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segunda-feira, 18 de março de 2024

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)


01.
Destrua a melancolia,
pois a vida se renova!
Contra a tristeza, Maria,
beba chazinho de trova!

02.
O plagiário é caricato
que no mundo se repete;
é escritor co'a mão do gato
e pintor que pinta o sete.

03.
Ninguém é tão educado
como o fino do Joaquim;
nas lojas, mesmo calado,
saúda até manequim.

04.
Só de ver a sucuri,
adoentou-se a saracura;
com licor de licuri*
nada sara, nada cura.
= = = = = = = = = 
* licuri = coquinho
= = = = = = = = = 

05.
Diz a crença popular:
Não há coisa que enlouqueça
mais que a boca a relinchar
de uma mula-sem-cabeça!

06.
O pobre incauto eleitor
feliz ficou na procura;
diz que o voto é do doutor
que lhe deu uma dentadura.

07.
O símio, bem natural,
exclama ao réptil, de pé:
"Oh, que boquinha sensual
tem o amigo jacaré!"

08.
- Masculino ou feminino?
Perguntou o frei José;
– “Marculino ou Felisbino
não, não! É Zé que o pai qué"!

09.
No velório do riquinho,
há, no íntimo, festança;
"Choro, sim, por meu padrinho,
(mas que venha logo a herança)".

10.
Aquele gato é baiano,
assim nos diz o Lalau;
ouça o miado do bichano:
"Me-au, me-au, me-au, meau"!

11.
É, na Internet, o namoro
paixão que "dá choque"... e muito;
A cada abraço - um suadouro...
e ao beijar - curto-circuito!

12.
Foi assim que aconteceu
entre meu tio e o Mansur;
– Você, meu filho, é ateu?!
- Não, senhor, eu sou Artur!

13.
Era boa caipirinha
de esquentar qualquer "moringa"*.
- O que de bom é que tinha?
- "Açúcar, limão e pinga".
= = = = = = = = = 
* Moringa: Orelha, ouvido (regionalismo).
= = = = = = = = = 

14..
Depois de muito ovo por,
a angola* aguça a matraca
e, festejando com suor,
canta: "tô fraca, tô fraca"!
= = = = = = = = = 
*Angola: Galinha d'angola.
= = = = = = = = = 

15.
Quanta gente cuja obra
é cheia de desatino!
- Tem no cérebro, de sobra,
o que é próprio do intestino.

16.
O cravo brigou co'a rosa,
a rosa despetalou-se;
chora a rosa escandalosa;
- Minha corola encravou-se!

17.
Gosta muito de "pregar"
a mulher do seu Mané;
repete "né", sem parar...
e, no fim, diz "né, né, né".

18.
Neste Brasil brasileiro,
lê-se coisas de arrepiar;
num comércio está o letreiro:
"Volto já, fui ao mossar".

19.
Quão exímia pensadora
é a coruja que se cala;
é tão nobre esta doutora,
que besteira nunca fala.

20.
Para o torcedor fanático,
jogador profissional
é um exemplo claro e prático
de mercenário ideal.

21.
O velhote tagarela,
sozinho em sua viuvez,
propaga muita balela
de mil feitos que não fez.

22.
Às vezes, nem tudo passa
como nem tudo se pode;
nos dias de grande arruaça
pode dar cabra ou dar bode.

23.
- Sou honesto no meu bar,
nada de interrogatório!
De vocês, só vou cobrar
a bebida e o "conversório"!

24.
Pergunta-se, volta e meia,
para quem pouco estudou;
- “Quem deixou a Lua cheia?"
- “Foi o Sol que a engravidou!”

25.
Aquele curvo nariz
é coisa descomunal;
escorre qual chafariz
e, ao assoar, é um temporal.

26.
- Minha cara, dá-me a mão!
É por ti que vivo e morro!
Dá-me afeto, sim, do cão,
não, porém, de um cão cachorro.

27.
Tal paixão te custou caro,
com a mais cega insistência;
esta "coisa", não tão raro,
leva otário pra falência.

28.
Se em toda Literatura
a obra fosse de algum crítico,
carecia sepultura
pra enterrar livro raquítico.

Fonte> Lairton Trovão de Andrade. Perene alvorecer. 2016. Livro enviado pelo autor.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Araceli Rodrigues Friedrich (Pequenos Versos)


Cara amiga, neste dia,
gentilmente eu ofereço,
com modéstia e alegria,
a pureza do meu verso.
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A dezenove de julho
foi que a Ida Márcia nasceu.
Estava frio... era inverno...
Mas a minha alma aqueceu.
= = = = = = = = = 

Afonso, meu queridinho,
bisneto do coração
veio bem de mansinho
para alegrar-me a visão!
= = = = = = = = = 

Ao ler tanta poesia
enorme emoção me invade
e aumenta em meu coração
o perfume da saudade.
= = = = = = = = = 

A quadrinha é uma prece
que recito com fervor
nela minha alma agradece
as graças do Criador.
= = = = = = = = = 

Das palavras pequeninas
"não" é a que mais força tem.
Tanto leva para o mal
como serve para o bem.
= = = = = = = = = 

De Joinvile, na lembrança,
eu trago uma laranjeira,
grande, onde havia um balanço
e eu brincava a tarde inteira.
= = = = = = = = = 

De manhã quando levanto
logo tomo um bom café,
dando ao corpo mais encanto
com mais firmeza no pé.
= = = = = = = = = 

Do coração, bem no fundo,
tenho uma grande ambição:
- Que desta copa do mundo
o Brasil seja o campeão.
= = = = = = = = = 

Ele fugiu da escola
não quis mesmo aprender
até parece uma bola
no subir e no descer.
= = = = = = = = = 

E meu coração, em prece,
em carinhoso fervor
reverente Te agradece
“Obrigado, Deus de amor!"
= = = = = = = = = 

Em oposição à guerra
e às tristezas que traz
alguém inventou na terra
a suavidade da paz.
= = = = = = = = = 

Eu tenho medo do dia
daquele que vai chegar
ele não traz só alegria
mas, também, muito pesar.
= = = = = = = = = 

Eu tenho uma dor constante,
judia de hora em hora,
ela maltrata bastante
e não pensa em ir embora.
= = = = = = = = = 

