quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Neiva Fernandes



1
A Bíblia é um dicionário
onde converso com Deus,
parece ser um diário,
não tem a palavra...adeus!
2
Amigo eu trago guardado
com muita dedicação,
naquele lugar sagrado,
que se chama coração.
3
Até mesmo os animais,
se unem nas refeições:
partilham tudo, e bem mais
seus abraços e emoções!
4
A trova tem seu valor
trazendo sempre emoção
perpetuada com amor
no livro do coração!
5
Com muita Serenidade
o nosso amor começou...
Ficou somente a saudade
depois que tudo acabou!
6
Com você sempre extrapolo
minha alegria e emoção:
- Cada momento em seu colo
põe-me em festa o coração!
7
Da música que componho,
fica difícil lembrar,
por que, só componho em sonho
e me esqueço, ao acordar.
8
Deixei pegadas na areia
indo em direção ao mar...
As dunas na lua cheia
formam beleza sem par.
9
Duzentos anos de glória
na cultura e educação.
Cantagalo, sua história
orgulha nossa nação.
10
Ela vem toda faceira,
toda coberta de flores,
minha linda Cerejeira
chega e desperta os amores!
11
Em tempos muito distantes
eu encontro uma lembrança
de dois olhinhos brilhantes
com o brilho da esperança!
12
É no relógio do tempo
que vejo o tempo passar;
alegre sem contratempo
deixo a vida me levar!
13
Eu vejo um farol brilhar
e contemplo a natureza...
Somente no teu olhar
já encontrei tanta  beleza!
14
Existe tanta beleza
e tal grandeza no mar,
que sinto na natureza
Deus presente a nos guiar!
15
Foi num barco de papel
que encontrei inspiração
para fazer um cordel
que guardo no coração.
16
Na bela estrada vazia,
procurando nova fonte,
peço carona à  poesia
buscando a luz no horizonte!
17
Na chuva ele vai cantando
e lavando o coração...
Inspiração vai buscando
com o guarda chuva na mão.
18
Nas taças, o amor brotou
e nos deu felicidade...
Do vinho, o que nos restou
tem o aroma da saudade!
19
Nossa vida é um paraíso 
de amor e felicidade...
Mas se faltar teu sorriso
a tristeza nos invade.
20
Nosso outrora tão distante
na saudade permanece,
lembrança tão incessante
que o coração não esquece!
21
Numa prisão desolado
escondendo sua dor;
vive triste abandonado
um coração sem amor.
22
O menino tão bonzinho
transmite boa lição,
abraçando o cachorrinho
com ternura e emoção!
23
O sucesso é passageiro
tenha os pés firmes no chão...
melhor que ser o primeiro
é vencer com a razão.
24
O Trianon na euforia
dos seus quinze anos de arte;
recebe com alegria
poetas de toda parte.
25
Passado se faz presente
quando estou a recordar
com você na minha mente
não posso raciocinar.
26
Primavera vem chegando
Trazendo paz e beleza...
Margaridas vão brotando
perfumando a  natureza.
27
Quatro crianças se abraçam,
com tanta graça e pureza;
seus verdes sonhos enlaçam
contemplando a natureza!
28
Quem me dera alguém pudesse
entender meu sentimento;
seria a trova uma prece
para o fim do sofrimento.
29
Se o local tem um aviso
que é Proibido beijar,
respeite, tenha juízo,
o beijo pode esperar!
30
Sobre um tapete  florido,
Vejo o outono alvorecer:..
Pensando em você, querido,
caminho e sinto prazer!
31
Tão tristes e encabulados,
dois solitários peixinhos...
Tão perto, mas separados,
 sem poder trocar beijinhos..
32
Tenho orgulho do que faço;
se é feito com perfeição.
Mas aceito meu fracasso
se não tiver solução.
33
Um arco de sete cores
estendido sob o céu...
Um sonho em seus resplendores,
sobre o mar, formando um véu.
34
Um tango hoje vou dançar
e a alegria predomina...
A dança me faz lembrar
meu sorriso de menina.
35
Vou correndo atrás do trem
com a bagagem na mão...
Aceno num vai e vem
para alcançar o vagão.
36
Xeroquei a sua imagem
e guardei na minha mente;
sempre na minha abordagem
é você que está presente.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Nadir Giovanelli



A contadora de estórias,
com graça e jeito de fada,
conta e reconta as vitórias,
dos heróis à criançada.

A lua e mar cor de prata,
vêm inspirar trovador,
que a sonhar faz serenata,
cantando versos de amor!

Amizade, um bem fecundo,
um presente em toda idade;
perfuma a vida no mundo,
deixa laços de saudade.

