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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

José Fabiano (Trovas Brincantes)


Ah, mulher, tu me cativas,
mas os teus modos são tais,
que as glândulas que me ativas
são somente as lacrimais…
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Ao lavar meu coração,
verifico, num instante,
que precisa de sabão
e muito mais de "amaciante"...
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Casado com a Rebeca,
o músico Sebastião,
de tanto tocar "rabeca"
acabou no "rabecão"...
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Casou-se com bom partido
de família de renome.
Hoje ela usa, do marido,
tão-somente o sobrenome…
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Com mulher, deves dispor,
para a boa convivência,
além de gramas de amor,
alguns quilos de paciência...
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Com nosso consentimento,
sem-terra invade o que quer.
Por que o mesmo tratamento,
não damos ao sem-mulher.?...
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Como a tristeza me irrita,
quando olvidando que é dama
e que apenas me visita,
vai comigo para a cama!…
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Como lamenta a desgraça!
Sua vaidade anda rota:
toma "litros" de cachaça,
mas sofre apenas de "gota"...
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Depois da "idade do lobo",
ao ver tudo por que passo,
ocorre a "idade do bobo",
que finda "na do palhaço"...
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Dou um boi para jamais
entrar numa briga dessa
e uma boiada dou mais
pra sair dela depressa...
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Eu sinto aquele alvoroço
que se sente na hora H,
se a cozinheira, no almoço,
me diz: - "Habemos" papá...
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Eu tenho me perguntado
qual, enfim, é meu formato;
uns dizem que sou "quadrado",
outros falam que sou "chato"…
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Frequentava, quando jovem,
os bares todos os dias.
Velho - todos se comovem
só frequenta as drogarias...
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"Hálux", que nome pomposo!
Sabes por acaso o que é?
Além de algo luminoso,
é também dedão do pé...
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Muito fácil perceber
o caminho do pecado.
Basta só reconhecer
qual o mais congestionado.
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Mulher fala o "feminês",
língua que utiliza assim:
"não", no lugar do "talvez",
"talvez", no lugar do "sim"...
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Nosso amor -tenho a impressão-,
precisa de um PAC também;
Plano de Aceleração
de Casamento, meu bem...
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O homem sente falta imensa
do ar e da mulher que ele ama.
Há só uma diferença:
o ar atende e não reclama...
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Podem bem ser comparados
num ponto o café e o amor.
Ambos, quando requentados,
perdem o antigo sabor...
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Quando com ela dialogo,
e ela me toca e me alisa,
eu vou perguntando logo:
- De quanto você precisa.?
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"Sê bem-vindo!" Interessante
é ler em supermercado
o que pensa um assaltante
de quem vai ser assaltado…
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Se de "Ana" o diminutivo
é "Aninha", estranho, então,
ao pensar que o aumentativo
deva ser menor: "Anão"…
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Se queres unir-te a alguém,
de início não te recuses
a saber se são também
compatíveis suas cruzes.
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Todo ingrato é aquele ser,
em geral mal-educado,
que não se digna dizer
nem "muito desobrigado"…
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Tudo passa, e eu acho graça,
quando fico a me lembrar
que a passadeira não passa,
sem o ferro de passar...
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Vidas a dois mal vividas
são, de fato, complicadas!
Lembram, às vezes, partidas
que terminam em... patadas...
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Fonte:
Enviado por Assis
José Fabiano & A. A. de Assis. Trovas brincantes. 2007 (livreto)

domingo, 30 de junho de 2019

Ferdinando Fernandes (Portugal)

-
A boa fada da sorte
Te pôs um dia a meu lado;
Dizendo que só a morte,
Faz este amor acabado.

A chorar vivi cantando
Cantando vivo a chorar,
Se eu a cantar vou chorando
A chorar quero cantar…

Alma de corpo franzino
Anjo ridente dos céus,
Sofres já de pequenino
Como sofrera teu Deus.

Andorinha que partiste
Pra terras de mais calor;
Leva minha alma triste,
Que anda à procura de amor.

Ao ver-te bailar contente
Com um filho no braçado,
Eu recordo docemente
Loucuras de ano passado…

Arranjei-te sem saber
Pensando a sorte encontrar;
Hoje mesmo sem te ver,
Fico cheio de te olhar.

A saudade é lenço branco
Que nos chama sem parar,
O sentimento mais franco
Que muito diz sem falar.