Hoje é dia de eleição;
são tantos os candidatos
que meu pobre coração
não distingue os mais sensatos.
= = = = = = = = =

O menino brincou com a bola
a bola rolou e caiu;
O mesmo aconteceu na escola
o estudo rolou. Ninguém viu.
= = = = = = = = = 

Ó nosso Jesus amado,
Senhor, Nosso Deus do Céu
De Ti nos afasta o pecado;
não nos abandone ao léu!
= = = = = = = = = 

O primeiro beijo eu dei
escondidinho e sapeca
foi aquele que apliquei
na minha primeira boneca.
= = = = = = = = = 

Os primeiros versos fiz
quase todos pé quebrado
- foi isto mesmo que eu quis,
eles me lembram o passado.
= = = = = = = = = 

Pela minha honestidade
eu alcancei a vitória
e com discreta vaidade
vou desfrutando esta glória...
= = = = = = = = = 

Quando eu escrevo um versinho
é de alegria que o faço
é verdadeiro caminho
pra te mandar um abraço.
= = = = = = = = = 

Quantas flores há nas serras,
do Estado do Paraná
Eu desconheço outras terras
tendo tanto manacá.
= = = = = = = = = 

Que o trovador tem seu dia
não me disseram. Confesso.
Hoje, é com grande alegria
que lhe dedico este verso.
= = = = = = = = = 

Querida seleção atente
para meu desejo profundo;
- Volte feliz e contente
trazendo a Copa do mundo.
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Recebi hoje a notícia
encantadora! Vejam só:
- Pra mim foi uma delícia;
- "Logo serei bisavó."
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Recebi uma visita
lá da terra do meu pai
foi a minha prima Roly
que veio do Uruguai.

Luiz Hélio Friedrich. Maurício Norberto Friedrich. Família Friedrich em Trovas. Curitiba/PR: Centro de Letras do Paraná, 2018.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Nei Garcez (O Paraná em Trovas)

 
* * * * * * * * * * * *  
Curitiba em Trovas
* * * * * * * * * * * *  


Conheça nossa cidade,
seus shoppings, parques e praças,
e em Santa Felicidade,
6ons vinhos, frangos e massas.
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Venha fazer um passeio
na Curitiba sorriso.
Seus parques, sempre em recreio,
são formas de paraíso.
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Curitiba hoje o convida,
entre o sol, ou com respingos,
conhecer a mais comprida
feira-livre dos domingos.
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Se você é enclausurado
por ouvir só dissabores,
deixe a tristeza de lado...
Venha pra Rua das Flores!
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Quando a vontade é viajar,
acompanhado, ou sozinho,
nunca fique a divagar...
Curitiba é um bom caminho!
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Da Curitiba de dantes
Saint Hilaire* deixou a ideia
de que, aqui, tinha habitantes
com tradição europeia.
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Todas as vinte e oito etnias
que imigraram para cá,
trouxeram intenções sadias
dando vida ao Paraná.
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O Paraná cresceu tanto
com os povos que acolheu
e, hoje, agradece este encanto
que cada etnia lhe deu.
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Curitiba de outrora,
pela cultura formada,
mostra, ao seu jovem de agora,
que continua ilustrada.
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Curitiba, tanta graça,
entre a prosa e a poesia
quanto mais o tempo passa
és, das Letras, a magia!

* * * * * * * * * * * *  
Paranaguá em Trovas
* * * * * * * * * * * *  


Desde o seu descobrimento,
o Brasil Colonial
principiou seu crescimento
a partir do litoral.
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Quem conhece a geografia
e as memórias de onde está,
sabe que aqui principia
a História do Paraná!
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Ao formar-se a povoação,
erigiu-se um santuário
- a Capela - em devoção
à Senhora do Rosário…
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Isto tudo começou
em meio a mil e seiscentos,
quando Lara** anunciou
muito ouro, aos quatro ventos!
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A corrida pelo ouro
descobriu Paranaguá
que, encontrando este tesouro,
desbravou o Paraná!
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A Província e sua História,
desmembrando o Paraná,
principiou, com grande glória,
dentro de Paranaguá!
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* Nascido em Orleans, o botânico, naturalista francês Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire (1779 – 1853) chegou ao Brasil em 1816, acompanhando a missão do Duque de Luxemburgo. Na visita que fez  pela região em 1820, o botânico conta em seu livro aspectos dos Campos Gerais; as vilas e fazendas da região; costumes indígenas e aspectos físicos. Ele começou sua viagem em Itararé e passou por Castro, Curitiba, Paranaguá e Guaratuba, até continuar sua missão por Santa Catarina.

** Gabriel de Lara foi um sertanista paulista, natural de Santana do Parnaíba, no atual estado de São Paulo, e que fundou arraiais e vilas no sul do Brasil, sendo as principais Paranaguá e Curitiba.


Fonte:
Trovas em marcadores de livros enviados pelo trovador.

domingo, 18 de dezembro de 2022

Pedro Melo (Caderno de Trovas)

Magnífico Trovador em Nova Friburgo, 2010 (Líricas/filosóficas) e 2022 (humorismo)
 