Araras voando em bando,
em tons mesclados de azul,
cortam céus sempre alegrando,
vistosas, de Norte a Sul.

Até em sonhos te abraço,
com tanto amor esperado,
 no aconchego do teu braço,
sempre meu homem  amado!!

A vida é louca corrida,
meu refúgio é navegar;
do veleiro, de partida,
sinto a brisa a me abraçar!

Bandeira tremula em festa,
em nosso amado Brasil;
rio que abraça a floresta,
sob o céu de puro anil!

Com palavras de louvor,
um brinde à prosperidade;
 o vinho expressa o amor,
saúde e bela amizade!

Desde que o dia amanhece,
até vir o por do  sol,
você é  luz que me aquece,
me ilumina, é meu farol.

Devagar, mesmo sem pressa,
espalhe a felicidade.
Um amigo, assim se expressa,
deixa marcas de saudade!

E nesta grande aventura,
entre nuvens e neblina,
vou sentindo lá na altura,
o efeito da adrenalina.

Envio-te uma mensagem,
de carinho e de afeição;
tem a mais pura linguagem,
que brota do coração!

Este trem  lembra um passeio,
que em Garibaldi eu fazia;
brindei e dancei, sem freio,
colhi flores da alegria!

É triste ver a gravura,
chaminés, negra fumaça;
poluição ganhando altura,
o sol perdeu brilho e graça.

Eu vejo voltando as flores,
as margaridas se abrindo,
voam folhas multicores
que do outono vão partindo.

Lembrança em porta-retrato,
de um tempo alegre passado...
É gente amiga de fato,
a quem tenho tanto amado!

Levantei-me bem cedinho,
quero subir pela estrada,
sem desviar do caminho,
que me leva a minha amada.

Na chuva tão perfumada,
me aconchego nos teus braços,
sou feliz por ser amada,
sem a pressa dos teus passos.

Na lembrança, este barquinho,
navegando sobre o mar,
tua ausência, como espinho,
queria me naufragar.

Na Terra é que se renova,
o tempo ou vida presente.
Na dor é que se comprova…
Quem é amigo da gente!

Nesta mistura de raça
sem  preconceito de cor,
a amizade se entrelaça
com respeito e muito amor.

O equilibrista valente,
sempre à frente bem ligeiro,
mas, seu gatinho inocente,
quem rouba a cena primeiro.

O exemplo da formiguinha,
que paciente no trabalho,
junta forças e sozinha,
leva o que restou de um galho...

Oh! Primavera adorada,
inspiras tantos amores;
és grandiosa, perfumada,
neste festival de flores.

O relógio é tão ligeiro,
não espera por ninguém;
vai mostrando o tempo inteiro,
que o tempo voa também.

O samba dá seu recado,
pois remexe o corpo inteiro.
Quem dança mostra o gingado,
que só tem o brasileiro.

Sete portas!... Uma aberta!...
A Deus imploro e agradeço;
preciso da escolha certa,
meu momento é recomeço!

Tempo é a bela passagem,
de quem na Terra viveu,
para levar na bagagem,
os frutos que recolheu…

Tem subida, tem descida,
a ponte me deixa muda;
descendo ninguém duvida,
que todo santo me ajuda!

Toda criança sadia,
tem nas mãos cola e papel;
pipas são sempre alegria,
subindo no azul do céu.

Uma deusa soberana,
passado e glória em museus;
Europa o mundo se irmana,
vendo a arte dos filhos seus.

Um caderno pequenino,
vai comigo o dia inteiro.
Fazer trova exige tino
e, este mudo companheiro.

Vaga a lua em noite escura,
flutuando como um véu,
despede minha amargura,
clareando todo o céu.

Vejo meu barco ancorado,
após  muito navegar;
no verão sob sol dourado,
e nas noites de luar.

Violação da liberdade,
fere a dignidade humana,
denuncie esta maldade,
quebre esta corrente insana.

Vive com bola no pé,
a "pelada" é sem chuteira;
menino tem garra e fé,
num  futebol, sem fronteira.

Vivemos lições de vida,
não sabemos do amanhã;
sorrindo e, na dor sofrida,
podemos ter mente sã.