A sonhar juntos, Maria
Fizemos o arraial,
E nos folguedos do dia
Fizemos fogueira igual.

Caminhemos mão em mão
Fulcro de amor e alegria;
Só assim no coração,
Há Natal em cada dia!!

Cobrir crianças despidas
Tornar o mundo igual,
Cativar almas perdidas
Seria o meu ideal…

Conta lá os teus segredos
Loucuras… horas a fio;
A água sai dos rochedos,
E vai cantando até ao rio.

Cravos vermelhos à porta
Mangericos na sacada,
Mas se a fogueira está morta
Que vale a cinza apagada.

Criança, anjo sagrado
Sem rua sem lar nem pais,
Serve pro homem malvado
Em seus fins materiais.

De pequeno desconheço
Maldades que a vida tem;
Agora que a conheço,
Vivo nela com desdém.

Deves ouvir meu conselho
Quando te julgas um santo;
Olha-te bem ao espelho,
E depois despe o teu manto.

Dizes ser rico e nobre…
Esquece lá a fantasia,
Pois a fogueira do pobre
Dá mais calor e alegria.

Dizes te julgas perdida
Pra mim tens tanto valor,
Pois quem aquece outra vida
Tem que ter muito calor!

Em cada dia que passa
Mais vergonha tenho eu,
De ser fruto desta massa
Que em mim encarneceu.

É melhor comer o pão
Embora duro que seja,
Que ser na vida ladrão
E deitar fora o que sobeja.

Em quatro linhas ficou
Tantos sonhos e magias;
Que no teu peito moldou,
Aquilo que não sabias…

Esse beijo ainda gritante
Em quatro lábios ficado;
Ainda lembra constante,
As loucuras do passado…

Esta dor que atormenta
Este meu peito em saudade.
É choro que se lamenta
Dos tempos da mocidade…

Eu nascera só pra ti
Na vida que me foi dada!
Fogueira que eu revivi,
Com cinza quase apagada.

Eu vivi triste na vida
Destino que Deus me deu,
Foi de uma alma sentida
Que a alegria nasceu!

Foi nas urzes do caminho
Que eu vira o trevo feliz,
Não o quis, fiquei sozinho
A sorte só eu a fiz…

Fui à fonte para te ver
E quando lá te encontrei,
Depois de tanto beber
Com outra sede fiquei…

Fui primavera ridente
E hoje que não sou nada;
Sou pobre que ri contente,
Na vida que me foi dada.

Hoje estás abandonada
Só por loucuras de amor.
Mas a rosa por cheirada,
Nunca perde o seu valor!

Já basta o que tem por sina
A vida do pobrezinho…
O homem ainda lhe ensina
A ser trapo do caminho!

Lágrima caída no rosto
Dos teus olhos cor do mar;
Lembra a vida em sol posto,
Saudade sempre a chamar…

Mentiras que o outro diz
Não acredites amor;
Pois planta sem raíz,
Não alimenta a flor.

Meu amor de mim tem dó
Sou coração enjeitado…
Por fraca que seja a mó
Dá sempre o milho ralado.

Meu amor olha pra mim
Preciso do teu sorrir,
Como a rosa no jardim
Do sol para florir.

Morena que vais pra fonte
De cantarinha na mão;
Choras tristezas pelo monte,
Das saudades que lá vão.

Nada há que determine
Os traços que a vida tem;
Nem há sol que ilumine,
O negrume do desdém.

Na farsa da ilusão
Tudo anseias com fervor;
Podes comprar a razão
Mas não compras o amor.

Não dês esmola por vaidade
Inda que seja um vintém,
Podes ferir sem maldade
Aquele que nada tem…

Não escrevo para entreter
Mas escrevendo a dor acalma.
Nunca se pode esconder,
Tristezas que vem da alma.

Não me olhes descontente
Pelos meus loucos folguedos;
O rio corre contente,
Sem dar contas aos rochedos.

Não penses que não te amo
Porque te não presenteio,
Pois o amor é um ramo
Que vive no nosso meio.

Não posso gostar de alguém
Só porque gosta de mim.
A primavera não vem
Só porque existe um jardim.

Não procures viver só
Faz do pobre companheiro,
Pois que seria da mó
Se não tivesse o moleiro…

Não te julgues desgraçada
Se a má sorte te persegue;
Existe pior calçada,
Que aquela que agente segue.