A briga passa do ponto,
mas nosso beijo a termina...
O amor, depois de um confronto,
é movido a adrenalina...
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A folha em branco é cruel...
O nada é a sua artimanha...
Ao confrontar o papel,
nem sempre o poeta ganha...!
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Ainda que sejas minha
só nos lençóis do meu sonho,
tu moras em cada linha
das páginas que componho!...
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Altas horas... a alma inquieta...
e, revirando o que sente,
a vigília do poeta
acorda um verso indolente...
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Ao meu lado nesta lida,
os amigos, venho a crer,
são a família que a Vida
me permitiu escolher.
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Chega dezembro… e as pessoas
camuflam seu próprio mal…
Quem dera que fossem boas
não apenas no Natal…
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De que vale o estardalhaço
de quem grita que é cristão,
quando a Bíblia, sob o braço,
não está no coração.
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Em nosso Amor tu te impões...
Eu sou quase teu mascote...
- Mas aceito teus grilhões
e ainda peço o chicote...!
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Em vigília a vida inteira,
me trazendo lenitivo,
a Ilusão é uma enfermeira
que mantém meu sonho vivo...
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Esta saudade tão rude
que faz minha alma deserta
vem desde o tempo em que eu pude
mas não fiz a escolha certa!
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Eu tenho a resposta pronta
e digo que o amor é findo...
Mas o espelho me confronta...
e sabe que estou mentindo...!
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“Eu volto...” Mas acontece
que não voltas... e, cansada,
minha vigília adormece
no colo da madrugada...
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Faz regime... e, por fazê-lo,
se desespera a coitada,
pois sempre tem pesadelo
com rodízios... de salada!…
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Fez a macumba... no entanto,
desesperou-se e sofreu...
- Em vez de “baixar” o santo,
a caxumba é que desceu...
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Há almas cheias de fel,
cujo rancor as emperra:
- Almejam vida do Céu
sem merecer nem a terra...!
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Importando-se comigo
em qualquer ocasião,
Deus é o meu melhor Amigo...
e sempre está de plantão...!
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Meus dias hoje não têm
a luz outrora sentida,
devido à ausência de quem
era a Luz de minha vida!
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Morre a sogra... e o genro, “terno”,
fala com certo cinismo:
“Talvez o calor do inferno
seja bom pra reumatismo...”
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Para esquecer o passado,
tenho um exemplo excelente:
- O rio, mesmo apertado,
só sabe correr... pra frente!
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Passa o tempo... e, enquanto corre
a lembrança vai sumindo...
Mas a saudade não morre:
- Apenas fica dormindo...
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Percorrendo triste rota,
sem quem amou é que sente:
- A Saudade é uma gaivota
planando dentro da gente...
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Pro inferno a sogra desceu
e apavorou a plateia:
O demo até se benzeu
ao ver a cara da “véia”...
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Quanto equívoco...! (Hoje sei...)
Burrada atrás de burrada...
Quantas portas eu tentei
abrir com a chave errada...
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Quero, mas não fujo dela...
que em tudo se faz presente:
— A Saudade é sentinela
em vigília permanente...
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“Quero um homem!” – diz, “acesa”,
a um gatão dentro do trem...
E, para sua surpresa,
ele responde: “Eu também...”
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Quis conquistar teu carinho,
mas tu não quiseste o meu.
- Escolheste outro caminho...
e a solidão me escolheu...
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Se a vida, em seus embaraços,
faz minha vida ser triste,
busco prazer em teus braços...
...e esqueço que a vida existe...!
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Sou peão que, em desatino,
não viu que estava iludido...
Contra o touro do destino,
todo confronto é perdido...!
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Tanto a maldade se eleva
num mundo contrário e horrendo,
que, em confronto com a Treva,
hoje é a luz que está perdendo...
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Tanto a paixão nos deslumbra
e o seu ardor nos seduz,
que, em nosso quarto, a penumbra
é pontilhada de luz...
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Tento esconder como estou,
mas saudade não tem jeito:
- Tua ausência faz um gol
e rasga a rede em meu peito...!

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Sílvia Svereda (Jardim de Trovas) - 1

 

Às vezes, nem é preciso,
ouvir nossa própria voz,
se o teu olhar e o sorriso,
falaram tudo por nós.
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Bela infância…a ingenuidade,
o tempo proporcionou.
Mas perdeu a validade,
quando esse tempo passou.
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Brilha a luz de uma quimera,
ao raiar de um novo dia,
nesta nova primavera,
que já em breve,  principia.
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Consiste em viver e amar,
numa oferenda de amor.
Ser uma estrela a brilhar,
no universo, em seu negror.
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Deus da vida, Te saúdo,
O Teu amor quero ter.
Graças dou Meu Deus, Meu Tudo,
graças pelo meu viver!
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Devolve nossa eloquência,
um livro é boa semente
que tem como consequência,
abrir caminhos da mente.
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Ele ensina aos filhos seus,
que a missão seja cumprida,
na fé e no amor de Deus,
a luta será vencida.
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Eu ouvi: _É só um cão…
Tão grande foi meu espanto,
qual punhal no coração,
sangrando em forma de pranto.
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Ficar presa? Nunca mais,
obstáculos dominei.
Sem temores, sem meus ais,
pois no amor eu me encontrei.
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Já é hora da partida,
eu sinto a ausência de alguém…
Sem adeus, sem despedida,
somente um vulto … ninguém!
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Lágrimas de poeta são,
orvalhos nas madrugadas,
dentro da alma e coração,
em amor são transformadas.
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Na casinha do interior,
era só felicidade .
Nas férias, com meu amor…
Hoje, lembranças, saudade.
= = = = = = = = =

Na lembrança, ainda presente,
maior emoção contida.
Foi quando um pingo de gente,
modificou minha vida.
= = = = = = = = =

No nosso tempo que corre,
poesia é livramento,
pois nossa alma ela socorre,
traz paz a todo momento.
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No tempo, quero voltar,
mas não posso, é impossível.
Agora é só recordar,
um passado inesquecível!
= = = = = = = = =

O amor, assim, de repente,
em qualquer tempo aparece.
Qual a luz da chama ardente,
qual o poder de uma prece.
= = = = = = = = =

Obstáculos… surgirão,
valerá a experiência.
Tenha determinação,
fé, coragem, persistência.
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O pôr do sol no infinito,
qual lindo troféu dourado,
tornando o céu tão bonito,
que sinto Deus ao meu lado.
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O sofrer da minha mente
não tem mágoa ou dissabor.
Vou seguindo sempre em frente,
pois meu lema é  o amor.
= = = = = = = = =

Para o sol iluminar,
nossas janelas abrimos.
E bem cedo demonstrar,
toda a paz que nós sentimos.
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Poeta, refletes na alma,
teu espelho interior,
transformando em paz e calma,
as intempéries do amor.
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Quem ama não escolhe a hora,
há amor a todo momento .
No anoitecer ou na aurora,
o que importa é o sentimento .
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Voar num tapete mágico,
viver o sonho mais lindo …
Um romance ou conto trágico,
o livro é sempre bem-vindo.