Vou cortar esta corrente,
que aprisiona uma paixão;
não viverá  sorridente,
quem suporta a possessão.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Lourdes Gutbrod



1
Amor que não se revela,
aprisionando carinhos,
é como a rosa, tão bela,
mas guardada por espinhos!
2
A vida - sempre tão cheia
de labutas e batalhas -
para alguns é bela ceia,
para muitos... só migalhas!...
3
Como noiva prometida,
lírios na fronte e na mão,
eu te esperei toda a vida
no altar da minha ilusão!...
4
Com teu ar de indiferença
foste um vento, em minha vida,
que entrou sem pedir licença
e saiu sem despedida!...
5
Coragem!... Se Deus nos testa,
também nos cura as mazelas,
e a Vida é linda seresta
para quem abre as janelas!!!
6
Ele a “embroma”: nova data!...
E o casamento é adiado.
Vão fazer bodas de prata
pelo tempo de noivado!
7
Em cada vã tentativa
de arrancar-te da memória,
tua imagem mais se aviva
nas cenas da minha história!... 
8
É quando tu ficas mudo,
e assumes um ar lascivo,
que teu corpo fala tudo
do modo mais expressivo...
9
Felizes os que despendem
seu tempo com a educação:
esculpem almas e acendem
luzeiros na escuridão!
10
Gostava desta ousadia:
amar sem rédeas nem laços.
E acabei, por ironia,
prisioneira, nos teus braços… 
11
Grite, revele o que pensa,
com ira ou mesmo agressão!
Suporto a mais dura ofensa,
mas esse desprezo... não!
12
Já fui tua… foste meu…
Não faz mal se hoje padeço:
– Quem um grande amor viveu
acha justo qualquer preço.
13
Juras de amor… Uma rosa…
Recomeça tudo, enfim!
E, nessa hora venturosa,
já não sou dona de mim!…
14
Liberdade!... Infelizmente
muitos a buscam no vício,
forjando a própria corrente
que os arrasta ao precipício!
15
Mentir era tão frequente
- por brincadeira, vaidade… -
que a mentira, finalmente,
tornou-se a minha verdade.
16
Na minha vida sombria,
que só conhece empecilhos,
sou um trem sem serventia,
parado... fora dos trilhos!...
17
Não julgue, ao perder a calma,
que o mundo é uma grande arena
e, abrindo as janelas d’alma,
diga à vida: - Vale a pena!
18
Não sabes... não adivinhas,
lendo as cartas que te escrevo,
que digo, nas entrelinhas,
tudo aquilo que não devo...
19
Nas vãs promessas que fazes
não suponhas que acredito:
Queres prazeres fugazes...
e eu busco amor infinito!
20
Navegante sem destino,
ante um naufrágio medonho,
eu me agarro, em desatino,
aos destroços do meu sonho!...
21
No espaço, além, fui buscar-Te
sem que, ó Deus, Te revelasses...
e estavas em toda parte
sob as mais diversas faces.
22
Passam céleres as horas,
tudo é mutável e obscuro...
O tempo engole os agoras
e tem fome de futuro!
23
Passo momentos felizes
vivendo só de ilusão,
pois as mentiras que dizes
são, na verdade, meu pão.
24
Pedes perdão... e eu, vencida,
com teus beijos me deleito,
e ouço a música da vida
tocar de novo em meu peito!
25
Qual de nós dois nesta trama
é mais falso ou desonesto:
– Você... ao dizer que me ama?
Eu... ao gritar que o detesto?
26
Quando a volúpia me invade,
eu me entrego em cada gesto...
Perco o nome, a identidade.
Sou tua! Que importa o resto?...
27
Quando eu partir, não precisa
louvar-me... expor-me em retratos:
lembre, só, que fui poetisa
e apaixonada por gatos!!!
28
Quando voltas, não te acanhas:
pedes desculpa e me agradas...
E eu me rendo às artimanhas
dessas conversas fiadas!...
29
Quantas cenas de ternura,
se estamos juntos, a sós!
Sem timidez nem censura,
em nosso palco... só nós!
30
Que importa se me sorrís,
às vezes, por compaixão?
Prêmios me fazem feliz,
mesmo os de consolação.
31
Quem conhece o desencanto
e os desgostos por que morro
percebe sempre, em meu canto,
muitos gritos de socorro!
32
Quem diz ter sabedoria
e os seus talentos exalta,
revela, por ironia,
justamente o que lhe falta!
33
Quis arrancar brutalmente
do meu passado as raízes,
mas você está presente
mesmo em minhas cicatrizes!...
34
Se aos infelizes dás sobras
com desdém, indiferença,
há, decerto, nessas obras,
não bondade... mas ofensa.
35
Sem me curvar à derrota,
nenhum desalento esboço.
E à esperança mais remota
respondo bem alto: Eu posso!!!
36
Se o homem romper a grade
que o fecha em seu egoísmo,
será a Fraternidade
uma ponte sobre o abismo.
37
Sou um verbo transitivo
que nunca encontrou objeto,
condenado, sem motivo,
a ser assim: incompleto...
38
Tamanha paixão eu tinha,
e há tanto que te aguardava
que, ao me elegeres raínha,
eu me entreguei como escrava!
39
Tu chegas...e, em vez de paz,
trazes dúvida e aflição,
pois sei que é o pouso fugaz
de uma ave de arribação...
40
Tu chegaste sem rodeio,
fingindo paixão por mim...
E eu apenas fui um meio
para atingires teu fim.
41
Tu vens, ardoroso e amante...
e sempre partes, ligeiro.
Qual relâmpago, és vibrante,
mas de fulgor passageiro.
42
Um mundo humano e decente
eu sempre buscava a esmo...
até saber que era urgente
mudar, primeiro, a mim mesmo!
43
Usas, para conquistar-me,
fogoso e avassalador,
uma máscara de charme
e os ardis de um sedutor!
44
Vendo-te à luz da Razão,
com a máscara caída,
descubro o grande vilão
que encarnaste em minha vida!
45
Voltar para mim?… Não tente,
tudo está morto e enterrado.
Rompi, de vez, a corrente
que me prendia ao Passado!…
46
Voltas… e, ouvindo os teus passos,
cheia de amor e esperança,
eu, de novo, te abro os braços,
sem condições nem cobrança!