Não venhas flores um dia
À minha campa depôr,
Pois tudo foi fantasia
Que me falava de Amor.

Nessa noite de ilusão
A dançar te conheci,
E ao sentir teu coração
Logo fogueira acendi.

Nesta dor feita alegria
Algo de estranho acontece,
Ante meus olhos é dia
Dentro em meu peito anoitece.

No altar desse teu peito
É minha prisão de amor,
É capelinha que enfeito
Com somente uma flor.

No choro do meu olhar
Há risos em gargalhadas;
É a saudade a mostrar,
As saudosas madrugadas.

No mundo vivi sonhando
E a sonhar envelheci,
E a sonhar vou ficando
Pequeno como nasci.

No parlamento da vida
É só mísera ilusão…
Depois da lista escolhida,
Ainda é maior o ladrão!

No parlamento da vida
Todos querem mandar mais…
Pois a seara perdida,
Faz tentar mais os pardais.

No teu regaço dormi…
Como em cama de jasmim
Foi no teu sonho que eu vi,
O quanto gostas de mim!

Nunca odeies meu amigo
Mesmo que tenhas razão;
Pois não é só o mendigo,
Que necessita de pão.

Nunca sonhei ilusões
Riquezas…luxos sem fim;
Pois os mais belos brasões,
São os teus olhos pra mim.

Nunca te esqueço meu bem
Como mais terna donzela.
Primavera vai e vem,
E a rosa espera por ela!

Nunca te julgues vencida
És um anjo aos olhos meus.
Mesmo uma filha perdida,
É sempre filha de Deus.

Ó belo trevo da sorte
Quem foi que te semeou?…
Talvez alma de má porte
E nunca mais te encontrou.

O choro que existe em mim
Nem sempre é feito de dor,
Nem sempre a vida tem fim
Quando acaba um grande amor.

O homem tanto promete
E nunca cumpre o que diz,
E dos erros que comete
Não quer ser ele o juiz.

Olhei pra ti com desejo
E com desejo fiquei;
Pois nesse rosto que vejo,
Está o sonho que sonhei.

Olhei-te de olhos fechados
De olhos abertos fiquei;
Nesses teus lábios rosados,
Ficou o que desejei.

Olho na vida o passante
Meu irmão de cada hora,
Meu companheiro errante
Ferido com a mesma espora.

O manjerico velhinho
Outra vez reverdeceu,
Mas está morto o teu carinho
Esse pra sempre morreu.

Ó meu amor, teu dançar
Tem graça tem alegria,
Pode a roda cheia estar
Mas sem ti está vazia.

O pobre que nada tem
Que na vida não tem norte,
Não dá contas a ninguém
Quando lhe chegar a morte.

O poeta é mensageiro
Na luta pela igualdade…
Luta sempre companheiro
Em abraço de amizade.

Ó rio de água serena
Que vais chorando pro mar;
Ao chorares a tua pena,
Chora também meu penar.

O trevo nasce no prado
Sem ninguém o semear,
A sorte não é mercado
Que se consiga comprar.

Porque nasci afinal…
Neste monturo sem vida,
Só vi choros, só vi mal
Só vi peitos sem guarida.

Por ti chorei, e afinal
Meu pranto nada valeu,
Que importa um amor leal
Se outro amor nunca nasceu.

Possuir a felicidade
É um sonho tão profundo…
Que até penso com saudade
Que não existe no mundo.

Primavera é sempre igual
Todos anos traz flores,
Mas a vida tem final
Leva consigo os amores.

Proibir a mendicidade…
Faz o homem sem pensar,
Mas não proíbe a caridade
Nem a vontade de dar.

Prometes-te e não cumpris-te
Sofre alguém esse teu porte;
O coração que feris-te,
Te pede contas na morte.

Quando eu um dia me for…
Não me chores, minha querida;
Pois quem morre por amor
Fica sempre nesta vida!

Quem me dera ser a lua
Num vaivém sempre a rodar,
Iluminar tua rua…
E no teu quarto espreitar.

Quero levar a saudade
Quando desta vida for…
É sonho da mocidade
Que sempre falou de amor.

Repara bem ao dançares
Que não te calquem os pés,
E se de par tu trocares
Podem te dar pontapés.

Risonhos dias vivi
Na vida que me foi dada,
Mas hoje já tudo esqueci
Desse sonho que foi nada.

