,
que o marido dela solta.
25
Vivendo sem direção
sou pluma no céu, perdida,
seguindo meu coração
ávido... buscando a vida!

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Tobias de Sousa Pinheiro (Brejo/MA, 1926 - 2019, Engenheiro Coelho/SP)

1
A felicidade, em norma
bem acertada, nos diz:
- se és infeliz, te conforma,
que o conformista é feliz.
2
A lembrança é muito boa,
recordar não nos faz mal,
desde os banhos da lagoa
às goiabas do quintal.
3
Aprendi co’um poeta persa
que o silêncio é grande assunto:
quando não quero conversa
não respondo nem pergunto.
4
As coisas não andam pretas
como dizem por aí:
ainda existem borboletas
na blusa da Sueli.
5
Cantor do Brejo que eu canto,
às canções dás o fulgor
que deita em meus olhos, pranto
e em meu coração, amor.
6
Com qualidade total
o Brejo há de ser, Eugênio,
a cidade vertical,
voz do terceiro milênio.
7
Do pensamento não foge
o Brejo nesta distância:
penso nos jovens de hoje,
e nos problemas da infância.
8
Economizo a saudade
e me chamam de avarento;
guardo minha mocidade
no cofre do pensamento.
9
E no cofre da memória
guardei as suas lições:
a base de minha história
é o livro Recordações.
10
Entre cochilos e arrancos
de sonhos e pesadelos,
deito meus cabelos brancos
na noite dos teus cabelos.
11
É o peso de uma saudade
que trago dentro de mim,
os recantos da cidade
e o Bairro do Bandolim.
12
E, se a previsão não erra,
após tão difíceis dias,
vão dizer que o Brejo é a terra
do Eugênio e do Tobias.
.13
Jornalista, não confundo,
tem destino muito ingrato:
vive a promover o mundo
e morre no anonimato.
14
Lá vejo a célula-mater
de uma vida em linha reta,
na firmeza do caráter
para a vitória completa.
15
Lições de vida e de amor,
lições de fé e esperança,
dadas por meu professor,
quando eu era uma criança.
16
Mato Grosso, escuto o som
de teu batuque febril:
– A terra que deu Rondon
nada mais deve ao Brasil!
17
Meu Caro Eugênio de Freitas
glória a teus “Sonhos em Rimas”,
são eles grandes colheitas
nos campos das obras-primas.
18
Morre um ano, nasce um ano,
e vem à nossa lembrança
a morte de um desengano
e a vida de uma esperança.
19
O país vai prosperando,
crescendo e exibindo provas.
São dez milhões trabalhando
e o resto fazendo trovas.
20
O reflexo dos espelhos,
da orientação e do apoio
resplende como conselhos,
é o trigo isento do joio.
21
Padre José Paulo Salles,
minhas palavras tão rudes
buscam entre acerbos males
os alpes de suas virtudes.
22
Quando penso em meu destino,
sempre recordo um pião
a girar, em desatino,
na palma da tua mão.
23
Recordações! Com que brilho
no meu coração enjaulo
lições do preclaro filho
de São Vicente de Paulo.
24
Sonho em ver labor fecundo,
crença, amor, paz e união:
Brejo - um espelho do mundo
e a glória do Maranhão!
25
Vacilo pisando escolhos,
quis prosseguir, mas em vão:
nunca mais terão meus olhos
o espelho que os teus me dão.
26
Vê que arrasto os passos lentos
por onde estes sonhos vão,
com o Brejo dos documentos,
com a terra em meu coração.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Thalma Tavares


1
Ao ver assim, abraçada,
a criançada fraterna,
vejo que abraço é laçada
que nos prende à Paz eterna.
2
Ao ver o farol, querida,
ao teu amor o comparo
porque no mar desta vida
és minha luz, meu amparo.
3
A  sombra da bailarina,
contrastando com a anciã,
lembra o poente que declina
lembrando que foi manhã.