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Lia-Rosa Reuse (1947 - 2011)



1
A beleza é a cortina
da dura realidade
para a qual não há vacina
salvo a solidariedade.
2
Abro todas as cortinas
do meu ser à vida plena:
um dia esgotam-se as minas
desta passagem terrena.
3
Aquele galo imponente
foi tão gracioso pintinho;
morreu na rinha inclemente,
longe dos seus e sem ninho.
4
Aqueles céus estrelados
que viam nossos avós
diante das casas, sentados,
são só sonhos para nós
5
Brincando alegres nos mares,
sem roupas e bem juntinhos,
ante todos os olhares
nadavam os dois golfinhos!
6
Cada instante é a vidraça
pela qual podemos ver
que, forma física ou raça,
não é a essência do Ser.
7
Cada ser é gota d’água
que faz os mares e avança;
é Deus que evitando a mágoa
de todos, dá sua lança.
8
Caminhava solitário
pela estrada inexorável
o tempo com seu rosário
de almas, pobre miserável.
9
Cobre o mundo uma cortina
que exibe a palavra PAZ
porém qual é mesmo a sina
que se encontra por detrás?
10
Como é imenso teu valor
dentro do grande universo,
de toda a alegria ou dor
sabe retirar um verso.
11
Como explicar a beleza
que vai brotar de um poema?
É mistério, singeleza,
é o autor em seu dilema.
12
Como explicar a poesia
que nasce no coração?
É tristeza, é alegria,
é prece e também canção.
13
Como posso ver beleza
sem sentir no coração
toda a mágoa e a tristeza
daquele que não tem pão?
14
Como saber se é urgente
de verdade o que queremos
quando tanta, tanta gente
nada tem do que nós temos?
15
Convidou-me uma baleia
pra ver o fundo do mar
onde estava a Lua Cheia
em busca do verbo Amar.
16
Do outro lado da vidraça
a força da natureza,
maltratada por fumaça
defende sua beleza.
17
Ela amava a descoberta
do cosmos, filosofia.
Descobriu com mente aberta,
ser cortina que o escondia.
18
Era luz, era poesia,
era carinho e ternura,
era fonte de alegria:
minha infância de candura.
19
Infeliz quem fecha a porta
ao triste que tanto chora,
nele Deus vê quem se importa
com Ele e então vai-se embora.
20
Janela aberta, vidraça
levantada é coisa antiga.
O que o progresso estilhaça,
a natureza mendiga.
21
Menina se apaixonou
por moço belo, maduro,
que, num coração, traçou
seus nomes num largo muro.
22
Mergulhado na harmonia,
o bom coração transporta
como terna sinfonia
quem procura sua porta.
23
Nas profundezas do mar
cantam tímidas sereias,
suas vozes ao luar
são sinfonia na areia.
24
Nas terras como nas águas
o Amor escreveu só ‘Paz’,
a inveja jogou-lhe tábuas
acrescentando  “Aqui jaz” .
25
Os namorados à porta
da cozinha conversavam
e, fugindo para a horta,
escondidos se beijavam.
26
Os noivos diante da torta
de casamento murmuram
que se abre enfim a porta
dos desejos que os torturam.
27
O Sol brilha sobre a Terra,
mira-se em cada vidraça,
onde o homem faz a guerra
sua luz se despedaça.
28
Pareciam meus amigos
enquanto a sorte brilhou.
Quando chegaram perigos
quem é que não me deixou?
29
Passou por mim a beleza,
com um beijo me tocou,
trouxe de elogios riqueza,
mas não mudou o que sou.
30
Por favor não tenha inveja
do talento que o outro tem;
descubra o seu e então seja
tal qual é, como ninguém.
31
Quando desabrocha a flor
perfumada de beleza,
é da semente o valor
que oferece a natureza.
32
Quando escrevo minha trova
minha estrela me seduz,
me ilumina, me renova
e então sou apenas luz.
33
Quando o verde é a cortina
que abriga o bom animal,
se algum homem a elimina,
planta ali seu próprio mal.
34
Somos todos animais;
sê modesto, nunca esquece.
Somos só uma espécie a mais
que no universo envelhece.
35
Tenha uma alma transparente
como a límpida vidraça,
que seu coração e mente
mostrem caráter sem jaça.
36
Todos passam pela porta
da justiça e da clemência,
quando declarada morta
esta vida de aparência.
37
Trem da vida vai passando,
na fumaça do vapor,
pelos trilhos vai mostrando
do carvão todo valor.
38
Tu, soldado valoroso,
vens voltando das batalhas
de uniforme tão formoso
e o coração em migalhas.
39
Veja como se comporta
cada ser na natureza:
cada detalhe é uma porta
bem aberta à profundeza.

