sábado, 23 de fevereiro de 2019

Ana Michel


A alegria bate à porta
do coração sossegado...
Ele até pouco se importa:
quer ficar inebriado...

A cada estrela cadente,
novo pedido se faz...
Eu peço a ela, somente,
que este mundo viva em paz...

A densidade da dor,
não se mede pelos ais...
Quem se cala por amor,
sempre sofre muito mais...

Agora parece pouco,
mas que novela que era
aquele período louco:
nosso tempo de paquera.

Ah! O tal fundo do poço
é sempre surdo aos clamores...
Um infernal calabouço
De angústias e muitas dores...

A menina que cantava,
no portão, linda canção,
nem notou que assim estava
me roubando o coração...

A novela mais vivida,
Não vou contá-la. Não devo...
É aquela que, comovida,
no meu dia a dia, escrevo...

Chora na noite estrelada
pelo amor que se perdeu...
E a lua diz, acanhada:
- Este poder não é meu...

Continuemos a rotina
desta jornada comprida,
antes que feche a cortina
do grande palco da vida...

Demora... pressa... ansiedade...
sensações tão passageiras...
Parecem eternidade
nas nossas paixões primeiras...

Depois de ouvir trovadores
vindos de estados distantes,
Guaiba não é mais, senhores,
o mesmo rio que era antes...

Desce do céu uma luz,
com suave e alegre brilho:
é o sorriso de Jesus
quando um pai abraça o filho...

Dos brinquedos de criança,
lembro pião e amarelinha...
Lembro a menina de trança...
E esta saudade é só minha.

Em época tão precária
e tempos tão conturbados,
a lua, tão solitária,
é a deusa dos namorados...

Era um marasmo qualquer
no mundo que Deus criou...
Surgiu, enfim, a mulher,
e a calmaria acabou...

És, da juventude, amigo...
Oh, que rica convivência...
Quero-te sempre comigo,
até o final da existência...

Fazer artes era a norma
da criança ingênua e pura...
Chega o cupido... e transforma
a sua vida em pintura...

Fiquei de vir... e não vim
com a roupa cor de anil...
Meu clone veio por mim:
era Primeiro de Abril!

Inspiração é somente
quando, cheia de emoção,
transborda a alma da gente
e foge do coração...

Jogar xadrez, que beleza,
mudar pedra ao deus-dará...
Xeque-mate, com certeza,
na hora certa virá...

Jogos Florais cá do Porto
muito Alegre dos casais,
reuniu trova e conforto
na feira à beira do cais.

Lá no baú procuramos
Nosso ursinho de pelúcia...
De lá nós o resgatamos,
com amor e com astúcia...

Meio século de união
faz de duas, uma vida.
E medita o coração:
- Mas que novela comprida!

Muita saudade deixou
aquele que me quis bem.
Saudade de quem ficou
nos braços de outro alguém...

Na odisséia desta vida,
em corrida estabanada,
fui criança destemida...
Hoje sou vovó cansada...

Não ouça o mundo presente,
nunca mais, os sons da guerra...
Surja da paz a semente
ao acalanto da Terra.

Naquela chuvinha andavam
os tamancos de madeira...
E a menina torturavam
com a sua barulheira...

Neste jardim da existência,
és minha flor mais querida...
A tua suave essência
é estrela na minha vida...

Nos despertando ternura,
dorme a criancinha... e sonha...
E, na mais doce postura,
a acalenta a mãe risonha...

Nossa UBT te convida
para conosco trovar...
Trovar é boa pedida
para quem quer inovar...

No vai-vem do dia a dia,
tudo sobe, nada desce...
Só o dinheiro da Maria
do bolso desaparece...

O amor nos aquece a alma,
num sentimento profundo.
E nós dois, com muita calma,
incendiaremos o mundo...

O filho é fruto do pai
e o pai é fruto do filho...
Semente que perto cai,
o amor faz seguir no trilho...

Olho a luz da janela
e fico assim bem quietinho...
Quem sabe um abraço dela
vem aquecer o meu ninho?

