quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Sinclair Pozza Casemiro



Campo Mourão Turístico

AEROPORTO
Pelos céus de todo Brasil
e aqui marcando compasso
muita gente já partiu:
– Um adeus e um forte abraço!

ANEL VIÁRIO
Arco íris de concreto
torna mais fácil partir
levando o corpo e o afeto
pra onde o sonho quer ir.

ANTIGA RODOVIÁRIA
Antiga Rodoviária
de tantas idas e vindas
à minha’lma solitária
é que, silente, tu brindas?

BANDEIRA E GEMBRÉ
Dizem que em Campo Mourão
dois índios eram rivais.
Um se tornou capitão
o outro se foi, nunca mais…

BIBLIOTECA PÚBLICA
Este destino é a viagem,
deste prédio monumento
ontem, em terra, ancoragem,
hoje, em livre pensamento.

CAPITÃO ÍNDIO BANDEIRA E A AVENIDA
Entre a patente e a bandeira
empenhou a própria vida.
A voz, de sagas, herdeira
vai muito além da Avenida.

CATEDRAL SÃO JOSÉ
A Catedral São José
foi em plena Praça erguida
é marco de amor e fé
desta cidade querida!

Padroeiro São José
que deu nome à Catedral
conduz o seu povo à fé
e a mui sublime fanal.

CEFET
CEFET, universidade
Que orgulha de coração
Esta grandiosa cidade
Chamada Campo Mourão.

ESTAÇÃO DA LUZ
Estação da Luz – vigia,
de partidas e de amores,
tão intensos, já, um dia,
cuida: se ouvem os clamores!

ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO CERRADO
Este é o Cerrado que ostenta
riquezas que não têm preço
nele o passado apresenta
do futuro , um seu começo.

FECILCAM
Faculdade portentosa
do saber a guardiã
és rebelde flor mimosa
e a mais nobre anfitriã.

GRUTA DA SANTA CRUZ
De pedra em pedra se fez
a Gruta da Santa Cruz,
misto de dor e altivez,
por promessas a Jesus.

IGREJINHA DOS CAROLLO
Igrejinha dos Carollo,
que bom é nela chegar,
buscando paz e consolo
de distante caminhar!

MERCADO MUNICIPAL
Mercado Municipal
para o povão, Mercadão
foi peça fundamental
hoje é só recordação.

MUSEU DEOLINDO PEREIRA
O ontem tem guarda segura
no presente que prepara
a nossa vida futura
para uma rica seara.

PARQUE DE EXPOSIÇÃO
No Parque de Exposição
o povo faz sua festa
de ano em ano há a emoção,
ao sonho e encanto se presta.

PARQUE DO LAGO
Bem vindo ao Parque do Lago
e viva nele a beleza
que esbanja com tanto afago
a nossa mãe natureza.

PARQUE LAGO AZUL
“Parque Lago Azul” se veste
de mui ricas fauna e flora
entre as águas e o celeste
luzir da cândida aurora!

RIO 119
Corre o Cento e Dezenove
banha os sonhos, a memória
e a indiferença demove
ao se tornar viva a história.

SANTUÁRIO DE APARECIDA
Santuário de Aparecida,
aqui eu vim adorar
a Santa da minha vida
e muitas graças buscar.

TEATRO MUNICIPAL
Teatro Municipal
de dançarinas, artistas,
de sonhos, rico cristal
do povo, joias benquistas!

TRECHO DE PEABIRU
Marco do velho Caminho
por Peabiru conhecido
resiste ao tempo e sozinho
mostra o laurel esquecido.

Peregrinando Pela Região Da COMCAM
COMCAM =Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão

COMCAM
Coração do Paraná,
do Ivaí ao Piquiri,
há canções, e “causos” há,
que lembram gês, guarani.

PEREGRINAÇÕES
COMCAM da Rota da Fé,
Caminhos de Peabiru,
Terra Sem Mal, São Tomé,
Quão bela canção és tu!

JOÃO MARIA D’AGOSTINI
O beato João Maria
diz que esteve na região
atendendo ao que sofria,
trazendo consolação.