Fonte:
Jardim de Trovas

sábado, 17 de julho de 2021

Cônego Benedito Vieira Telles


 1
A esperança também gera
o mal que a saudade tem,
quando a gente vive à espera
do sonho que nunca vem.
2
Amigo, qual tenra planta,
tem de ser bem cultivado.
Se outro valor se levanta,
você pode ser trocado...
3
A neve nos pinheirais,
nestas paragens do Sul,
forma brincos de cristais
na terra da gralha azul.
4
À sua mesa haja o pão,
partilhe-o com quem não tem.
Reparta-o com o irmão,
que não o falte a ninguém.
5
Às vezes, no entardecer,
prateia a lua as ramagens.
Velha árvore a fenecer...
Com ela, as frescas aragens!
6
A trova, menor poesia,
síntese da inspiração.
São sete pés de maestria,
que medram no coração!
7
A trova não envelhece,
assim é toda a poesia.
É perene como a prece,
imortal a cada dia!
8
A vida é dura, renhida,
porém tem muita poesia.
Faço parte da torcida
da esperança a cada dia.
9
Cidade do coração,
tens meio milhão de amores,
tu és a ‘Cidade Canção’,
Maringá, urbe das flores!
10
Coração de mãe é grande,
infinito como o amor.
Sua ternura se expande
como o perfume da flor!
11
Em vez de bombas, canhões,
fome, miséria, orfandade,
que se unam os corações
na paz da fraternidade!
12
Frondosa árvore, bendita,
que antepassados plantaram.
Árvore alegre, bonita,
de ti saudades ficaram!
13
Há festa no céu, na Terra,
foi a maior deste Mundo,
nos mares, rios e serras...
Natal, mistério profundo!
14
O domingo é do Senhor,
dia pascal do cristão.
Vamos ao altar do Amor
enriquecer-nos do irmão.
15
O homem foi feito perfeito,
à semelhança de Deus;
às vezes, fico sem jeito
de não ser igual aos meus.
16
Ontem falara às estrelas,
e sussurros seus ouvia.
Foi difícil entendê-las!...
Novo dia em cantoria.
17
Ouvir e ver as estrelas,
sonhara, enfim, o profeta.
Se Bilac falou com elas,
vale a pena ser poeta!
18
O vento farfalha a copa,
da árvore, folhas e flores,
e a ave o ninho envelopa
para abrigar seus amores.
19
Pode entrar. A casa é sua,
sempre me traz alegria.
Ao sair, esta é a rua...
se puder, volte. Bom dia!
20
Por que não curtir saudade,
que é parte do nosso ser?
– Saudade não tem idade,
fica em nosso entardecer.
21
Pra que possa haver perdão,
estenda a mão o ofensor
ao ofendido – e do irmão
cure a dor com muito amor.
22
Quanto mais a idade avança,
no longo tempo a correr,
eu tenho mais esperança
e mais prazer em viver...
23
Quisera ter coisas novas
escritas, mas tudo em vão.
Só encontrei algumas trovas
no escrínio do coração.
24
Quisera ter tantas vidas
pra levar a Paz e o Bem.
Lancei sementes nas lidas...
agradeço a Deus. Amém!
25
Receba, de coração,
o que posso repartir:
à mesa, um pouco de pão,
e a alegria de sorrir.
26
Rústico curral bovino,
maternidade do Amor.
– No corpo de um Deus-Menino,
nasceu-nos o Salvador.
27
Sai o hábil semeador
e lança a boa semente.
Chamado pelo Senhor,
planta-a na alma da gente.
28
Senhor, neste amanhecer,
louvo a tua criação:
da aurora ao entardecer,
eu te encontro em meu irmão.
29
Sigo minha trajetória
pelos caminhos, cantando.
No coração, trago a história
desde que O segui, sonhando.
30
Traz-me a árvore lembrança
dos verdes anos, agora.
Como foi bom ser criança,
com meus sonhos desde a aurora.
31
Tudo o que é criado passa,
porque tudo é contingente.
Deus sempre, com sua graça,
renova a vida da gente.
32
Uma prece eleve a Deus,
com fé peça hoje a cura
para alguém junto dos seus
e cure essa criatura.
==============================
Cônego Benedito Vieira Telles nasceu no Distrito de Campo Místico, hoje, cidade e comarca de Bueno Brandão/ MG, em 1928. Filho de pais católicos praticantes, Luiz Vieira Telles e Maria da Conceição Telles. Eram doze irmãos. Aos domingos, íam à Missa na Matriz de São Bom Jesus da Pedra Fria, igreja em que foi batizado, crismado, fez Primeira Comunhão. Nesta matriz rezou a Primeira Missa solene, em 1960, em Ação de Graças pelo chamado ao sacerdócio.
 
Em 1945, entrou no Seminário dos padres da Congregação Salesiana, em Lorena – SP. Concluídos os estudos de Filosofia e Teologia no Seminário Maior São José, Rio de Janeiro – DF, foi ordenado sacerdote por dom Jaime Luiz Coelho, em 1960, na primeira catedral de madeira, cujo bispo de Maringá ordenava-lhe o primeiro padre da diocese.

Foi nomeado vigário coadjutor da catedral, Secretário do Bispado, Chanceler da Cúria Diocesana. Implantou pastorais na catedral: catequese paroquial e nas escolas, Obras das Vocações Sacerdotais, cujas vocações floriram. Ia mensalmente às capelas dos distritos de Maringá, zonas rurais, para dar-lhes assistência espiritual. Fundou o Movimento Familiar Cristão e outros. Foi nomeado Cura da Catedral de Maringá. Pároco por quase nove anos. Foi transferido para a paróquia de Inajá. Depois, pároco em Guairaçá, Atalaia, comunidades desta arquidiocese. Exerceu o magistério de Direito na Universidade Estadual de Maringá até a aposentadoria e Unicesumar.

Colaborou na Folha do Norte do Paraná, imprensa diocesana e outras obras, que constam em Livros Tombos das paroquiais que administrou.


Fontes:
Trovas obtidas nos Boletins de Trovas "Trovia", de A. A. de Assis.
Biografia adaptada obtida da Arquidiocese de Maringá, em 2016.
http://arquidiocesedemaringa.org.br/noticias/695/60-anos-da-arquidiocese-de-maringa-conheca-a-historia-do-conego-benedito-vieira-telles

domingo, 13 de junho de 2021

Maurício Norberto Friedrich (1945 - 2020)

 

 A alva bruma que enverdece
os campos das pradarias
me faz dizer velha prece,
no entardecer dos meus dias!

