domingo, 3 de março de 2019

Lydia Lauer (???? - 2004)


Abre a gaiola, menino,
deixa o pássaro voar.
Deus lhe deu este destino:
ramos verdes, sol e o ar.

A casa da minha sogra.
é lugar onde me escondo.
ninguém me pega, nem logra
em casa de marimbondo.

A droga muito entusiasma
menino inexperiente,
fazendo dele um fantasma,
um malvado e dependente.

A espuma do mar é doce,
mesmo ele sendo salgado,
o inventor fez com que fosse
sem sal o doce inventado.

A mulher é descansada!...
Preguiçosa é o que ela é,
pois faz sempre bem sentada
o que o homem faz em pé.

Ao dormir, os animais
permanecem sempre alerta.
Os homens e os ancestrais
só roncam de boca aberta.

Aqui vai um grande abraço,
num cacho do meu carinho
que, enrosquilhado num laço
tem cor e gosto de vinho.

Barata na marmelada
na banca do seu Abreu
chora, toda lambuzada
o “barato” que morreu.

Com meu olhar distraído
mal noto a vida danando,
num palco já escurecido
com a cortina fechando.

Cor: amarelo vibrante
Sabor: espetacular
Espuma: branca, constante.
Cerveja: bem de-va-gar.

Cumpre o dever com cuidado
que é uma nobre lei cristã.
O tempo desperdiçado
vai fazer falta amanhã.

Disse o tomate à banana,
ele que era só um fedelho:
- Não tire a roupa bacana,
que fico todo vermelho.

É fácil criar a trova.
Basta rimar a receita:
ter bom ritmo, ideia nova,
metrificação perfeita.

É inverno de manhãzinha...
campo branco de geada...
Chimarrão? Lá na cozinha,
onde a porta é franqueada.

Ela deixou sobre a mesa,
numa folha de papel,
cruel adeus... que vileza!
Uma flor e o meu anel.

Envolvido na emoção
e esplendor deste luar,
meu amor, peço perdão
se esqueci de te beijar.

Este poncho esfarrapado
é uma bandeira pra mim.
Na refrega desfraldado
acompanhou-me... até o fim.

É uma estação de lamentos,
tem um jeito de abandono.
Folhas cansadas de ventos
morrem no peito do outono.

Eu sou um barco sem leme
na falta da sua mão.
Sem apoio, a minha treme,
procurando amparo em vão.

Há, na enseada da vida,
três caravelas no cais:
Uma, esperança perdida
Duas, sofrendo demais.

Lua cheia na varanda,
suave aroma de flor
é a inspiração que comanda
a lira do trovador.

Luz modesta e pequenina
de valor raro, puríssimo
é a chama da lamparina
acompanhando o Santíssimo.

Minha mãe é tão velhinha,
delicada, carinhosa,
tem a cabeça branquinha,
mas o frescor de uma rosa.

Minha mãe quando mocinha
em cuidados e desvelos,
com a flor que mais convinha
enfeitava seus cabelos.

Nariz vermelho, gelado,
no inverno mal aguento.
É claro, segue pelado
na frente cortando o vento.

No verão, na minha terra,
vem mosquito safadão.
Faz zum... zum... e depois ferra.
deixa marca e comichão.

O bigode do compadre
vai ficar para depois.
Falo só no da comadre,
pois que vale pelos dois.

O biquíni no varal
balançando o dia inteiro
sem querer faz muito mal
aos rapazes do mosteiro.

O careca inteligente
que se salva como pode
não dá bola, vai em frente,
de cavanhaque e bigode.

O ciúme bem dosado
é uma taça de licor,
meio amargo, mas rosado,
numa bandeja de amor.

O ciúme pediu prazo
junto ao tribunal do amor.
O juiz deu fim ao caso
na solitária da dor.

O meu clone certo dia,
lá no céu tentou entrar,
mas, sem a carta de alforria,
São Pedrinho o fez voltar.

O meu marido pinguço
é feio como a desgraça
pobre, careca, dentuço,
e se afunda na cachaça.

O trovador se liberta
compondo versos risonhos.
É assim... uma porta aberta
nos paraíso dos sonhos.

O vento levou meu sonho,
rodopiou com vontade,
fez meu coração tristonho,
pergaminho da saudade.

Parabéns ao tropeirismo
por desbravar nossa terra,
pelejador do civismo
que faz conquista sem guerra.

Praia sem graça é aquela!
Só tem cara cabeludo,
pirralho feio e magrela
e velha mostrando tudo.

Praia!... Sol! Manhã risonha!
O ar vai ficando quente.
Ah! biquíni sem vergonha!
Não hã cristão que te aguente!

Quando não puder bater,
em teu peito o coração,
salva a vida de outro ser
na sublime doação.

Realidade da vida
que fica atrás da cortina,
liberal ou proibida,
é sempre a que mais fascina.