O seu gesto, ao abanar-me,
deixa-me em dúvida agora:
não sei se estás a chamar-me,
ou queres mandar-me embora...

Para envolver-te em meus braços,
te fazer enlouquecer,
te cobrir de mil abraços,
só deusa eu queria ser...

Para quem anda estressado,
perdendo quase a coragem,
num minuto aproveitado
a trova leva a mensagem...

Para todos nasce o sol...
E o luar, bem de mansinho,
vem cobrir, como um lençol
de esperanças, o caminho...

Pela sua professora,
quem não esteve apaixonado?
levando um choque na hora
em que a vê com o namorado...

Pra buscar água na fonte,
vou alongando meus passos...
Tenho que cruzar a ponte
que me leva até teus braços...

Qual estrela luzidia,
chegastes em minha vida,
para com tua alegria
encontrar em mim guarida...

Quando estás longe de mim,
minha vida é nostalgia.
Perto, alegria sem fim.
O nome disto é magia.

Quem irá compreender
o enigma que aqui vai:
o tal nenê que, ao nascer,
produziu o próprio pai?

Quem quiser saber meu nome
tem que descobrir primeiro
o vício que me consome:
sou trovador brasileiro.

Que surpresa, ele malogra
no apagão daquele dia:
termina beijando a sogra,
em vez da própria guria...

Solidão traz apertado
o coração sofredor
que desperta inebriado
ao toque do novo amor...

Tem nas mentes dos poetas
fantasmas esvoaçantes
que brincam, soltando inquietas
as lembranças delirantes...

Tempestades de tristeza
assolam a noite fria...
Depois fogem com presteza
ao raiar do novo dia...

Uma nuvem passageira
escureceu nosso céu...
Se tu voltares, ligeira,
afastarás este véu...

Um raio de luz parece
esta cena tão singela:
calmo nenê que adormece
enquanto a mãezinha vela...

Um sorriso afivelado
num rosto, antes tão frio,
transforma um homem calado
num personagem de brio.

Vovô vive na incerteza
a cada dia que passa...
Pois vê, com muita tristeza,
a brasa virar fumaça...

Vivi a vida inutilmente
só tentando te esquecer...
Mas descobri, finalmente,
que te amar é que é viver.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Alice Brandão