Rosa branca que venero
Neste jardim de saudade;
És o amor mais sincero,
Que ficou da mocidade.

Se a desgraça fosse pão
Que a todos fome mata-se,
Eu não teria um irmão
Que na vida mendigasse.

Se a fogueira se apagou
Não te importes meu amor,
Outro fogo começou
Que dá muito mais calor.

Se a lei tudo castiga
Eu não sei porque razão…
Ou tudo é canto ou cantiga
Pra todos comer o pão.

Se algo sofri não sei quanto
E não sei quando nasci…
Pois tudo hoje é só pranto
Da mentira em que vivi.

Se a saudade é letra morta
Não o posso afirmar…
Só sei que me bate à porta
Mesmo sem eu a chamar!

Se a sorte nasce no prado
Sem ninguém a semear;
Triste sina este meu fado
Não consigo encontrar.

Se na vida não fui nada
Nada me deram pra ser,
Nasci de uma vida errada
Culpa teve o meu nascer.

Se o Sol tudo aquece
Só o comparo então;
Ao amor que se merece,
E aquece o coração.

Ser bem pobre e não ter nada
É dom que Deus nos legou;
Quando a vida terminada,
Vai cantar o que chorou.

Sonhando pela vida afora
Saudades feitas por mim…
Mas só me apercebo agora
Que este sonho está no fim.

Sonhei contigo, e a sonhar
Corri distâncias sem fim…
Pois só sei que ao acordar,
Estavas pertinho de mim.

Sou filho que por desgraça
Nada tenho pra comer,
Se ás vezes riu por graça
Sou hipócrita sem querer.

Tempo que passa é saudade
De algo que fica chorando.
São sonhos da mocidade
Que ficam por nós chamando.

Tudo lembro com saudade
Dos tempos que já lá vão,
Mas só vejo a bondade
Distante do coração.

Tu me deste a luz da alma
De um sonho quase acabado;
Hoje te oferto a vida calma,
Que abraçamos lado a lado.

Um português a cantar
Faz de uma trova canção,
Depois do verde provar
Canta por uma Nação.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Trovas de Portugal


Quem na vida o bem pratica
dos outros faz a dif’rença…
Sua alma mais nobre fica
e Deus dá-lhe a recompensa!
Álvaro Manuel Viegas Cavaco
Faro

Olhando as folhas caídas
que o vento arrasta no chão,
fico a pensar nessas vidas
a que ninguém deu a mão.
Ana Rolão Preto
Soalheira

À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra.
Antonio Aleixo
Vila Real de Santo Antonio

Vivemos um tempo duro
em que nada nos convence,
não me indaguem do Futuro,
que o Futuro a Deus pertence.
António José Barradas Barroso
Parede

Aos olhos da minha fronte
vinde os cântaros encher:
Não há, assim, segunda fonte
com duas bicas a correr!
Antonio Pereira Nobre
Porto

Teus olhos, contas escuras,
são duas Ave-Marias
do rosário de amarguras
que eu rezo todos os dias!
Augusto Gil
Lordelo de Ouro

Deus, escuta minha prece,
não me deixes ser assim,
se a tentação acontece,
tem piedade de mim.
Catarina Blasques de Oliveira Barroso
Parede

A Piedade divina
é joia que Deus lá tem
para a dar, adamantina,
a quem na Terra fez bem!
Clarisse Barata Sanches
Góis

Neste mundo em convulsão
dia a dia a denegrir
temo com apreensão
o que será o porvir…
Deodato Pires
Olhão

Um moinho de ilusão
no meu peito se contém,
pois não vivo só de pão,
vivo de sonhos também.
Dimas Lopes de Almeida
Vila Nova de Gaia

Perguntei ao coração
o que o fazia viver:
"Sonhos!... que só morrerão
quando deixar de bater".
Domingos Freire Cardoso
Ilhavo

Coração, não tenhas pressa...
Bate mais devagarinho...
Quem muito corre, tropeça
ou pode errar o caminho.
Eduardo Borges da Cruz
Lisboa

Andar por ínvios caminhos
buscando a Felicidade,
é como colher espinhos
na Rosa da Eternidade.
Elisabete do Amaral
Mangualde

A vida é tão amorosa!...
E tanta verdade encerra:
Dá-nos o espinho... E a rosa,
para perfumar a Terra.
Emilia Peñalba de Almeida Esteves
Porto