Lia-Rosa Reuse nasceu em Caxias do Sul/RS, em 1947, filha de José Albino Reuse, Agente e Tesoureiro dos Correios e Telégrafos durante muitos anos e Verginia Botini Reuse, Auxiliar de Tesouraria, pelo que morou grande parte da sua vida no respectivo prédio, sendo conhecida como "A Menina dos Correios". 
 Aos dois anos aprendeu a ler sozinha e pouco mais tarde traçava suas páginas dedicadas a seus pais, suas bonecas, a um gatinho que lhe fora furtado.
 Foi professora de Francês na Aliança Francesa, de várias matérias em escolas estaduais e particulares; responsável pelas provas vestibulares de Francês da Universidade de Caxias do Sul onde o lecionou no Curso de Letras e de Filosofia do Direito no Curso de Ciências Jurídicas. Conquistou os seguintes diplomas de estudos superiores : Língua e Literatura Francesas - Universidade de Nancy - França ; Letras-Francês, Ciências Jurídicas e Sociais, Filosofia, Psicologia. Fez estudos nas áreas de Música, Jornalismo, Especialização em Filosofia e Teologia. Foi redatora do espaço da Ordem dos Advogados do Brasil no jornal Pioneiro, produtora da revista bilíngue ( Francês/Português ) LeReLeR nos dois anos e meio em que circulou
 Teve formação superior com estudos desenvolvidos no Brasil e na França; graduada em Letras (Português e Francês), Ciências Jurídicas e Sociais, Filosofia e Psicologia.  Como Advogada Criminalista atuou no Tribunal do Júri de Caxias do Sul.
 É autora da obra “A Estrela de Daniel”, lançada em 1997, dos romances “Princesinha da Casa Verde”, em 2006, e “A Menina dos Correios”; de “Ninho de Anjos”/ poesias, em 2008, e dos seguintes livros bilingues ( de sonetos em Francês traduzidos para o Português pela autora): Pétales de Lumière (Pétalas de Luz), Mon Corps – Une Pensée (Meu Corpo - Um Amor Perfeito) , Chant de Siréne au Bord du Fantastique (Canto de Sereia á Beira do Fantástico). Em 1997 estabeleceu o primeiro contato com a ACL participando de seu I Concurso Literário com a crônica "Os Girassóis de São Pelegrino" que se classificou em 1º lugar.
 Participou de diversas antologias no Brasil e no exterior, em português e em francês. Tem obras individuais, em poesia e em prosa, publicadas em ambos idiomas. Foi membro de Academia Virtual Brasileira de Letras, da Academia Caxiense de Letras-RS e da União Brasileira de Trovadores Seção Caxias do Sul.   
 Faleceu em 2011, aos 64 anos de idade, na mesma cidade em que nasceu.

Fontes:
http://paginas.terra.com.br/arte/reuse/
– União Brasileira de Trovadores de Porto Alegre. Milton S. De Souza (editor). Livro de Trovas de Alice Brandão e Lia Rosa. Coleção Terra e Céu vol. XCIX. Porto Alegre/RS: Textocerto, 2016.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...