segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Lourdes Gutbrod



1
Amor que não se revela,
aprisionando carinhos,
é como a rosa, tão bela,
mas guardada por espinhos!
2
A vida - sempre tão cheia
de labutas e batalhas -
para alguns é bela ceia,
para muitos... só migalhas!...
3
Como noiva prometida,
lírios na fronte e na mão,
eu te esperei toda a vida
no altar da minha ilusão!...
4
Com teu ar de indiferença
foste um vento, em minha vida,
que entrou sem pedir licença
e saiu sem despedida!...
5
Coragem!... Se Deus nos testa,
também nos cura as mazelas,
e a Vida é linda seresta
para quem abre as janelas!!!
6
Ele a “embroma”: nova data!...
E o casamento é adiado.
Vão fazer bodas de prata
pelo tempo de noivado!
7
Em cada vã tentativa
de arrancar-te da memória,
tua imagem mais se aviva
nas cenas da minha história!... 
8
É quando tu ficas mudo,
e assumes um ar lascivo,
que teu corpo fala tudo
do modo mais expressivo...
9
Felizes os que despendem
seu tempo com a educação:
esculpem almas e acendem
luzeiros na escuridão!
10
Gostava desta ousadia:
amar sem rédeas nem laços.
E acabei, por ironia,
prisioneira, nos teus braços… 
11
Grite, revele o que pensa,
com ira ou mesmo agressão!
Suporto a mais dura ofensa,
mas esse desprezo... não!
12
Já fui tua… foste meu…
Não faz mal se hoje padeço:
– Quem um grande amor viveu
acha justo qualquer preço.
13
Juras de amor… Uma rosa…
Recomeça tudo, enfim!
E, nessa hora venturosa,
já não sou dona de mim!…
14
Liberdade!... Infelizmente
muitos a buscam no vício,
forjando a própria corrente
que os arrasta ao precipício!
15
Mentir era tão frequente
- por brincadeira, vaidade… -
que a mentira, finalmente,
tornou-se a minha verdade.
16
Na minha vida sombria,
que só conhece empecilhos,
sou um trem sem serventia,
parado... fora dos trilhos!...
17
Não julgue, ao perder a calma,
que o mundo é uma grande arena
e, abrindo as janelas d’alma,
diga à vida: - Vale a pena!
18
Não sabes... não adivinhas,
lendo as cartas que te escrevo,
que digo, nas entrelinhas,
tudo aquilo que não devo...
19
Nas vãs promessas que fazes
não suponhas que acredito:
Queres prazeres fugazes...
e eu busco amor infinito!
20
Navegante sem destino,
ante um naufrágio medonho,
eu me agarro, em desatino,
aos destroços do meu sonho!...
21
No espaço, além, fui buscar-Te
sem que, ó Deus, Te revelasses...
e estavas em toda parte
sob as mais diversas faces.
22
Passam céleres as horas,
tudo é mutável e obscuro...
O tempo engole os agoras
e tem fome de futuro!
23
Passo momentos felizes
vivendo só de ilusão,
pois as mentiras que dizes
são, na verdade, meu pão.
24
Pedes perdão... e eu, vencida,
com teus beijos me deleito,
e ouço a música da vida
tocar de novo em meu peito!
25
Qual de nós dois nesta trama
é mais falso ou desonesto:
– Você... ao dizer que me ama?
Eu... ao gritar que o detesto?
26
Quando a volúpia me invade,
eu me entrego em cada gesto...
Perco o nome, a identidade.
Sou tua! Que importa o resto?...
27
Quando eu partir, não precisa
louvar-me... expor-me em retratos:
lembre, só, que fui poetisa
e apaixonada por gatos!!!
28
Quando voltas, não te acanhas:
pedes desculpa e me agradas...
E eu me rendo às artimanhas
dessas conversas fiadas!...
29
Quantas cenas de ternura,
se estamos juntos, a sós!
Sem timidez nem censura,
em nosso palco... só nós!
30
Que importa se me sorrís,
às vezes, por compaixão?
Prêmios me fazem feliz,
mesmo os de consolação.
31
Quem conhece o desencanto
e os desgostos por que morro
percebe sempre, em meu canto,
muitos gritos de socorro!
32
Quem diz ter sabedoria
e os seus talentos exalta,
revela, por ironia,
justamente o que lhe falta!
33
Quis arrancar brutalmente
do meu passado as raízes,
mas você está presente
mesmo em minhas cicatrizes!...
34
Se aos infelizes dás sobras
com desdém, indiferença,
há, decerto, nessas obras,
não bondade... mas ofensa.
35
Sem me curvar à derrota,
nenhum desalento esboço.
E à esperança mais remota
respondo bem alto: Eu posso!!!
36
Se o homem romper a grade
que o fecha em seu egoísmo,
será a Fraternidade
uma ponte sobre o abismo.
37
Sou um verbo transitivo
que nunca encontrou objeto,
condenado, sem motivo,
a ser assim: incompleto...
38
Tamanha paixão eu tinha,
e há tanto que te aguardava
que, ao me elegeres raínha,
eu me entreguei como escrava!
39
Tu chegas...e, em vez de paz,
trazes dúvida e aflição,
pois sei que é o pouso fugaz
de uma ave de arribação...
40
Tu chegaste sem rodeio,
fingindo paixão por mim...
E eu apenas fui um meio
para atingires teu fim.
41
Tu vens, ardoroso e amante...
e sempre partes, ligeiro.
Qual relâmpago, és vibrante,
mas de fulgor passageiro.
42
Um mundo humano e decente
eu sempre buscava a esmo...
até saber que era urgente
mudar, primeiro, a mim mesmo!
43
Usas, para conquistar-me,
fogoso e avassalador,
uma máscara de charme
e os ardis de um sedutor!
44
Vendo-te à luz da Razão,
com a máscara caída,
descubro o grande vilão
que encarnaste em minha vida!
45
Voltar para mim?… Não tente,
tudo está morto e enterrado.
Rompi, de vez, a corrente
que me prendia ao Passado!…
46
Voltas… e, ouvindo os teus passos,
cheia de amor e esperança,
eu, de novo, te abro os braços,
sem condições nem cobrança!