Pecador arrependido,
que o seja, mas de verdade,
terá sempre garantido
do bom Deus a piedade!
Fernando Máximo
Avis

As sementes da mentira,
e da calúnia também,
giram num mundo que gira
na lama que o mundo tem.
Ferrer Lopes
Queluz

O porvir já vem traçado
nas linhas da nossa mão,
mas poderá ser moldado
se tivermos ambição.
Gabriel de Sousa
Lisboa

A verdade cheira a rosa
no jardim da liberdade,
mas a mentira piedosa
é uma santa verdade!
Glória Marreiros
Portimão

Busco o dom da piedade
numa alma de eleição;
vivendo a fraternidade
torno o mundo mais irmão!
Isaura R. Martins
São João da Boavista

Ó Terra que eu amo tanto,
oásis nos universos,
és poema, és encanto,
és a musa dos meus versos.
Izidoro Viegas Cavaco
Faro
Numa trova, canto a fama
da História de Portugal,
que guarda um Vasco da Gama
e um Pedro Álvares Cabral.
João Pereira da Silva
Porto

Quando se ouvem os canhões,
no raiar de cada aurora,
numa terra, em convulsões,
há um poeta que chora.
João Tiago Blasques de Oliveira Barroso
Parede

Quem sofreu de amor espera
piedade vinda do céu
que não volte essa quimera
que tanto desgosto deu.
José Faustino
Lisboa

Usa sempre a piedade
com quem se perdeu de "amor".
Qualquer sinal de Amizade,
pra Deus tem muito valor!
Judite Raquel Neves Fernandes
Góis

Noite calma, noite triste,
noite em que o sono não vem;
noite negra, nada existe,
porque é noite de ninguém...
Manuel José Lamas
Remoães

O Futuro e o destino
ninguém o sabe prever,
neste mundo peregrino
onde se aprende a viver.
Maria Aliete Cavaco Penha
Faro

A beleza mais secreta
só o Poeta a descobre,
e quando morre um Poeta
o mundo fica mais pobre!
Maria Amélia Pinto de Carvalho e Almeida
Travanca dos Lagos

Piedade é sentimento
que trago no meu sentido.
Alivia o sofrimento...
E conforta o deprimido.
Maria José Fraqueza
Fuzeta/Algarves

Quero viver o Futuro
com amor no coração,
num mundo bem mais seguro
de Vida, Paz e União!
Maria de Lourdes Graça Cabrita
Olhão

Não me dou por piedade,
nem faço qualquer favor,
a maior felicidade
é tudo dar, por amor.
Olívia Alvarez Miguez Barroso
Parede

Desejamos às crianças
um Futuro promissor!
Concretizando esperanças
plenas de Paz e Amor!
Teresa Rio
Olhão

A seca traz muita fome
enche todos de tristeza,
para gente que mal come
o porvir é uma incerteza.
Victor Manuel Capela Batista
Barreiro

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Dimas Lopes de Almeida (1915 - 1994)