Roda do tempo girando,
no espaço largo sem fim
é como um disco gravando
a vida dentro de mim.

Se falar, tenha certeza.
Não diga palavra oca.
São joias da natureza
o que sai da sua boca.

Se no lugar por onde passas,
deixares bens e carinhos.
encontrarás também graças
e amores nos teus caminhos.

Solta a barca pescador!
Vai ao mar pescar com ela.
Fica em terra teu amor
aguardando na janela .

Tudo temos de pagar:
o pão, a roupa, a cachaça...
e quem não se conformar,
nem no céu entra de graça.

Uma estrelinha cadente
encontrou seu namorado.
Deu-lhe um beijo incandescente
e um abraço enluarado.

Vai caravela perdida,
nos grandes mares distantes,
como pétala esquecida
na saudade dos amantes.

sábado, 2 de março de 2019

Luci Barbijan


A beleza do poente
quando o Sol vai descansar,
se iguala, quando presente,
ao amor: “Luzes no Olhar”.

A dor que o coração sente,
ao partir um ser querido,
só deixa na nossa mente:
”Rastos de um amor partido”.

Ah! Quanto deleite e amor
tua carta me trazia
Cada palavra, uma flor;
cada frase... poesia.

A Lua sonha acordada
desejando o alvorecer.
Pelo Sol quer ser amada
no encontro, do amanhecer.

Amigo boleia a perna,
e apeia desse malhado.
Com minha amizade eterna,
dou-te um abraço apertado.

Ao gaúcho altaneiro
”que lutou por liberdade”.
Meu abraço verdadeiro,
chegue até na eternidade.

Ao partilhar bons momentos
qualquer coração se aquece.
Na união de pensamentos,
a tristeza, a gente esquece.

Ao ver a moça bonita,
desmanchou-se, bem de leve.
Não pelas formas da dita...
era boneco de neve.

A saudade me esporeia,
fere fundo o coração.
Meu pensar se desnorteia,
tão longe do meu rincão.

Boas lembranças eu trago
na bagagem desta vida.
Uma delas, sem embargo:
“o abraço” da mãe querida.

Canjica e broas de milho,
pro prazer da garotada.
Mais rosquinhas de polvilho..
E uma festa está formada .

Do fósforo da ilusão
deixei apagar a chama.
Sem qualquer outro senão,
Me afastei da tua cama.

Em todo castigo humano
o que, pra mim, tem valor,
é aquele que “mostra o engano”,
e não o que “causa dor”.

Foi um sono agitado,
resquício de um pesadelo,
quando na cama deitado,
sonhou ser um cogumelo.

Frente ao verdadeiro amor
a nossa vida floresce
No desabrochar da flor,
o empedernido enternece

GAIA: Terra, Mãe Divina.
cujo seio é guarida.
“In Natura” nos ensina
que amando-a, amamos a vida.

Graças vos damos Senhor
por nos livrar da “desdita”.
Pela Lua, Sol e Amor...
Por esta terra bendita.

Lá no bule o café cheira;
Na xícara, a fumegar.
E nós, ao pé da lareira,
no inverno, a nos esquentar.

Lá no fim das trevas - LUZ
dissipando a escuridão.
É a esperança que conduz
quem doa seu coração.

Limiar da própria vida
último sopro em ação.
voz sussurrante, sentida,
pediu e deu-lhe perdão.

Lindo carro, cor de breu,
veloz como um avião.
Sem motor e sem pneu
voa na imaginação.

Lua trigueira, no céu,
quis com Verão se casar.
Ela, esqueceu-se do véu...
Ele, esqueceu-se do altar.

Na corrida pela vida,
muitos amores passei
Mas, entre todos, querida
do teu, não me separei.

Na dança da nossa vida,
o tempo logo se esvai. 
E envoltos na própria lida,
o hoje não passa de um ai.

Na mente do trovador
as ideias vão e vem.
"No meu coração a dor.
Amei quem não me quis bem".

Na xícara, café quente;
no prato, um naco de pão.
Venha logo minha gente
saborear seu quinhão.

No âmago da minha vida
não entra nenhum vilão.
Nele apenas a batida
suave do coração.

No coxim da terra deito
para poder descansar.
No acalento deste leito
contigo quero sonhar.

No fim das trevas, a luz
dissipando a escuridão.
Esperança que conduz
no caminho da emoção.

No jardim da minha vida
roseiras mil, vou plantar.
No caixão, na despedida,
só uma rosa vou levar.

No pago, noite serena;
na roda, um bom chimarrão.
Um causo, uma cantilena
e a cuia de mão em mão.

Nos deitamos conversando...
e a madrugada chegou.
Toda a manhã, nos amando,
minha amada engravidou.

”Nunca te há de faltar nada”...
O velho lhe prometeu
Na hora mais esperada.
”soldado” nem se mexeu.