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Lia-Rosa Reuse (1947 - 2011)



1
A beleza é a cortina
da dura realidade
para a qual não há vacina
salvo a solidariedade.
2
Abro todas as cortinas
do meu ser à vida plena:
um dia esgotam-se as minas
desta passagem terrena.
3
Aquele galo imponente
foi tão gracioso pintinho;
morreu na rinha inclemente,
longe dos seus e sem ninho.
4
Aqueles céus estrelados
que viam nossos avós
diante das casas, sentados,
são só sonhos para nós
5
Brincando alegres nos mares,
sem roupas e bem juntinhos,
ante todos os olhares
nadavam os dois golfinhos!
6
Cada instante é a vidraça
pela qual podemos ver
que, forma física ou raça,
não é a essência do Ser.
7
Cada ser é gota d’água
que faz os mares e avança;
é Deus que evitando a mágoa
de todos, dá sua lança.
8
Caminhava solitário
pela estrada inexorável
o tempo com seu rosário
de almas, pobre miserável.
9
Cobre o mundo uma cortina
que exibe a palavra PAZ
porém qual é mesmo a sina
que se encontra por detrás?
10
Como é imenso teu valor
dentro do grande universo,
de toda a alegria ou dor
sabe retirar um verso.
11
Como explicar a beleza
que vai brotar de um poema?
É mistério, singeleza,
é o autor em seu dilema.
12
Como explicar a poesia
que nasce no coração?
É tristeza, é alegria,
é prece e também canção.
13
Como posso ver beleza
sem sentir no coração
toda a mágoa e a tristeza
daquele que não tem pão?
14
Como saber se é urgente
de verdade o que queremos
quando tanta, tanta gente
nada tem do que nós temos?
15
Convidou-me uma baleia
pra ver o fundo do mar
onde estava a Lua Cheia
em busca do verbo Amar.
16
Do outro lado da vidraça
a força da natureza,
maltratada por fumaça
defende sua beleza.
17
Ela amava a descoberta
do cosmos, filosofia.
Descobriu com mente aberta,
ser cortina que o escondia.
18
Era luz, era poesia,
era carinho e ternura,
era fonte de alegria:
minha infância de candura.
19
Infeliz quem fecha a porta
ao triste que tanto chora,
nele Deus vê quem se importa
com Ele e então vai-se embora.
20
Janela aberta, vidraça
levantada é coisa antiga.
O que o progresso estilhaça,
a natureza mendiga.
21
Menina se apaixonou
por moço belo, maduro,
que, num coração, traçou
seus nomes num largo muro.
22
Mergulhado na harmonia,
o bom coração transporta
como terna sinfonia
quem procura sua porta.
23
Nas profundezas do mar
cantam tímidas sereias,
suas vozes ao luar
são sinfonia na areia.
24
Nas terras como nas águas
o Amor escreveu só ‘Paz’,
a inveja jogou-lhe tábuas
acrescentando  “Aqui jaz” .
25
Os namorados à porta
da cozinha conversavam
e, fugindo para a horta,
escondidos se beijavam.
26
Os noivos diante da torta
de casamento murmuram
que se abre enfim a porta
dos desejos que os torturam.
27
O Sol brilha sobre a Terra,
mira-se em cada vidraça,
onde o homem faz a guerra
sua luz se despedaça.
28
Pareciam meus amigos
enquanto a sorte brilhou.
Quando chegaram perigos
quem é que não me deixou?
29
Passou por mim a beleza,
com um beijo me tocou,
trouxe de elogios riqueza,
mas não mudou o que sou.
30
Por favor não tenha inveja
do talento que o outro tem;
descubra o seu e então seja
tal qual é, como ninguém.
31
Quando desabrocha a flor
perfumada de beleza,
é da semente o valor
que oferece a natureza.
32
Quando escrevo minha trova
minha estrela me seduz,
me ilumina, me renova
e então sou apenas luz.
33
Quando o verde é a cortina
que abriga o bom animal,
se algum homem a elimina,
planta ali seu próprio mal.
34
Somos todos animais;
sê modesto, nunca esquece.
Somos só uma espécie a mais
que no universo envelhece.
35
Tenha uma alma transparente
como a límpida vidraça,
que seu coração e mente
mostrem caráter sem jaça.
36
Todos passam pela porta
da justiça e da clemência,
quando declarada morta
esta vida de aparência.
37
Trem da vida vai passando,
na fumaça do vapor,
pelos trilhos vai mostrando
do carvão todo valor.
38
Tu, soldado valoroso,
vens voltando das batalhas
de uniforme tão formoso
e o coração em migalhas.
39
Veja como se comporta
cada ser na natureza:
cada detalhe é uma porta
bem aberta à profundeza.