1
A alegria desabrocha
no meio da nossa dor,
como na fenda da rocha
nasce, às vezes, uma flor.
2
A morte é paz e sossego,
nela outra vida começa,
mas se ela é doce aconchego
dou a vez quem tem pressa.
3
Aos músicos serve o som,
aos pintores serve a cor,
para servir o homem bom
existe apenas o amor.
4
A vida é página breve
que Deus em branco nos dá.
A gente é que nela escreve
coisa boa ou coisa má.
5
Com nova tinta e vestido,
uma esposa inteligente
dá, cada dia, ao marido,
uma mulher diferente.
6
Das mãos se juntam as palmas,
mas união não se alcança
se não se juntam as almas
numa perfeita aliança.
7
Desenvolver o turismo
é criar costumes sãos,
dar à vida dinamismo,
fazer os homens irmãos.
8
Disfarçando os seus horrores,
a humanidade iludida
espalha bonitas flores
sobre os abismos das vida.
9
Dizes mal do mundo todo,
mas a vida há que entendê-la:
na fonte onde encontras lodo
há quem descubra uma estrela.
10
Diz ser minha eternamente,
mas, na vida transitória,
mesmo a sua permanente
será sempre provisória.
11
Dos plágios não digas mal,
se és artista consagrado:
Quem fez algo original
foi Adão, e era pecado!
12
D. Pedro, um grande dos nossos,
movido pela afeição,
deu ao Brasil os seus ossos
e ao Porto o seu coração.
13
É feliz quem tem o dom
de sonhar a vida inteira.
Se não acha o mundo bom
faz um à sua maneira.
14
Entre esses padrões de glória
que se ergueram mundo além,
julgo que o maior da História
seja a Torre de Belém!!!
15
Éramos tristes e sós.
Hoje, sou teu, tu és minha:
as almas são como as mós
que unidas fazem farinha.
16
Eu não me quis casar cedo,
que ganhei com essa teima?
Quem das fogueiras tem medo,
depois nas cinzas se queima.
17
Felizes são as crianças
porque vivem cada dia
entre sonhos e esperanças,
no reino da fantasia!
18
Há quem passe pela vida
e nunca chegue a viver:
quanta boca ressequida
passa à fonte, sem a ver!
19
Jamais um fraterno laço
devemos romper à toa,
pois cada irmão é um pedaço
da nossa própria pessoa.
20
Julgas-te velha? Tem calma,
e não vivas deprimida.
Juventude é estado da alma,
não é uma quadra da vida.
21
Mandas-me pelo correio,
tantas saudades, em suma,
que eu até tenho receio
que tu fiques sem nenhuma!
22
Meu Deus, quantas vezes cismo
ao ver uma sepultura!
Cabe o mais profundo abismo
em poucos palmos de altura...
23
Nada minha alma conforta
como ouvir a serenata
que os rios, na noite morta,
entoam com voz de prata!
24
Não cuides só da fachada,
que a aparência não é tudo:
um livro não vale nada
se não tem bom conteúdo.
25
Não estranhes que o Mar largo
seja salgado demais:
é devido ao pranto amargo
que se chora em cada cais.
26
Não me importo de ser cego
à beira de moças belas:
- até gosto, não o nego,
de andar às apalpadelas!...
27
Não queiram subir dum salto
a escadaria da Vida,
pois é sempre em lugar alto
que vemos a Cruz erguida.
28
Não tem valor a riqueza
que os grandes do mundo têm,
quando o pão de sua mesa
sabe às lágrimas de alguém.
29
Natal é tempo bizarro
porque nós todos, no fundo,
somos bonecos de barro
neste Presépio do Mundo.
30
O que sinto não tem nome,
no momento de te ver.
Não sei se lhe chame fome,
se vontade de comer...
31
Perdi o melhor que tinha,
agora o mundo me enjeita:
- Ninguém olha para a vinha
depois da vindima feita.
32
Por que é que não te assemelhas,
humanidade cruel,
às pequeninas abelhas que,
unidas, fazem o mel?
33
Que importa que a casa nossa,
amor, tenha pouco espaço?
Numa pequena palhoça
mais estreito é nosso abraço!
34
Relógio, roubas-me a paz
com tuas doces mentiras,
pois as horas que me dás
são aquelas que me tiras.
35
Se esta vida é uma passagem,
riquezas não valem nada:
quanto mais leve a bagagem,
menos custa a caminhada.
36
Sem a força da união
não há vida nem carinho:
grãos unidos fazem pão,
uvas juntas fazem vinho.
37
Sendo o mar quase infinito
cabe num lenço dos meus,
nesse lenço que eu agito
quando te aceno um adeus.
38
Sofrendo seu mal eterno,
há tanta gente oprimida
que não tem medo do Inferno
pois já tem inferno em vida.
39
Sou fiel à companheira
porque a velhice é cruel:
agora, mesmo que eu queira,
não posso ser infiel!…
40
Um beijo causa dispêndio,
tal como a fogueira ao vento,
pois se esta produz incêndio,
ele produz casamento.
41
Um beijo de amor encerra
a ventura que eu bendigo:
se o sal não beijasse a terra
a terra não dava trigo.
42
Um moinho de ilusão
no meu peito se contém,
pois não vivo só de pão,
vivo de sonhos também.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Elisabete do Amaral Albuquerque Freire Aguiar