CAVALGADAS NA COMCAM
Relembrando pioneiros
no chão de tuas estradas
te fazem, os cavaleiros,
a região das cavalgadas.

GASTRONOMIA
Na COMCAM, gastronomia
tempera os bons corações
trazendo paz e alegria
juntando em festa as nações.

CAMINHOS DE PEABIRU
Como rendadas toalhas,
fez-se o nosso Peabiru,
tecido de extensas malhas,
do Paraguai ao Peru.

POLÊMICAS
Aonde vai o Peabiru?
E quem foi que o construiu?
Mesmo não fosse ao Peru,
na COMCAM ele existiu!

TERRA SEM MAL
Em migração permanente,
tendo o Sol como fanal,
o guarani segue em frente,
buscando a Terra Sem Mal.

ALTAMIRA DO PARANÁ
Altamira da COMCAM,
tens beleza singular.
Dos teus rios és guardiã,
no Paraná a orgulhar.

ARARUNA
Bela Araruna, nascida
na moldura do Caminho.
Por Peabiru conhecida,
tem de nós todo o carinho.

BARBOSA FERRAZ
Barbosa em seu chão guardou
tesouro em pedra e sinais,
que o Peabiru registrou
para não perder jamais.

BOURBÔNIA
Bourbônia, palco da história
do índio, branco e tropeiro.
Nas trilhas da sua glória
peregrinou-se primeiro.

CAMPINA DA LAGOA
Campina, orgulhosa, ostenta
pesquisas da arqueologia,
provando, já nos setenta,
que o Peabiru existia!

CAMPO MOURÃO
Camorão, Campo Mourão,
filha e mãe tão orquestradas.
Bela COMCAM em ação,
fez-se história nas estradas.

CORUMBATAÍ DO SUL
Corumbataí do Sul
tem no seu alvorecer,
além do céu muito azul,
trilhas de índios para ver.

ENGENHEIRO BELTRÃO
Em Engenheiro Beltrão
há tanta ruína escondida,
pois uma nobre Missão
em seu chão ficou perdida.

FAROL
No Farol inda há quem conte
que o beato João Maria
batizou a Água da Fonte
e fez muita profecia.

FÊNIX
Fênix chamou-se um dia
Vila Rica, em plena glória.
Da Missão que ali existia
guarda viva hoje a memória.

GOIOERÊ
Goioerê, muitos povos
já trilharam o teu chão
deixando aos teus filhos novos
mui valiosa lição.

ITARARÉ
A convite de Altoé,
o arqueólogo num canto.
descobriu que o Itararé
do Peabiru fez-se encanto.

JANIÓPOLIS
Foi Janiópolis caminho
e palco de tanta saga.
Hoje é o rico e alegre ninho
de um povo que a paz afaga.

JURANDA
Oh, Juranda, Jurandah,
no teu nome, tão sonoro,
sempre a graça se achará,
qual um pássaro canoro.

LUIZIANA
Luiziana das cachoeiras,
dos caminhos sempre em flor,
das muitas sagas pioneiras
de que herdaste o teu vigor.

MAMBORÊ
Mamborê tem seus segredos,
misteriosos sinais.
São curiosos enredos
herdados dos ancestrais.

MOREIRA SALES
Moreira és jovem agora
mas tens tão rico passado
muitas nações já outrora
nos teus campos têm lavrado.

NOVA CANTU
Teu rio, Nova Cantu,
teu tambo, a vila espanhola,
índio, Missão, Peabiru,
tudo em ti é pura escola.

PEABIRU
A Peabiru coube a glória
de o seu nome registrar
o fato vivo da história
do Caminho milenar.

IV CENTENÁRIO
Barro branco, Gato Preto
hoje Quarto Centenário
eu canto neste poemeto
teu passado legendário.

QUINTA DO SOL
Quinta do Sol tem encantos,
verde e pujante visão.
Terra de paz, onde há tantos
motivos para a emoção.