Lia-Rosa Reuse nasceu em Caxias do Sul/RS, em 1947, filha de José Albino Reuse, Agente e Tesoureiro dos Correios e Telégrafos durante muitos anos e Verginia Botini Reuse, Auxiliar de Tesouraria, pelo que morou grande parte da sua vida no respectivo prédio, sendo conhecida como "A Menina dos Correios". 
 Aos dois anos aprendeu a ler sozinha e pouco mais tarde traçava suas páginas dedicadas a seus pais, suas bonecas, a um gatinho que lhe fora furtado.
 Foi professora de Francês na Aliança Francesa, de várias matérias em escolas estaduais e particulares; responsável pelas provas vestibulares de Francês da Universidade de Caxias do Sul onde o lecionou no Curso de Letras e de Filosofia do Direito no Curso de Ciências Jurídicas. Conquistou os seguintes diplomas de estudos superiores : Língua e Literatura Francesas - Universidade de Nancy - França ; Letras-Francês, Ciências Jurídicas e Sociais, Filosofia, Psicologia. Fez estudos nas áreas de Música, Jornalismo, Especialização em Filosofia e Teologia. Foi redatora do espaço da Ordem dos Advogados do Brasil no jornal Pioneiro, produtora da revista bilíngue ( Francês/Português ) LeReLeR nos dois anos e meio em que circulou
 Teve formação superior com estudos desenvolvidos no Brasil e na França; graduada em Letras (Português e Francês), Ciências Jurídicas e Sociais, Filosofia e Psicologia.  Como Advogada Criminalista atuou no Tribunal do Júri de Caxias do Sul.
 É autora da obra “A Estrela de Daniel”, lançada em 1997, dos romances “Princesinha da Casa Verde”, em 2006, e “A Menina dos Correios”; de “Ninho de Anjos”/ poesias, em 2008, e dos seguintes livros bilingues ( de sonetos em Francês traduzidos para o Português pela autora): Pétales de Lumière (Pétalas de Luz), Mon Corps – Une Pensée (Meu Corpo - Um Amor Perfeito) , Chant de Siréne au Bord du Fantastique (Canto de Sereia á Beira do Fantástico). Em 1997 estabeleceu o primeiro contato com a ACL participando de seu I Concurso Literário com a crônica "Os Girassóis de São Pelegrino" que se classificou em 1º lugar.
 Participou de diversas antologias no Brasil e no exterior, em português e em francês. Tem obras individuais, em poesia e em prosa, publicadas em ambos idiomas. Foi membro de Academia Virtual Brasileira de Letras, da Academia Caxiense de Letras-RS e da União Brasileira de Trovadores Seção Caxias do Sul.   
 Faleceu em 2011, aos 64 anos de idade, na mesma cidade em que nasceu.