1
Andar por ínvios caminhos
buscando a Felicidade
é como colher espinhos
na Rosa da Eternidade.
2
Atritos, perdas, cuidados
que a vida te patenteia
são despojos naufragados
que agora jazem na areia.
3
A vida é feita de nadas,
enganando muita gente
que julgando águas paradas
vai ao sabor da corrente.
4
A vida é uma mesa posta
com diversas iguarias;
se de amargores não gosta,
ponha doçura em seus dias.
5
Batem três horas na torre,
é já tempo de dormir...
mas a noite corre, corre,
e eu fico a vê-la fugir...
6
Boa trova não troveja,
não faz barulho ou ruído:
doce música de igreja
a consolar-nos o ouvido.
7
Com canto combate o pranto
e a treva em que a Terra jaz;
em cada canto e recanto
cante-se a Visão da Paz!
8
Das mil palavras que li,
cada letra foi um beijo
que, alado, voou pra ti,
no sonho de ser arpejo.
9
Desenhar passos incertos,
ao sabor da multidão,
é navegar em desertos
em busca de água ou de pão.
10
É fácil ser um herói
com uma espada e armadura;
mas é quando a alma dói
que se revela a bravura.
11
É na noite tenebrosa,
quando os astros vestem dor,
que uma estrelinha teimosa
persiste em parecer flor.
12
Gente anônima e distante,
que comigo cruza a rua,
é também meu semelhante
na cruz que a vida insinua.
13
Há zeros a mais na conta!
Milionário,tem cuidado.
Na tua conta, desconta
o amor que tu não tens dado.
14
Mais alto que o Céu profundo,
mais vasto que o imenso mar,
é o Amor que envolve o Mundo
e o faz pra Luz caminhar.
15
Meu amor é como um hino
que eu muito bem sei cantar.
nos gorjeios do destino
o poderás escutar.
16
Muita riqueza fugaz
o homem que corre a buscar;
é mais rico se é capaz
de a ver partir sem chorar.
17
Na corda bamba da Vida,
o futuro sempre em vista,
sou criança divertida
brincando de equilibrista.
18
Não adies nunca o Amor
para outro dia ou momento;
pois o vento embala a flor
sem pedir consentimento.
19
Não deixes que um pensamento
fortuito,vil e malsão,
ensombre com seu lamento
a Luz do teu coração.
20
Não quero correr Contigo,
mas a Teu lado correr,
p’ra correr com o perigo
que corre p’ra me vencer.
21
Não te espantes da mudança,
tudo voa e vai no vento;
ou prendes bem a lembrança
ou voa com o pensamento.
22
No meu livro de memórias,
guardo, com todo o recato,
as mil saudosas histórias
que conta o nosso retrato.
  23
Ó linda Mãe-Natureza,
tão pródiga e salutar,
perdoa a cega vileza
do homem, quando te queimar!
24
"Para o alto e sempre em frente"
- mostra o guia da cidade;
sigo o rumo e, de repente...
"Bem-vindo a Felicidade!"
25
Passo a vida passo a passo,
com receio de espantar
com o ruído que faço
a Vida, em mim, a cantar.
26
Pela semente do Amor
que lançaste no meu peito,
faz que eu, vá aonde for,
saiba viver satisfeito.
27
Pinheiros, carvalhos, vinhas,
das cores mais variadas,
são coros de ladainhas
p'rás almas angustiadas.
28
Por muito que a gente mude
e busque amor a seu jeito,
um só salva e nunca ilude:
o de mãe -Amor-perfeito!
29
Porque a vida tem escolhos,
não hesites na jornada;
a rosa tem seus abrolhos
mas deixa a mão perfumada.
30
Por ser estreito o Caminho,
cada qual vai como pode;
mas não empurre o vizinho...
Se cair, ele lhe acode!
31
Quando a mente se alimenta
de daninha nutrição,
corta o joio da tormenta
e semeia um novo pão.
32
Quando chega, quando parte,
do cais que esta vida é,
aceita, pois que faz parte
do bailado da maré.
33
Rumoreja o pinheiral
uma conversa secreta
entre os pios de um pardal
e a doce brisa discreta.
34
Subiu ao topo da vida
nas asas de um furacão;
descuidou-se na descida...
estatelou-se no chão.
35
Um concerto a uma só voz
reverbera em céu e terra,
contra a mágoa e dor atroz
que um peito humilhado encerra.
36
Um coração sempre aberto,
um sorriso sempre à mão,
fazem jorrar no deserto
águas de Paz e Perdão.
37
Vozes de aves nas ramadas,
em harmonia de irmãs,
são como missas cantadas
no silêncio das manhãs.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...