RANCHO ALEGRE
O rancho de tantos causos
alegres, sempre bravios
desperta muitos aplausos
e afasta os dias sombrios.

RONCADOR
Nas trilhas de Roncador
João Maria fez história,
nos “causos” do sofredor
e em coletiva memória.

TERRA BOA
Terra Boa, gente boa
escreveu nos seus anais
tanta história que povoa
velhos tempos coloniais.

UBIRATÃ
Ubiratã, você traz
entre as suas tradições,
a vocação para a paz
vinda de antigas nações.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Renato Benvindo Frata



1
Amar e ser muito amado
é coisa que o mundo quer;
o amor quando partilhado
não deixa aresta qualquer.
2
A minha musa é Thaléia
“a que faz brotar as flores”
escolhi, pois, a azaleia
para inspirar meus amores.
3
A musa proclamadora
do amor que tenho por ti
é a Clio, sonhadora
que me envolve em tititi.
4
A negra infelicidade
chama para si o fracasso
sorte que a felicidade
se encontra ali a um passo.
5
Bailando pra ali, pra lá
nesse mundinho idiota
muita coisa encontro cá
na algibeira do agiota.
6
Caju é fruta querida
que adoça a vida da gente
da polpa se faz batida
tira-gosto da semente.
7
Com agilidade os galgo
muro baixo, ou alto muro
vou sempre à procura de algo,
mesmo que fique em apuro.
8
Com os gestos bem devassos
junto daquela teteia
pegaram-se em amassos
– Foi uma ofensa à plateia!
9
Corra em busca do carinho
bem de mansinho, eu lhe rogo
venha bem devagarzinho
que esta vida passa logo.
10
Deixa-me a mente confusa
sua imagem noite e dia
a lembrar-me que é a musa
neste instante de acalmia.
11
De girar seguindo o sol
imponente sobre o solo,
coitado do girassol
ganhou um bom torcicolo.
12
Desejos que nos arrastam
na torrente de ilusões
muitas vezes se contrastam
entre incerteza e clarões.
13
Destino e sorte são jogos
honestos como o xadrez
sinceras chuvas de fogos
que nunca passam a vez.
14
Dizem que alguém é batuta
se faz gestos, fala e ri
mas só se sabe da fruta
após morder comari.
15
Duplo caminho nós temos
mas uma só decisão
ambos estão nos extremos
sem aceitar distração
16
Entre o rir ou o chorar
o primeiro é mais sensato
entre o ir ou o ficar
depende tudo do fato.
17
Esta vida é muito boa
quando ela nos dá proveito.
Exemplo: ficar à toa
na fresca e afago no peito.
18
Gritava eufórica a fã:
– Quero vê-lo, quero vê-lo!
Em sua algazarra vã,
mandou beijo de desvelo.
19
Meu amor deu-me um pacote
embrulhado com barbante
eu logo vi que era um trote:
- Lindo vidro de laxante.
20
Meu choro mostra meus ais
escondidos de você
e torço pra que jamais
venha saber o porquê.
21
Na imensidão deste céu
azul, sem nuvem, de abril
vaga só, perdido ao léu
seu sorriso juvenil.
22
Não bastasse o vinho tinto,
o branco igual embebeda
porém com o rosê, sinto
ficar bem perto da queda.
23
Não corra! Para que pressa
já que a vida segue o ritmo
e termina onde começa
em eterno logaritmo?
24
Não me incomodo sair
bradando por este espaço
que a querida Dinair
é digna do meu abraço.
25
Nossa vida é um vale-tudo
em que lutamos por ela
o bom sábio fica mudo
e o idiota tagarela.
26
O artista deu-lhe um presente,
chamou-a para o tablado
a fã, repentinamente
dançou de modo aloucado.
27
Pra todos dou uma figa
quando pego uma guitarra
risco e fuço uma cantiga
e na pior da algazarra.
28
Quando você chora manso
e faz biquinho ao falar
confesso que não me canso
quero o seu corpo afagar.
29
Que tal aprender a amar
por amar, assim, somente
sem pedir nem implorar:
trocar amor, simplesmente?
30
Se tristeza é uma charada
que atrasa o tempo da gente
a vida é longa piada
que manda adiante o presente.
31
Sorrir da vida que escapa,
perseguir a própria sorte,
é viver com sobrecapa
tentando enganar a morte.
32
Todas as musas do Olimpo
que criam a inspiração,
fazem do céu um garimpo
de eterna constelação.
33
Trabalhar como formiga
versejar como cigarra
duas coisas, minha amiga,
que ainda faço com garra.
34
Vento leve, bom agouro
no rosto nos faz feliz
Mas, quando forte é um desdouro
causador de cicatriz.
35
Vento venta em ventania
do chuvisco à tempestade
meu amor vira mania
com sua perversidade.
36
Verga o galho num lamento
que a noite fria produz
sofre e range com o vento
da tristeza que o conduz.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Orlando Woczikosky