Fontes:
http://paginas.terra.com.br/arte/reuse/
– União Brasileira de Trovadores de Porto Alegre. Milton S. De Souza (editor). Livro de Trovas de Alice Brandão e Lia Rosa. Coleção Terra e Céu vol. XCIX. Porto Alegre/RS: Textocerto, 2016.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Hely Marés de Souza (1923 - 2013)


A neve, o frio, a trincheira...
o pracinha suportou.
Pela honra brasileira
ele não se intimidou.

A nossa brava Nação,
em festa de aniversário,
recebe nossa expressão
no seu quinto centenário!

Ao cair lento da tarde...
o sol reflete brilhante
como fogo sem alarde,
e se apaga num instante.

Ao festejar o natal
usemos a tradição:
para as crianças, presentes,
e aos pais, grande emoção!

Ao retornar vitorioso,
bandeira como agasalho,
pracinha chegou ansioso
pra dedicar-se ao trabalho.

Aos amigos trovadores
desejo um Feliz Natal
vinho de vários sabores
num abraço fraternal.

Aquelas nuvens revoltas
sob o imenso firmamento,
parecem ovelhas soltas
voando a favor do vento.

Brasil com quinhentos anos,
merece ser avaliado:
alguns curtem desenganos
e outros... feliz passado!

Bravo amigo e companheiro
caçador de sabiá.
Não precisa usar dinheiro
para aprender a trovar.

Com lua cheia, serena,
perscrutando o firmamento,
aos poucos me integro à cena...
voando em meu pensamento!

De uma pinha escultural
o pinheiro é gerador,
dá pinhão, castanha real...
de inexcedível sabor!

Deus fez o planeta Terra
e, pra companheira sua,
pelo valor que ele encerra,
num sopro... criou a lua!

Hely Marés de Souza
Da poesia somos fãs,
por destino, combatentes!
A trova cria titãs,
a guerra cria valentes.

Esposa amada e amorosa,
feliz em meio à família,
trouxe ao mundo, esperançosa:
-A Vânia, o Hely e a Brasília...!

Glória ao Brasil, neste evento!
Junto a paz universal!
Saudemos, neste momento
a bandeira nacional.

Glória às forças brasileiras
em festa o povo gritava,
quando derrotou trincheiras
e o algoz que os torturava!

História, trova e civismo
a transbordar neste instante,
com salvas mui respeitosas
ao General Comandante.

Hoje, medalha no peito,
confirma seu destemor,
pracinha foi sem defeito,
à Pátria rendeu amor!

Já pronto pra trabalhar,
não terá dificuldade,
serviço não vai faltar
tamanha é a capacidade!

Mais uma etapa vencida,
cada importante vitória
foi à Pátria oferecida,
pra enriquecer nossa história.

Mascarenhas comandou
sempre a caminho da glória
e Deus o recompensou
com os louros da vitória.

Mascarenhas foi coerente
no comando e na ação,
quando impôs, pujantemente,
ao “tedesco” a rendição.

Mas, o que trouxe a vitória
alguém até já explicou:
-A Itália tem na memória
que a FEB a libertou.

Na guerra, audaz e engenhoso,
negou trégua ao inimigo,
sem se tornar rancoroso,
trouxe a vitória consigo.

Na guerra foi varonil,
na volta, um trabalhador.
O pracinha do Brasil
trouxe a paz e muito amor.

Na Itália o barco aportou,
a bordo um grande salseiro...
O Iwersen se apressou
e desembarcou primeiro!

Na Legião Paranaense,
“Casa do Expedicionário”,
a UBT em muito suspense
faz da Trova um relicário...

Nasci onde o vento bate
e junto a um grande terreiro,
ao lado um pé de erva-mate
e um majestoso pinheiro.

Neste dia tão festivo,
data em que você nasceu,
receba o abraço afetivo
de quem nunca o esqueceu.

No mundo da fantasia
que faz sorrir a criança,
o palhaço, na folia,
é o arauto da esperança!

No seu lar pleno de amor
neste natal reine a paz,
rememorando o esplendor
de dois mil anos atrás.

O Brasil foi ao Timor
salvar aquela nação.
Levou mensagem de amor
e cumpriu sua missão!

O Brasil, país ordeiro,
jamais pensou em maldade.
Foi à guerra o brasileiro
defender a liberdade.

O civismo e a poesia
são elos de ligação
que unem, com maestria,
Trovadores e a Legião!

O homem que foi à guerra,
água fresca em seu cantil,
por certo foi um gigante
na defesa do Brasil.

O pracinha da “Legião”,
sempre bem representada,
abraça o poeta irmão
e augura feliz jornada!