4
Bailarinas transparentes,
as gotas do meu olhar,
dançam tristes, reticentes,
o “pas-de-deux” dos sem par...
5
Bravura é viver sorrindo,
embora seja evidente
que a vida é dor insistindo
em ser mais forte que a gente.
6
Carícia em forma de prece
que no ocaso vou rezando,
o teu beijo é sol que aquece
um outro sol se apagando.
7
Conto os segundos, querida,
que passo longe de ti...
Detesto tanto a partida
que penso que não parti.
8
Coração, nunca te emendas!...
És de fato um sonhador.
Até nas duras contendas
tu vês motivos de amor!
9
Das bofetadas que a vida
me deu sem muita piedade,
tu foste a mais dolorida
e a que mais deixou saudade.
10
Em minha vida sem graça
de sonhador solitário,
a madrugada não passa
de um por-do-sol ao contrário.
11
Em nossas doces lembranças
vejo-me ainda o menino
que ao tocar em tuas tranças
uniu ao teu seu destino.
12
Em silêncio a criatura
mais perto de Deus se faz.
Por isso, cala e procura
encher teu mundo de paz.
13
Enquanto altiva deslizas
sobre meus tristes apelos,
eu, sozinho, invejo as brisas
que afagam os teus cabelos.
14
Enquanto o teu ventre sofre,
menino de muitas fomes,
teu patrão guarda no cofre
o lucro do que não comes.
15
- És meu príncipe! - dizia
vovó com seu jeito doce...
Tão doce que eu me sentia
como se príncipe fosse.
16
Este perdão que me negas
por 'um nada" que te fiz,
é mais um cravo que pregas
na cruz de um peito infeliz.
17
É tão lindo o seu sorriso!...
Seu beijo é tão perfumado,
que aqui vou, perdendo o siso,
cometer mais um pecado.
18
Eu não maldigo a pobreza,
mas tento me levantar.
Quando Deus preside a mesa,
qualquer pão é caviar.
19
Eu ouço o outono falando
na voz das folhas caídas…
E o vento sopra acordando
minhas saudades dormidas.
20
Eu sou pássaro cativo
preso ao amor de meu bem.
Se me libertam não vivo,
não sei amar mais ninguém!
21
Faço troça de alguns travos
quando a vida sabe a fel;
quebro entraves, tiro agravos
pondo trovas no papel.
22
Filmes assim, tão bonitos,
como a “Dama e o Vagabundo”
não têm mais vez, são proscritos
das telas de todo o mundo.
23
Foi Mãe Preta alforriada
pelo afeto do senhor.
De tanto afeto cercada
morreu escrava do amor.
24
Mato as tristezas cantando.
Curti-las não vale a pena.
Cantando vou me livrando
da mágoa que me envenena.
25
Mensagem vívida e terna
que um ardente amor traduz,
o teu olhar é lanterna
que ilumina a própria luz.
26
Meu coração, condenado
só por te amar do meu jeito,
bate triste, engaiolado
na ingratidão do teu peito.
27
Minha rua é uma alegria,
tem crianças, risos, gritos...
E se chama – que ironia!
Alameda dos Aflitos.
28
Na chuva eu também dancei,
mas ganhei puxões de orelhas…
Por isso eu sempre as terei
muito grandes e vermelhas.
29
Não me culpe se a partilha
da sorte lhe foi mesquinha.
Se a sua estrela não brilha,
não tente apagar a minha.
30
Não se mede o bom artista
pelo pouco que mostrou:
Quem me conhece “de vista”
não sabe ao certo quem sou.
31
Na terra do Zé Coronha
o amor parece novela:
- a Zefa namora a Tonha
e o Zé o marido dela.
32
No aceno discreto e mudo
que entre lágrimas fizeste,
teus olhos disseram tudo
do amor que nunca disseste.