Almejem sempre a vitória,
em todos empreendimentos,
que ficarão na memória,
pelos seus merecimentos.

A lua no céu passeia
num chão coberto de estrela,
deixa o sol, que tanto anseia
louco de amor, para vê-la.

Amar-te, pra mim, foi vício,
doença que não tem cura;
e este foi grande suplício
que me levou à loucura.

Amor é doce tormento!
Amor é vício sem cura!
É o amor um linimento
entre a razão e a loucura!

Amor, palavra tão doce
que nos enche de prazer;
é, às vezes, como se fosse
dor, a nos fazer sofrer!

A nora desesperada,
ao ver a sogra na porta.
lendo a receita trocada,
pôs formicida na torta.

Ansioso, meu coração,
vive, sempre, nesta espera:
de uma nova floração
da dourada primavera.

Ao chegar o meu outono,
sensato, hoje sou bombeiro:
quando jovem, perdi sono
por querer fazer braseiro!

Ao idoso, honra e venera,
a sua sabedoria;
na velhice, que te espera,
terás tu, a primazia...

Ao Novo Tempo a vitória,
neste concurso de paz:
pois, já bem merece a glória
quem pela trova assim faz.

Ao ter fé em Nosso Senhor,
levo a vida em linha reta,
pois, com fé, esperança e amor,
minha vida se completa.

Ao ver a Lua Bailando,
com tanto brilho e esplendor,
eu já me ponho rezando:
- Obrigado, meu Senhor!

Aposentou-se o freguês…
e a pobre esposa reclama
que, banho, é só um por mês,
mas, sem tirar o pijama!

Árido, feito um deserto,
meu coração sofredor
anseia, disto estou certo,
ser fértil com teu amor!

As flores todas são belas,
mesmo as que nascem em abrolhos,
mas, as mais lindas, dentre elas,
são as que vêm nossos olhos.

As folhas mortas que, ao vento,
bailam e caem ao chão,
me evocam, por um momento,
os ventos de uma paixão!

As marcas do teu batom
deixadas no meu cristal,
têm sabor e têm o tom
de um grande amor, no final...

As marcas que a tua ausência,
deixou em meu coração,
são as marcas da pungência
da nossa separação.

As trovas de um trovador
são belas, ricas em rimas
pois são feitas com amor,
verdadeiras obras primas!

A trova que é dita ao vento
tal qual o vento é fugaz;
existe, por um momento...
...e o próprio vento a desfaz!

A vida, às vezes, malvada,
traiçoeira, inconsequente;
nos tira a pessoa amada
e não tem pena da gente.

Bailando sempre a procura
do néctar de belas flores,
o beija-flor, com ternura
não se importa com as cores.

Beber da fonte hipocrátlca
para o médico é um dever,
é a fórmula democrática
da medicina exercer!

Beijando, a brisa, meu rosto,
meiga, me faz relembrar,
com saudade e muito gosto,
o amor que pude lhe dar.

Bela musa, encantadora!
Igual eu nunca vi;
meiga e doce inspiradora;
foste tu que eu escolhi!

Bem-vindos, oh Trovadores,
aos nossos Jogos Florais.
A vós, grandes vencedores,
as láureas dos Pinhais.

Carrego, dentro do peito,
a cicatriz de uma dor
que jamais me dá o direito,
de reaver teu amor!

Casamento - ação esperta!
Isto já está definido,
onde uma parte está certa
e a outra é sempre o marido!

Combater, do fumo o vício
para o médico é um mister:
exaltar seu malefício
como a ética requer!

Combater com veemência
o triste vício do fumo,
sem dó e sem clemência,
pra saúde andar no rumo!

Com grande amor e trabalho,
carinho e dedicação,
do meu amor eu me valho,
pra fisgar teu coração!

Como é bonito o Direito,
quando se julga uma ação
e, ao exercê-lo, perfeito,
sempre o que impera é a razão.

Como pode uma criança,
ser vítima de agressão,
se tem, cheio de esperança,
o inocente coração?

Como são belas as serras
do Estado do Paraná!
Que têm cobertas as terras
das cores do manacá!

Completa felicidade
é, por certo, uma utopia;
pois quem já sentiu saudade,
já sofreu melancolia.

Compondo versos eu sonho,
que trovador, inda, serei
e, nos versos, que componho
no teu nome já pensei!

Contigo sinto que a vida
tem sentido e fulgor,
pois teus carinhos, querida,
dão esteio ao meu amor!

Cuida, ao contar um segredo,
em quem tu vais confiar:
é a liberdade, bem cedo,
que, ao certo, vais entregar...

Curitiba doce encanto
da terra dos pinheirais
é nela que vivo e canto
meu amor e meus ais.

Curitiba! Ó Curitiba!
Onde estão teus pinheirais,
que te davam tanta vida,
e, hoje, não os vejo mais?

Curitiba, Terra amada,
me albergaste o coração;
a minha alma apaixonada
tem por ti grande paixão!

Da cultura és um celeiro,
Curitiba dos Pinhais;
com teu Jeito hospitaleiro
hoje albergas os florais.

Dando fim às duras penas,
nossa princesa c'oa mão,
com dois artigos, apenas,
aboliu a escravidão...

Daquele beijo roubado,
em pausa de tua festa,
sinto o gosto adocicado,
o bom sabor que me resta.

Das felizes madrugadas,
sozinho, curto a saudade...
– Que alegria, nas noitadas,
dos tempos da mocidade!

Das folhas, vendo o cair,
pressinto o chegar do inverno
e o coração, a invadir,
saudade... do lar paterno,

Da singeleza nos vem
mensagem de amor e de paz;
é a mensagem de Belém
que um anjo de Deus nos traz!

De areia, fiz um castelo,
nas dunas, em vastidão,
e o vento, sem ter rasteio,
soprou...pôs tudo no chão.

Decidido e corajoso,
à tua porta eu bati,
foi o susto mais gostoso
que eu já pude dar em ti.

Dentre as coisas que cultivo,
para evitar vida obscura,
o saber é o incentivo
que aumenta minha cultura.