1
A cantar, a minha vida,
eu canto em qualquer cidade,
  mas minha terra querida,
 eu não canto sem saudade!
 2 
  Agora sou nau sem rumo,
que zarpou da mocidade,
para encalhar, eu presumo,
no banco duma saudade.
  3 
A mãe da gente é uma luz
 que brilha, brilha e rebrilha:
dá-nos vida e nos conduz
pela mais sagrada trilha.
  4
Amor que não tem saudade,
é planta que não dá flor;
 amor que é amor de verdade,
   na saudade é mais amor.
   5 
A mulher é diferente
no terreno da emoção:
- O homem diz sim e consente,
ela consente e diz não!
    6 
   Às vezes, na multidão,
estou só sem ver ninguém,
  porque a maior solidão
 é estar longe do meu bem.
7
A vagar pela cidade
hoje, bem longe de ti,
vejo, através da saudade,
o tesouro que perdi.
  8   
    Beba água mineral
   e viva despreocupado,
  porque água só faz mal
 para quem morre afogado.
9
Cônscio de que nada valho,
 quando te beijo, formosa,
eu sou uma gota de orvalho
 que tremeluz numa rosa.
 10 
  Convidei a minha sogra
  pra passear no Butantã:
  a velha mordeu a cobra,
   e a cobra ficou tantã!
      11   
Curitiba, paraíso
que mil encantos encerra,
    linda Cidade-Sorriso:
  – Sorriso da minha terra!
   12
  Dentro de certas pessoas
   há duas forças latentes:
 uma que as torna tão boas,
 outra que as vira serpentes.
13
    Desde que cedo me acordo,
até que à noite me deito,
com saudade te recordo,
meu único amor perfeito!
    14   
   Em noites de lua cheia,
no tênue alvor que se espraia,
 minha alma foge e vagueia,
   perambulando na praia.
15
     É nobre quem não exalta
     vitória já conquistada,
    pois a nobreza mais alta
    é vencer sem dizer nada.
   16  
   É nos olhos que a pimenta
    quando toca nos magoa:
quem tem sogra não a aguenta,
quem não tem diz que ela é boa.
17
    Esta saudade é uma luz,
    na noite da minha vida,
    o guia que me conduz
    à tua imagem, querida.
    18  
      Eu fui a tua metade
e foste a minha, porque,
agora, só na saudade
inteiro a gente se vê!
       19 
    Eu não gosto de sorteio
porque a sorte é contra mim:
talvez porque eu seja feio,
de uma feiura sem fim.
      20
Eu não troco uma jazida
de ouro puro e refinado,
por uma hora vivida
na saudade do passado.
      21
     Eu nasci pobre na vida,
   no entanto sei quanto valho,
    pois conheço a dor sentida
  dos que tombam no trabalho.
   22
     Felicidade é a esperança
que está sempre em nós presente,
    mas a gente não a alcança
    e ela não alcança a gente!
     23
  Flavo sol que as flores pintas
com doce tonalidade,
empresta-me as tuas tintas,
quero pintar a saudade.
      24
  Minha avó, que já está morta,
queria tudo perfeito:
até fazendo uma torta,
fazia torta direito.
25
    Não fosse a necessidade
   de tanto, tanto te amar,
sufocaria a saudade
nas profundezas do mar.
  26 
  Não me comove a riqueza,
e nem lhe adoro a conquista,
pois, em saudade e pobreza
também sou capitalista.
   27
  Não te incomodes, querida
se o meu peito a dor invade,
 sois, são temperos da vida
 a dor, o amor e a saudade.
  28
Não vim pra te dar um beijo,
  vim pra te dar muito mais,
   vim dizer que te desejo
  O melhor dos teus Natais!
    29 
Nesta vida de percalços
   todo mundo tem defeitos,