1
A doce luz da alvorada
que um novo dia anuncia
põe sobre a terra orvalhada
sobretons de poesia!
2
A essa gente faladeira
aconselho sem temor:
– Atire a pedra primeira
quem nunca foi pecador!
3
Alegria, se eu te sinto,
não obstante os sermões,
é que em todo o labirinto
Deus me aponta as direções.
4
As mágoas, os dissabores,
vê se esquece, segue em frente,
e planta, por onde fores,
do amor e paz, a semente.
5
A terna luz da alvorada
que precede o novo dia
deixa a terra iluminada
com cores de poesia!
6
Bendigo essa luz que, um dia,
em minha estrada brilhou,
e resgatou a alegria,
que o tempo quase apagou.
7
Bocadinhos de saudade
cobertos de nostalgia
são pura felicidade
com que nos brinda a magia!
8
Cumpri certinho a receita:
rima dupla em quatro versos.
Saiu a trova perfeita
onde vibram universos.
9
Da catedral da cidade,
a porta rica e dourada
discorda da caridade
que lá dentro é apregoada!
10
Desdenho a hipocrisia,
a ganância e a avareza
que alicerçam cada dia
tanto sonho de grandeza.
11
Despertar entre teus braços
foi meu desejo na vida;
do amanhecer, ver os traços,
sem que houvesse despedida!
12
Em meio aos lençóis de linho,
num abraço acolhedor,
a seiva do teu carinho
fortalece nosso amor!
13
Em silêncio, o pirilampo
cumpre essa nobre missão:
de por luzes pelo campo
qual estrelas na amplidão!
14
Enquanto as bombas da guerra
ceifam a vida inocente,
há mãos que unidas na Terra
pedem paz ao Deus clemente!
15
Enquanto a vida se enfeita
com sorrisos e amizades,
vou preparando a colheita
das lembranças e saudades.
16
Essa agridoce saudade
que faz da gente refém,
maltratada, é a verdade,
mas nos conforta também.
17
Há tanta luz na cidade
empalidecendo a lua...
e, órfãs da felicidade,
tanta criança na rua!...
18
Imploro que sobre a terra,
num gesto nobre e audaz,
em vez de bombas de guerra
se plantem flores de paz!
19
Magia é ver, finalmente,
o tempo a concretizar
aquele sonho, que a gente
passou a vida a sonhar.
20
Meu Brasil, vou declarar,
por ti, um amor sem igual:
és minha pátria, meu lar,
talvez meu leito final!
21
Na minha face, essas linhas
formam condecoração,
pois representam todinhas
as lutas do coração.
22
Nessas trovas que hoje eu faço
transparecem só fragmentos
das ideias que eu abraço,
das lutas e sofrimentos.
23
No cais, um lenço acenando
em tom de incredulidade,
aos poucos vai se afastando,
dando lugar à saudade.
24
No coração há magia
e o futuro é uma promessa...
No labor de cada dia
a esperança recomeça!
25
No recôncavo uterino
pouco a pouco, se processa,
o milagre mais divino:
– de nova vida, a promessa!
26
No refúgio de teus braços
encontro a felicidade,
porém, longe de teus abraços,
viro refém da saudade!
27
Numa colcha de retalhos
costurei nossas lembranças
e alinhavei os atalhos
com a linha da esperança.
28
Num sorriso de criança
vejo a vida amanhecer
povoada da esperança
de um eterno vir a ser...
29
O carinho revelado
sem que o olhar pressentisse,
ficou mais que comprovado,
embora a boca mentisse.
30
O mar, profundo e enganoso
se agita, cresce e se espraia;
lança-se forte e orgulhoso
e morre manso na praia.
31
O pão não tem preconceito,
é modelo de nobreza,
pois é por todos aceito,
fica bem em qualquer mesa.
32
O teu beijo sedutor
que me dá tanto prazer,
tem, do champanhe, o sabor
e as luzes do amanhecer!
33
O teu trabalho incessante
criou uma grande cidade
que te agradece, imigrante,
por toda a posteridade.
34
O trovador que se preza
ri mesmo da própria dor,
porque na trova ele reza
a força viva do amor!
35
Para esquecer a tortura
dos problemas e cansaço,
quero entregar-me à ternura
que só encontro em teu abraço!
36
Pela culpa confessada
ante o Teu imenso amor,
dou graças emocionada
pelo perdão redentor!
37
Pela maré desta vida
eu navego em solidão,
desejando achar guarida
no cais de teu coração.
38
Pelas ruas da cidade
crianças sonham em vão,
buscando a felicidade
no retinir de um tostão.
39
Pelos muros desta vida,
passa a vassoura do tempo:
vai varrendo decidida
toda a dor e contratempo.
40
Picadeiro iluminado
e a plateia a gargalhar;
é o palhaço que, inspirado,
faz graça pra não chorar!
41
Por falso amigo iludido
com dinheiro e seu valor,
o Rei dos reis foi traído
com um beijo enganador!
42
Quando a saudade atrevida
me transporta ao que passou,
nosso adeus é uma ferida
que ainda não cicatrizou.
43
Quando a vida tiver fim
hei de sempre ser lembrado,
pois deixo um pouco de mim
em cada órgão doado.
44
Quando um dedo tu apontares
ao defeito de um irmão,
verás logo, se pensares,
outros três te apontarão.
45
Quem, do cume, avista o vale
conclui, ao ver-lhe a beleza:
-Não há nada que se iguale
à força da natureza!
46
Quem é que em sonho tão vil
manchou o teu coração,
plantando em ti, meu Brasil,
violência e corrupção?
47
Revelando seus pendores,
o prisma reflete a luz
que, desfeita em sete cores
rebrilha, encanta, seduz!
48
Ser presa ou ser predador?
Essa coisa até tem graça:
quem um dia é caçador,
em outro pode ser caça!
49
Todo mundo é mesmo artista
na coragem exibida
como exímio equilibrista
na corda bamba da vida!
50
Vi passar a mocidade
de braços dados ao vento:
Deixou rastros, que a saudade
me traz a cada momento.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Dalva de Araújo Sales


Acorrentado e com medo
bem quietinho ao lado dela,
ele aprende desde cedo
que em casa quem manda é ela.