Dentre tantas namoradas,
que já tive em minha vida
e de todas as jornadas,
foste tu a escolhida!

Descrente, sou eu, de tudo...
muito mais sou de sereia
mas, é no verão, contudo,
que vejo tanta na areia!

Desde o dia em que partiste,
triste está meu coraçao:
este pobre não resiste
a dor da separação.

Desta vida, na escalada,
cada degrau tem a altura,
muito bem delimitada
no tamanho da cultura.

Distante de ti, amor,
noites insones, eu passo
fazendo a Deus um clamor:
pra ver-te, um dia, em meu braço!

Do amor, divino expressar,
a encantadora seresta
faz da janela um altar,
de apaixonados, em festa.

Do pai seguiu a carreira,
com amor, dedicação:
Tinha a semente certeira
plantada em seu coração!

Do sol em raios envolta
vi-te passar tão ditosa,
com puros gestos, tão solta,
tendo a beleza da rosa.

Dos corações, sempre em festa,
o amor, divino expressar...
faz com que cada seresta
torne a janela um altar!

Dos teus carinhos, distante,
na insônia de cada noite,
fico a pensar, num instante,
esta distância é um açoite.

É indizível a tristeza,
dum sabiá na gaiola;
cabisbaixo e sem beleza
nem à amada, cantarola!

É Natal! Que cante o sino
para ao mundo anunciar
a vinda do Deus Menino
que hoje veio nos salvar!

É nobre de coração,
o médico pediatra:
dá amor, carinho e afeição,
à toda criança que trata!

É tão atroz a distância
a nos separar, amor,
que só a saudade, em constância
ameniza a minha dor.

É tão linda esta menina!
Linda? Parece boneca...
Mas, se namora na esquina,
logo vira uma sapeca.

É uma escultura, bem-feita,
de uma costela qualquer:
criada por Deus, perfeita,
que lhe deu nome...: mulher!

É verdadeira a amizade,
quando nunca se destrói,
com tempo vira irmandade
e faz do amigo um herói!

Hoje sou um moribundo
nas cinzas do teu amor
e não vejo, neste mundo,
remédio para esta dor!

Insone, em noites frias
e em permanente vigília
de mamãe com as ave-marias
recomendava a família.

Irradiantes de alegria!
façamos trovas de amor,
para louvar, no seu dia,
o poeta Trovador!

Já inventaram um remédio,
de um certo tom azulado,
que tira moço do tédio
e deixa velho… assanhado!

Já no ocaso desta vida,
com tanta conta a ajustar,
peço a Deus, seja abatida
a despesa.. por te amar!

Lembranças da mocidade
são um espelho em que a gente
só vê, com tanta saudade,
o passado... no presente!

Lembro de ti, com saudade,
nos tempos que longe vão;
tu eras felicidade,
dentro do meu coração!

Lindos traços, no teu rosto,
que harmonizam a beleza,
me fazem exclamar com gosto:
-Tu és, sim, minha princesa!

Meu amor da mocidade
foi efêmera ilusão:
dele só resta a saudade,
nas cinzas de uma paixão.

Meu coração é um deserto
por falta do teu amor,
se me ofertares, por certo,
virará, um jardim de flor!

Minha herança não tem ouro,
um conselho é o meu legado:
– Meu filho, mais que um tesouro,
vale um homem muito honrado!

Minha paixão foi loucura
por amar-te tanto assim;
hoje estou nesta tortura:
- Por que tu foges de mim?

Pobre é a nação sem cultura,
sem heróis e sem memória,
cujo povo não procura
resgatar a sua história!

Poesia, versos de amor
nascidos no coração;
versos em que o rimador
exprime a sua paixão.

Poeta! Sou trovador!
Que todos possam saber:
faço trovas por amor,
faço trovas por prazer.

Regressaste!.... Que alegria!
E a saudade se desfez!
Hoje minha alma irradia
felicidade outra vez!

Restou tão grande a distância,
que nos separa no amor,
que já não dou importância,
se minha vida se for.

Saibam todos que o trabalho,
ao bom homem enobrece,
mas, quem não pega no malho,
seu espírito empobrece!

Salve, ó verão de mil cores,
ao despertar o manacá
que cobre, todas, de flores
as serras do Paraná!

São Francisco, nas veredas,
feito um pobre vagabundo,
despido de suas sedas,
encheu, de amor, este mundo!

Saudade... dor da lembrança
de alguém que distante está;
é o sentir de uma esperança
de que esse alguém voltará!

Saudade é uma dor silente
que nos ataca e vem mansinha;
entra no coração da gente,
toma posse e ali se aninha!

Saudade, saudade e meia,
é o que sinto de você;
meu coração serpenteia,
- só você é que não vê!

Saudade! Triste amargor!
Dolorosa e tão pungente,
a nos causar tanta dor;
só a entende quem a sente!

Se encontro, ao voltar pra casa,
as tuas mãos carinhosas,
o meu amor já se abrasa,
com teu perfume de rosas.

Segue, meu filho, na estrada,
os trilhos da retidão:
sê firme em cada pisada
que as honras te seguirão!

Sigo, na vida, o caminho
penoso, porém, correto,
que aprendi, desde meu ninho,
com meu pai severo e reto.

Sim, nas cores do arrebol,
Deus, o mais perfeito esteta,
sob a luz do pôr do sol,
dá inspiração ao poeta..

Singrando mares incertos,
marujo, audaz, varonil
achou montes, recobertos
com flores: Eis o Brasil.

Sinta o perfume das flores
nas serras do Paraná,
tem árvores de mil cores:
– primaveras ou manacá.

Teu charme, encanto e beleza
dão aos poetas um tema,
ó encantada Fortaleza,
linda Terra de Iracema!

Teu conselho, pai querido,
de retidão e de amor,
faz-me, hoje, já envelhecido,
mais entender seu valor!

Teve um infarto, na cama,
a noiva, que é tão frajola,
ao ver que, em vez do pijama,
o noivo pôs camisola!

Tico-Tico seresteiro
que vives, sempre, a cantar,
põe teu ninho em meu terreiro;
vem comigo avizinhar!