  mas entre honestos e falsos
   todos se julgam perfeitos.
    30
    No dia dos namorados
   fico triste, simplesmente,
por ver que há muitos coitados
 sem ter a quem dar presente.
31
  O amor é a coisa mais bela
   deste mundo encantador!
   E é você quem me revela
    toda a beleza do amor!
32
   O amor é igual à comida:
   demais, não se dá valor;
 quando falta em nossa vida,
    dá-se a vida pelo amor!
   33  
 Oh! doce mundo da infância,
   todo em saudade tecido,
   a recordar-te a distância,
  eu choro por ter crescido.
   34
   Para trovar, certamente,
  não bastam apenas rimas;
     trovador inteligente
 faz das trovas obras-primas.
35
  Pela guerra não há glória:
  - Perder, vencer, tanto faz!
    - A verdadeira vitória,
    só se alcança pela paz!
   36  
Por mais que hoje louve a vida
  dos que fazem bem por lei,
  trago n'alma a dor sentida,
   dos males que pratiquei.
      37 
Pra me esquecer de você,
tenho rezado à vontade!
Mas não te esqueço, porque
a minha reza é saudade.
       38
     Quando a trova justifica
       sobejamente a valia,
    - Rima pobre ou rima rica -
     sempre é grande poesia.
       39
Quando em meus braços te aperto,
       todo o infinito sorri,
  porque a vida é um céu aberto
     quando estou perto de ti.
       40
     Quando tu fores velhinha
e eu também, da mesma idade,
sentirás saudade minha,
sentirei de ti saudade.
        41
  Quem diz que não tem saudade
     e se é verdade o que diz,
       não teve a felicidade
        de já ter sido feliz.
42
 Quem se afunda na bebida,
   para afogar sua mágoa,
  descobre, no fim da vida,
que a melhor bebida é água.
43
Que não valha a minha trova
 por nada do que ela exiba,
 senão por tudo o que prova
    do valor de Curitiba.
    44  
   Revivendo, na saudade,
   a minha casa paterna,
choro! Mas tenho vontade
 que a saudade seja eterna.
  45
 Saudade é a lembrança viva
 daquilo que já morreu;
é fogo que inda se ativa
das cinzas do escombro seu.
   46
Saudade é coisa que nasce
à tona do pensamento,
e, por mais que o tempo passe,
paramos nesse momento.
    47
    Saudade é lua que vaga
nas sombras do sol do amor;
  quanto mais o sol se apaga,
 mais a lua traz langor.
      48
    Saudade é luz matutina
    no crepúsculo da gente.
  Sol que o passado ilumina
 quando escurece o presente.
  49
  Se, à noite, chega o negror
e todo o meu ser invade,
clareia-se o meu amor,
dentro da luz da saudade.
   50
   Se eu de você fico ausente
  e alguém os meus olhos vê,
lendo os meus olhos pressente,
     no fundo deles, você!
51
     Se partes, fica o desgosto
   da minha alma sem a tua,
   e eu pareço um rei deposto
     perambulando, na rua.
52
Sou feliz por te dizer,
   em palavra comovida,
que minha vida é um prazer
  se há prazer na tua vida.
  53
Trocando sempre teus ares,
 foges de mim com prazer;
  mas apesar dos pesares
 eu não te posso esquecer.
54
 Tudo que é bom, nesta vida,
    foge-nos celeremente,
 somente a dor mais sentida
    fica na vida da gente.
   55  
  Vermelho igual ao tomate,
   meu coração é um bife:
quanto mais alguém lhe bate,
    mais amolece o patife.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Janske Niemann Schlenker