A família indiferente
vai diluindo o aconchego
que existia antigamente,
e que hoje tem novo apego.

A fumaça escura e fria
sufocando a humanidade.
Mas a esperança é que um dia
Um Sol trará liberdade.

Água, tesouro da vida,
não nos falte por favor,
pois a terra ressequida
chora a falta deste amor.

A paisagem se desmembra
na visão hospitaleira.
Uma emoção que nos lembra
a bandeira brasileira.

Assim Deus à nossa frente
postou a felicidade,
ensinando a cada mente
que a seta indica bondade.

Deixando o torrão natal,
o coração apertado,
segue o migrante afinal
tecer o que foi sonhado.

Devoção de mãe parece
mesmo, um amor diferente.
Sempre que o filho adoece,
ela fica mais doente.

Em paz no final do dia,
só nós dois a contemplar
a beleza que irradia
o ouro do sol com o mar.

É Natal, e a multidão
enlouquece na gastança,
esquecendo que a intenção
é adorar Jesus criança.

Existe sempre beleza
nos versos do trovador
que disfarçando a tristeza
põe lirismo em sua dor.

Expondo-se o preconceito,
talvez seja a melhor forma
de mostrar não ser defeito
qual a cor que a pele informa.

Feliz o ser que carrega
para o final da existência,
o orgulho de quem entrega
em paz, a sua consciência.

Infância, quanta beleza
nesta imagem estampada,
a calma da natureza
reflete a paz desejada.

Lua de mel em Paris,
formação de um novo lar,
na recordação feliz
o abajur a iluminar.

Meu coração forte pulsa
lembrando o time da escola
que um dia fui quase expulsa
só porque pisei na bola.

Na corda bamba da vida
segue o filho distraído,
a lua dando guarida,
luz maternal é o sentido.

Na imensidão dos espaços
o nosso planeta azul
é amparado pelos braços
dos anjos de norte a sul.

Nesta visão tão solene,
quando a lua beija o mar,
vejo ali bênção perene
de Deus a nos confortar.

Neste lindo quadro eu vejo
num mar de letras imersos
os abraços que desejo
envolvida nos teus versos.

Num lodaçal despontou
um pé de rosa encarnada...
Nem por isso ela deixou
de ser rosa perfumada.

O céu e mar em harmonia
confundem-se em suas cores;
a aeronave em sintonia
como em suaves louvores.

O vento soprando leve,
perfume de flores no ar...
A primavera aparece
nos convidando a sonhar.

Se com armas presenteias
a criança, sem prudência,
estás pondo em suas veias
o vírus da violência

Se te espero e tu demoras,
o relógio no meu braço
vai crescendo com as horas,
tomando-me todo o espaço.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Zelinda Slomp (1931 - 2014)