Vai, meu filho! Não tropeces
nas pedras do teu caminho:
a Deus, faze tuas preces
e não seguirás sozinho!

Vejo uma gota de orvalho
pairando sobre uma rosa:
de Deus, é mais um trabalho
para tomá-la formosa.

Vendo-a sentada no ninho
ditosa mamãe beija-flor,
vejo que há muito carinho
neste seu gesto de amor.

Vi beleza… colhi flores
nesta vida, em seus caminhos,
mas às vezes senti dores
causados por seus espinhos!


Fonte:
Luiz Hélio Friedrich. Maurício Norberto Friedrich. Família Friedrich em Trovas. Curitiba/PR: Centro de Letras do Paraná, 2018.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Leonilda Yvonetti Spina (PR)


Acredito piamente
que o destino Deus nos traça,
já que generosamente
soprou-nos da vida a graça.

A garota muito esperta
conquistou o seu patrão
e agora quer ver se acerta
a senha do seu cartão.

Ajudar o semelhante
sem pensar em si primeiro
é atitude edificante:
- Revela amor verdadeiro!

Amar na maturidade
faz da vida uma canção,
pois o afeto, na verdade,
refloresce o coração.

A muralha de Belém
tombada e reconstruída
vem simbolizar também
a ressurreição e a vida!

Antes, a família à mesa,
em sagrada comunhão.
Hoje, silêncio e frieza,
por conta da evolução.

Ao enterrar o pinhão
com o bico, a gralha-azul
vai repovoando o chão
dos verdes pinhais do sul.

Aquele que menos tem
ajuda mais que o abastado.
É a caridade de quem
sabe o que é ser rejeitado.

Baixa o nível da represa.
Fica a terra ressequida.
Corre risco a natureza,
pois água é fonte de vida!

Com fé e calor de abraços,
partilhando o amor e o pão,
a família estreita os laços
em perfeita comunhão.

Comunhão - ato sagrado,
que conforta o coração.
Corpo de Deus transformado
através do vinho e pão.

Contempla com alegria
cada novo amanhecer
e agradece a cada dia
a dádiva de viver.

Cuidemos bem da floresta,
da fauna, pássaros, flores.
A natureza é uma festa,
cheia de encanto e primores.

Desfrute o Outono da vida,
feliz, em cada estação,
conservando a alma florida,
quer seja Inverno ou Verão!

Despertando a fantasia
no espírito da criança,
o livro traz alegria,
semeia sonho e esperança.

Deus é a divina vertente
de luz e conhecimento.
Ele está sempre presente
em nosso discernimento.

Deus pregou paz, altruísmo,
tolerância e caridade,
mas o ódio e o terrorismo
arrasam a humanidade.

Eis os dons que só na idade
madura, por fim, se alcança:
prudência, serenidade,
equilíbrio e temperança!

Entre outonos bem vividos
não teremos solidão,
se mantivermos floridos
os sonhos no coração.

É o amor divina graça
que conforta o coração,
mas a paixão breve passa
como chuva de verão.

Já no Inverno da existência,
quem traz Deus no coração
desfruta da vida a essência
e não teme a solidão.

Lembrando a felicidade
que desfrutei com meus pais,
a dor de imensa saudade
arranca-me tristes ais.

Meninos, de braços dados,
não pensam em raça ou cor,
pois são todos irmanados
pelas correntes do amor.

Muitos sonhos se arrefecem
no Inverno do coração.
Aos poucos, porém, se aquecem
para a nova floração.

No alto da cruz, o Senhor,
em dolorosa aflição,
aos algozes, sem rancor,
ofereceu seu perdão.

Nos reveses desta vida,
o otimista não se ilude.
Busca sempre uma saída,
com ousadia e atitude. 

Nossa vida é uma passagem.
Nessa longa travessia
é preciso ter coragem
e muita sabedoria.

O amor é a seiva sagrada,
que o coração fortalece.
A pessoa que é amada
e ama, rejuvenesce.

O amor é cumplicidade,
respeito e compreensão.
Quem sabe amar de verdade
tem aberto o coração.

O calor de teu carinho,
de teus beijos, meu amor,
embriagam-me qual vinho
de raríssimo sabor.

O livro é silente amigo,
que nos fala ao coração
e nos oferece abrigo
nas horas de solidão.

O médico, meus senhores,
é sacerdote em missão.
Salva vidas, cura dores
- Bendita essa profissão!

Pregar a boa vontade
e o entendimento entre os povos
é levar a humanidade
a descobrir rumos novos.

Pressinto sempre ao meu lado
a presença do Senhor,
quando um conselho é ditado
por minha voz interior.

Primavera, quem me dera,
que como renasce a flor,
depois de uma longa espera
reflorisse meu amor.

Quem com fé vive seus dias
e semeia paz e amor,
colherá sempre alegrias
na seara do Senhor.

Quem em todos os momentos
age com sinceridade,
revela bons sentimentos
e preza o bem e a verdade.

Quem tem por lema viver
com fé, trabalho e ousadia,
com certeza irá vencer
as lutas do dia a dia.

Saiba sempre perdoar
ao sofrer ingratidão.
Seu coração vai ficar
mais leve com o perdão.

Sempre em versos de saudade
há uma confissão de amor.
Ninguém sabe se é verdade
ou fantasia do autor.

Se passo pelo jardim,
onde a sorrir me acenaste,
floresce dentro de mim
a saudade que plantaste.

Se queres vencer na vida,
que não te falte ousadia!
Prepara a tua subida:
- Escala um degrau por dia!

Siga firme na jornada,
sem se afligir com tropeço.
Importa na caminhada
a decisão do começo.

Só com paciência se alcança
o que se espera da vida.
Siga com mais esperança
a cada meta vencida.

Só quem pauta seu viver
sem assomos de vaidade
é que sabe compreender
o que é autenticidade.

Teu beijo é precioso vinho
de inigualável sabor.
Quem prova do teu carinho
logo entontece de amor.

Tratemos a ecologia
com respeito e seriedade.
Trabalhemos cada dia
pelo bem da humanidade!