1
Abrindo meu coração,
aos quatro ventos proclamo:
ergui meu lar no teu chão,
és a cidade que eu amo!
2
Acordei (tinhas partido)
e me deixaste na estrada:
um pobre arbusto perdido
sem luz, sem pranto, sem nada…
3
Alegria na viagem
deste trem tão barulhento
que nos mostra, de passagem,
flores colorindo o vento!
4
A nossa vida vivemos
plena de desejos vãos
até saber: não podemos
ter o mundo em nossas mãos.
5
Às vezes, dias tristonhos
fazem-me pensar na vida:
Acho que deixei meus sonhos
numa canoa perdida.
6
Às vezes surge de um nada,
o amor, na vida da gente.
Hoje vivo acorrentada
mais do que a qualquer corrente!
7
Até hoje me envergonha
essa, que sonhou demais:
quando está dormindo, sonha,
acordada, sonha mais…
8
Basta acompanhar a seta
para que a alegria alcances.
Felicidade completa
vais achar só nos romances.
9
Dei-te o melhor dos abraços,
do mais profundo querer…
Mas a força dos meus braços
não conseguiu te prender!
10
Deixo que a vida me embale
 enquanto a tarde agoniza:
 mesmo que você não fale,
 ouço a sua voz na brisa…
11
Deus! Que beleza me deste!
– Penso que ela é toda minha –
mas no espaço azul celeste
sou só uma nuvenzinha.
12
Enquanto a rede balança,
tenho um pensamento louco:
eu deixei de ser criança
mas ainda sou um pouco...
13
Escrava do teu olhar,
quis fugir mas – que surpresa!
Na ânsia de me libertar,
cada vez fico mais presa…
14
Longe de pranto e de dores,
o nosso amor sem cobranças
tem um perfume de flores
como o de duas crianças.
15
Luzes! Músicas! E à mesa
como nunca alguém sonhou.
Mas havia uma tristeza
que eu não sei por onde entrou…
16
Mesmo vindo da favela
- Brasil, África ou Europa -
o menino se revela
ao disputar sua Copa.
17
Nós, filhos da natureza,
não nascemos para o mal:
podemos criar beleza
de qualquer material.
18
O mar sussurra e promete
assim que o dia clareia.
Nós vamos "pintar o sete"
correndo juntos na areia!
19
O relógio dos meus dias
vem batendo devagar.
Só recordo as alegrias,
vou dormir quando parar.
20
Parece o mesmo ambiente:
cordial, familiar;
todos juntos, mas somente
conversam... sem conversar.
21
Paro a pensar um instante
e, numa oração sentida,
peço água - tão importante -
que é tudo na nossa vida!
22
Pétalas voam tão belas
e mais parece que dançam;
quero-as - brancas, amarelas -
mas minhas mãos não alcançam...
23
Quando, ao longe, o teu veleiro
singra as ondas do destino,
parece que o mundo inteiro
também ficou pequenino...
24
Quando o meu dia começa
e abro os olhos... e levanto,
acabam dor, medo e pressa
e o que resta é puro encanto!
25
Sejamos gratos pelo  ar
que respiramos de graça
ou iremos transformar
nosso planeta em fumaça!
26
Tentei ignorar a dor
mas do peito não arranco
aquele primeiro amor
numa foto em preto e branco...
27
Tuas palavras bonitas
eu recordo nesse instante:
promessas que estão escritas
nas linhas do teu semblante.
28
Um abraço podes dar-me,
também quero te abraçar.
Mas vai soar um alarme
se tentares me beijar!
29
Um grande amor nasce mudo
pois não consegue falar;
você não me disse tudo,
disse-me tudo um olhar...
30
Visuais estonteantes
no voo das ararinhas!
Fazem pensar, por instantes,
que - enquanto as vejo - são minhas...

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...