1
A água move o moinho, 
o moinho mói o grão... 
Do grão moído, fininho, 
sai farinha para o pão. 
2
A energia das mãos dadas, 
numa devota oração, 
sempre abre portas fechadas
e conquista o coração. 
3
A mãe natureza oferta
florestas, a água e o ar. 
Elementos, que na certa, 
precisamos preservar. 
4
À sombra da Catedral
está o velho campanário
chamando todo pessoal
para rezar o rosário... 
5
Cheia de nós pelas costas
e a língua muito ferina, 
tem sempre pronta as respostas 
a irrequieta menina! 
6
De mãos dadas e beijinho, 
arrulhos no roseiral. 
Cenas de amor e carinho
do apaixonado casal. 
7
Diga com toda franqueza:
Oh! Espelho, espelho meu! 
Onde está toda beleza
que a natureza me deu? 
8
Do primeiro namorado, 
guardo sempre na lembrança
um doce beijo roubado... 
Brincadeira de criança... 
9
Eu te exalto, verde e ouro
como exalto o branco e o anil. 
São símbolos do tesouro
que é o nosso imenso Brasil. 
10
Harpas, violinos e banjos, 
em suave melodia, 
embalam cantos de anjos
ao chegar um novo dia. 
11
Homem de boca pintada, 
mulher de basto bigode:
é correr em disparada, 
pois com eles ninguém pode! 
12
Maria Mãe de jesus, 
da catedral padroeira, 
seu exemplo nos conduz
a uma fé mais verdadeira. 
13
Milhões de luzes brilhantes
no universo das estrelas
são como joias distantes, 
só vejo, não posso tê-las! 
14
Não fiques aí na gare
olhando o trem que passou. 
Corra, lute, não pare, 
que a vida o vento levou.
15
Não há no mundo uma herança
mais rica e mais valiosa
do que uma bela lembrança
escrita em verso ou e prosa... 
16
No começo deste dia, 
a minha bela oração:
peço a Jesus e Maria, 
dos males - libertação. 
17
No grande palco da vida
há um cenário iluminado
por uma estrela perdida
que espera a volta do amado. 
18
O enorme brilho da lua
faz aumentar o meu desejo
de tocar tua pele nua
com o calor do meu beijo. 
19
O poder da minha fé
está sempre na oração:
peço a Maria e José, 
ajuda e consolação. 
20
O povo na Catedral, 
numa sublime oração, 
louva o Cordeiro Pascal
com amor e devoção! 
21
Para vidas estressadas, 
existe uma solução, 
se estivermos de mãos dadas, 
"Coração a coração"! 
22
Por lugares bem risonhos
viaja o meu pensamento... 
Vai transformando os meus sonhos 
em ânsias soltas ao vento. 
23
Por um ato de bravura, 
por um ato de grandeza, 
abolindo a escravatura, 
perdeu seu trono a princesa. 
24
Quando fenece o vigor, 
com as águas já passadas, 
restará amizade e amor
caminhando de mãos dadas. 
25
Quem na lisura não medra, 
deve agir devagarinho, 
evitando jogar pedra
no telhado do vizinho. 
26
Quem na vida pede tralhas
não lamente o que perdeu, 
pois as tralhas são migalhas
de tudo o que Deus lhe deu! 
27
Quem tem força, garra e raça, 
e faz tudo com amor, 
vai em frente, enfrenta, abraça... 
Será sempre um vencedor! 
28
Quem na vida tem vontade
de galgar os altos cumes
tenha ao seu lado a bondade, 
e de nada tenha ciúmes. 
29
Saint-Exupéry criou
um príncipe de alma pura
que toda jovem buscou
como fonte de cultura. 
30
Se adormecer o vigor
com as águas já passadas, 
haverá amizade e amor
caminhando nas calçadas. 
31
Se é amor a primeira vista, 
não perca a oportunidade:
vá em frente, não desista, 
abrace a felicidade. 
32
Sejam Maria ou Teresa
a musa do eterno amante, 
é na língua portuguesa
que o verso aflora vibrante. 
33
Somente tendo vontade
não se criam boas trovas. 
É preciso, na verdade, 
buscar sempre ideias novas! 
34
Se perguntar não é ofensa, 
digo então para a comadre:
Tens barriga de nascença? 
Ou é obra do compadre? 
35
Tem um fantasma escondido
nas brumas do meu passado, 
lembrança do amor partido
do primeiro namorado! 
36
Tenho sempre na lembrança
aquele amor que perdi. 
E por simples vingança, 
só sublimei, não vivi. 
37
Toda luz que nos aquece
emana, sempre, de Deus;
nosso Pai jamais esquece
dos amados filhos seus!
38
Todos no palco da vida, 
representam seu papel:
para uns, difícil lida... 
para outros, só favos de mel. 
39
Velho, levante a cabeça! 
Não mire apenas o chão! 
Deixe que o mundo conheça
em seu olhar... a paixão! 
40
Zás-trás! É num só segundo
aciono um simples botão. 
Abro a janela do mundo, 
recebo a Televisão.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...