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Lairton Trovão de Andrade (PR)


1
A água fina da chuva
rega a terra ressequida,
produz trigo, mel e uva,
– traz ressurreição à vida.
2
A água na terra é vida,
que faz germinar sementes,
que mata a fome dorida
e traz abundância às gentes.
3
A flor de maracujá
lembra a coroa de espinho;
e o sangue de cor grená
lava do mundo o caminho.
4
Ao contrário da mentira,
é reta a sinceridade;
aquela desperta a ira,
esta, a credibilidade.
5
A primavera das flores,
com borboletas azuis,
inspira tantos amores
e alegra tristes pauis.
6
Aquele pequeno beijo,
outrora despretensioso,
despertou forte desejo
de mais um sonho gostoso.
7
A saudade é o sentimento
que dói no íntimo da gente;
lembra o bom contentamento
que não mais está presente.
8
As horas todas do mundo
pertencem ao joão-preguiça;
dá vida em ser vagabundo,
- nem por viver tem cobiça.
9
Asqueroso é o avarento
que, de si, nada consome;
à família é rabugento,
por dinheiro, unha de fome.
10
A sublime qualidade
de verdadeira grandeza
encontra-se na humildade
com as honras da nobreza.
11
Cada cor numa ocasião!
Por isso é que, volta e meia,
o anseio do coração
faz mais bonita a cor feia.
12
Com seu instinto de fome,
no casório está o glutão;
guloso, tudo consome
e cobre de ossos meu chão.
13
Desde o começo da história,
sempre o lar foi respeitado;
é uma norma obrigatória
ver nele templo sagrado.
14
Dinheiro e felicidade
são coisas que nos convém;
sem ele a calamidade
nos leva cedo pro além.
15
Educação, chave de ouro,
fonte de sublimação.
Na verdade, é um tesouro
de infinda realização!
16
Faço trovas noite e dia,
minto à imaginação...
Vivo, então, minha alegria
na magia da ilusão.
17
Feliz de quem, nesta vida,
só virtudes praticar;
há de ter força renhida,
quando o inverno lhe tocar.
18
Há coisa que não te explico
na desditosa paixão:
Com quem me quer eu não fico,
com quem quero me diz “não”.
19
Há rosa de muito espinho
que nos dá prazer e graça.
Há rosa que, sem carinho,
apenas nos traz desgraça.
20
Há um tal político aí
que diz: “Vocês são fregueses”!
E mente mais que o saci,
pois, já mentiu cem mil vezes!
21
Importante é o instrumento
para se agir na arte em vista;
melhor, porém, é o talento,
pois é o coração do artista.
22
Meiga mãe, diva senhora,
teu amor é, num segundo,
mais que tudo que se aflora
na eternidade do mundo.
23
Minha cara, dá-me a mão,
é por ti que vivo e morro!
Dá-me afeto, sim, do cão,
Não, porém, de um “cão cachorro”
24
Mulher é anjo da guarda,
seiva de vida na terra;
em tudo, sempre vanguarda,
pomba de paz e...de guerra.
25
Naqueles tempos de antanho,
ninguém era assim tão homem:
Havia pavor tamanho
das noites de lobisomem.
26
Na trova – mau aprendiz,
na bola – perna de pau,
na foice – quebra os quadris,
mas toca bem berimbau!
27
Neste frio que assola tudo,
cobertor é todo em vão.
O que me aquece, contudo,
é o seu próprio coração.
28
Neste mundo, sentir-se útil,
sobrepor a adversidade,
não dar ouvidos ao fútil,
já é ter felicidade.
29
Neste mundo, tudo passa
contra nosso próprio gosto.
Tudo se torna fumaça
dizem as rugas do rosto.
30
No campo da eternidade,
os tempos não passarão:
só há imortalidade
aos vivos que lá irão.
31
No mar bravio desta vida,
sem rumo pra navegar,
rezo à minha Mãe Querida,
que é minha Estrela-do-Mar.
32
No planeta dos contrários,
rola pedra – rola o mal.
E dizem os salafrários
que tudo isso é natural.
33
Nos horários de verão,
os galos em trapalhada,
sem saberem que horas são,
cantam sempre em hora errada.
34
O amigo certo procura
na conduta a retidão.
Mesmo em grande desventura,
a outrem estende a mão.
35
O apego pelo sertão,
da gente lá do Nordeste,
é verdadeira paixão,
pois cria “cabra da peste”
36
O plagiário é caricato
que no mundo se repete;
é escritor com mão de gato
e pintor que pinta o sete.
37
O protetor curupira,
na lenda que inda nos resta,
quer enlaçar com embira,
criminosos da floresta.
38
O silêncio e a solidão
possuem valores tantos;
neles, longe da paixão,
já nasceram grandes santos.
39
O tal velhaco, ao comprar,
é labioso em sua história;
mas, depois, não quer pegar,
diz até não ter memória.
40
Quanto tempo tem passado
sem saber do meu amor.
Não me dá nenhum recado,
a curtir eu vivo a dor.
41
Quão exímia pensadora
é a coruja que se cala.
É tão nobre esta doutora,
que besteira nunca fala.
42
Que coisa descomunal
aquele curvo nariz
que, ao assoar, é um temporal...
- e escorrer qual chafariz
 43
Quem reza, nos diz o santo,
tem eterno bom viver,
mas quem não reza, no entanto,
pode o futuro perder.
44
Quem vive na ociosidade
não trabalha bem a mente.
Com muita facilidade,
surge um vício permanente.
45
Saudade dos lábios teus
eu tenho neste momento,
quando, juntinho aos meus,
trazias-me abrasamento.
46
Se brasileiro eu não fosse,
seria, então, estrangeiro;
daria o mundo mais doce
só para ser brasileiro.
47
Se eu conhecesse o futuro,
sofrendo assim por amar-te,
se fosse um passo seguro,
juro que iria buscar-te.
48
Sejas um “cão” de amizade,
que ao amigo dês socorro!
Não haja em ti falsidade,
jamais sejas “cão cachorro”!
49
Teu olhar é meu poema
que estou sempre a recitar;
eu fiz dele lindo tema
que me faz sorrir e amar.
50
Todo vício capital
é doença quase sem cura.
Quem se entrega a este mal
lança a vida em sepultura.
51
Tudo é magia e beleza
aos olhos puros do amor;
só o amor traz a certeza
do sentido de uma flor.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...