33
No eterno circo da vida,
grande proeza é viver
na corda bamba estendida
entre o nascer e o morrer.
34
Numa pétala orvalhada,
uma gota luminosa
é um beijo que a madrugada
deixou na face da rosa.
35
Num constante desafio
ao prazer pecaminoso
eu, vendo as curvas do rio,
vejo o teu corpo em repouso.
36
Ó Lua que estás sozinha
namorando o imenso mar,
tua sorte é igual à minha:
amas quem não vai te amar!
37
O luar branco alumia,
pela fresta da janela,
a face escura e vazia
de minha noite sem ela.
38
O meu coração protesta
contra um adeus sem juízo
que tirou de minha festa
a festa do teu sorriso.
39
Ontem levei-te em meus braços
aos ardores da paixão!…
E hoje levo meus cansaços
à paz do teu coração.
40
O sol pela rocha aberta
parece aviso divino,
indicando a rota certa
ao barqueiro sem destino.
41
O sonho acabou... E embora
eu aceite a realidade,
vivo os encantos de outrora
no agora desta saudade.
42
Os teus olhos peregrinos,
com seus encantos fatais,
são dois poemas divinos,
são demônios celestiais...
43
O teu adeus foi inverno
que fez o sol ir-se embora...
Meu poente fez-se eterno
e eu nunca mais tive aurora.
44
Pequenina, inteligente,
(Luiz Otávio comprova)
a Trova diz tudo à gente
de forma sucinta e nova.
45
Por dar crença ao teu sorriso,
que tantas paixões atiça,
construí um paraíso
sobre areia movediça.
46
Quando a saudade se esconde
pelos confins da cidade,
eu tomo em sonhos um bonde
e vou matar a saudade.
47
Quando estás distante eu penso
e chego a crer que é verdade,
que a solidão fez o lenço
para enxugar a saudade.
48
Que festa! O neto correndo,
fingindo ser um robô,
erguendo os braços, dizendo:
- “Eu vou te pegar, vovô!”...
49
Quem lê vive mais completo,
anda sempre iluminado...
Há mais luzes no alfabeto
que no Céu todo estrelado.
50
Querida, eu tenho ciúme
– não há desdouro em dizê-lo…
Ciúme até do perfume
que perfuma o teu cabelo.
51
Quixote demais propenso
a crer num Bem mais profundo,
eu faço da Trova um lenço
que enxuga os prantos do mundo.
52
Rica e doce Língua minha
feita de arrulhos e brados,
és mãe, fadista e rainha
cuja voz canta meus fados!
53
Saudade sem esperança
é berço sem serventia...
É brinquedo sem criança
na casa triste e vazia.
54
Saudoso, eu olho a enxurrada
sem os barquinhos brincantes
e vejo que a meninada
já não brinca como antes.
55
Se alguma dor te entristece,
Levanta-te, abre as janelas!...
E no fervor de uma prece
deixa Deus entrar por elas.
56
Se o destino desaprova
minha ilusão desmedida,
eu ponho ilusão na trova
e sigo iludindo a vida.
57
Se tenho um amigo ao lado,
sinto menos solidão…
E me acho mais confortado
se este amigo for meu cão.
58
Te dizes tão deserdada
que eu, que do nada venho,
desejo unir o teu nada
ao tudo que já não tenho.
59
Tenho na vida uma meta:
não lembrar mais do que é triste.
Quem lembra o triste, vegeta,
não vive, apenas existe.
60
Tira-me o sono um passado
não distante do presente:
– Eu tomei o “bonde errado”
do teu sorriso inocente.
61
Uma pétala orvalhada,
uma gota luminosa
é um beijo que a madrugada
deixou na face da rosa.
62
Velha gangorra querida,
eu não mudei, sou menino...
No sobe e desce da vida
quem me balança é o destino.
63
Velhice é mal que persiste
se a vida é trilha enfadonha...
É sombra invadindo triste
o espaço de quem não sonha.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...