Padre Alberto, capelão
da FEB expedicionário,
na Itália com distinção
lutou como um missionário!

Persistir na caminhada
de trovas sensacionais,
é missão tão delicada
quanto regar os rosais!

Pracinha soldado bamba
em Camaiore atacou
com granadas fez um samba
e o tedesco se entregou.

Quero rever os meus pagos
e ouvir toda a velha história.
Quero sentir os afagos
da minha União da Vitória.

Saúdo o neto engenheiro!
sucesso terá na soma...
Provou ser bom brasileiro
e conquistou o diploma.

Se eu devo até navegar
nas ondas bravas da vida,
preciso com você estar:
Meu amor, minha querida!

Sem demonstrar seu cansaço
e sem pensar no porvir,
no picadeiro, o palhaço
faz a plateia sorrir.

Sob intensa artilharia
conquistou Monte Castello,
onde hasteou com galhardia
o pano verde e amarelo.

Zenóbio grande guerreiro
comandou a Infantaria,
mas não superou Cordeiro...
-Poderosa Artilharia!!!
_________________________________
Hely Marés de Souza, nasceu em 1923, em União da Vitória/PR. Descende de tradicional família espanhola que introduziu o cultivo da erva-mate naquela cidade e construiu o Engenho do Mate no século XIX, localizado em Rondinha, Campo Largo. Formou-se em Direito, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde também cursou até o terceiro ano de Engenharia.

Aos 19 anos, foi subitamente convocado para integrar a Força Expedicionária Brasileira durante a II Guerra Mundial, na Itália, quando o Brasil encontrava-se ameaçado pela tirania nazi-fascista. Participou do 6º Regimento de Infantaria, 2º Grupo de Artilharia, 9º Batalhão de Engenharia, 2º Grupo de Obuses Auto Rebocado e de todas as ações da artilharia brasileira nos combates de Monte Castello, Montese, Camaiore, Belvedere, Abetaia, Monte Della Castellina, Pietra Collina, entre outros. No seu retorno ao Brasil, foi um dos fundadores da Legião Paranaense do Expedicionário, sócio n° 22, entre os 2500 registrados e seu presidente por sete gestões.

Como expedicionário, Hely fez a diferença. Ao retornar ao Brasil, vivenciou as dificuldades enfrentadas por muitos dos ex-companheiros de caserna, que diante dos horrores da guerra precisavam de apoio psicológico e financeiro. Se as famílias eram ajudadas pelo governo federal até então, o auxílio cessou com o retorno dos soldados. Diante disso, Hely se empenhou na formação e fundação da Casa do Expedicionário de Curitiba, onde atualmente localiza-se o Museu do Expedicionário, no bairro Alto da XV, para dar apoio aos ex-combatentes e suas famílias.

Formou-se em Direito pela UFPR e trabalhou no Palácio Iguaçu, onde ocupou o cargo de Procurador do Estado, tornando-se o consultor das questões mais complexas do Direito Público. Durante 30 anos, trabalhou no Palácio Iguaçu, com 16 governadores. Foi, diretor jurídico do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE. 

Foi condecorado com as medalhas de Campanha e de Guerra, concedidas pelo Ministério da Guerra; de Mérito, pelo Governo do Estado do Paraná; Mascarenhas de Moraes, pela Associação dos Ex-Combatentes do Brasil; do Pacificador, conferida pelo Ministério do Exército; de Cavaleiro da Ordem do Mérito, medalha de ouro conferida pelo Governo Polonês, em Londres; de Reconhecimento, pela Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB); da Vitória, pela Associação dos Ex-Combatentes do Brasil/RJ, e Max Wolff Filho, outorgada pela Legião Paranaense do Expedicionário. 

Grande incentivador da cultura e membro de várias entidades culturais: Membro efetivo do Círculo de Estudos Bandeirantes, Centro Cultural Ítalo-Brasileiro Dante Alighieri, Soberana Ordem do Sapo, Sociedade dos Amigos de Alfredo Andersen, Academia de Cultura de Curitiba, Clube dos Vinte e Um Irmãos Amigos e ANVFEB do Rio de Janeiro. Foi escritor, poeta, pesquisador, trovador e presidente da União Brasileira de Trovadores, Seção de Curitiba. Faleceu em 2013.

Fontes:
União Brasileira de Trovadores Porto Alegre - RS. 
Trovas de Vânia França de Souza Ennes e Hely Marés de Souza. 
Coleção Terra e Céu. vol. LXVIII. Porto Alegre/RS: Texto Certo, 2016.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...