O brilho daquele olhar...
“Eta” menina sapeca!
Não querendo se casar,
fez do garoto - peteca.

O pecado do coveiro
foi não prestar atenção
nas joias que o relojoeiro
levou junto, no caixão.

Os amores descartáveis?
Cá na terra, não no céu!
Desses amores passáveis,
não se salva nem o véu.

Pensamentos do escritor
provoca muita emoção.
Mas precisa do leitor
para haver transformação.

Poeta da lua, sigo
na noite, luz prateada.
Sozinho, qual um mendigo,
esmolando o amor da amada.

Por meter o seu nariz
onde não fora chamado,
o rapaz, frente ao juiz,
acabou sendo julgado.

Quisera poder, um dia,
beijar-te com muito ardor.
Mesmo que na fantasia:
“retrato de um grande amor”.

Se com a caneta traço
pensamentos, no papel,
com minhas mãos eu abraço
um bom vinho MOSCATEL.

Sob o vidro espedaçado,
um retrato encontrei.
Tão antigo, amarelado,
infância que atrás deixei.

Suave, nascem da fonte
correm rumo ao seu destino,
Perdendo-se no horizonte
vão águas, em desatino.

Tuas tranças, menina,
quero de leve puxar.
És tão linda, feminina,
queres comigo casar?

Um bom livro sempre traz
conhecimento e prazer.
Nesta vida é mais capaz
quem escreve e sabe ler.

Velha tapera ruindo,
solitária: "Desamor".
Um pássaro construindo
novo ninho: "Muito amor".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Lourice Conceição Saliba


Água que desce a montanha
leva o rio a se formar...
E afluentes arrebanha
para desaguar no mar!

Crianças em algazarra
aguardam a avó querida;
e a mais esperta é que agarra
a boneca preferida...

Desde muito cedo canta,
e salta de galho em galho,
assim ele sempre encanta,
não tendo nenhum trabalho...
(R: passarinho)

Dias felizes, ligeiro
o tempo as horas marcou...
e aquele amor verdadeiro
foi morrendo e se acabou!

Fagueira, no seu prateado,
surge a lua no esplendor...
E embala o enamorado
pela emoção e o amor!

Já vou indo pela estrada
de chapéu, mala na mão,
caminhando acompanhada
de minha grande emoção!

Malandro toca pandeiro,
gira, gira no gingado,
e a mulata por inteiro,
se perde no rebolado.

Num casulo bem fechado,
por dias permaneceu,
e em voo desabalado,
numa árvore apareceu.
(R: borboleta)

O homem que é tão imprudente
polui o rio sem temor;
com o lixo, inconsequente,
suja a água ao seu dispor...

Olhando a taças de vinho,
lembrei do tempo passado,
quando feliz no meu ninho
festejamos... Meu amado!

Ontem, vagem fechadinha,
hoje aberta e debulhada;
pode ser bem salgadinha,
ou, doce pra namorada.
(R: amendoim)

Quem sou? Já sou bem antigo,
transmitindo o meu saber,
em minhas folhas abrigo,
tudo que é bom conhecer...
(R: livro)

São ondas que não acabam,
trazem murmúrio gostoso,
nesse rolar também lavam,
tristezas de desditoso...

Sempre fui um beijoqueiro
e voando de flor em flor,
passo a vida por inteiro
a enaltecer meu amor!
(R: beija-flor)

Sob um céu azul brilhante,
surge um ipê amarelo;
o seu florido ofuscante
torna este dia tão belo!

Tira o sossego do sono,
zunido perturbador.
Como ser humano aciono,
um veneno destruidor.
(R: pernilongo)

Trova, trova, o trovador,
leva poesia e alegria,
canta os sonhos e o amor
e nos enche de magia.

Vamos gente brasileira,
precisamos com urgência,
levantar nossa bandeira
de honradez e de decência!

Vivo num buraco escuro,
tenho peludo inimigo,
medroso corro no muro,
fugindo desse perigo.
(R: rato)

Voando feliz, saltitante,
sigo só assim pela vida,
bem curta de caminhante
nesse voo enlouquecida.
(R: borboleta)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Célia Aparecida Marques da Silva


1
A chácara já tem nome
que é bastante sugestivo,
de pássaro, não de um homem: 
QUERO-QUERO, tão festivo! 
2
A foto desse mural
foi por mim fotografada.
Não pensei que fosse a tal
da pose tão comentada. 
3
Almejo a Universidade
mais do que tudo na vida,
e só será realidade
quando eu lutar sem medida.
4
Ao passar por essa rua
o que me chama atenção,
é um ipê roxo que atua
tocando meu coração. 
5
Declamar uma poesia
é melhor ao som da lira,
seja em qualquer melodia...
eis um som que sempre inspira. 
6
Esporte: vida e energia,
mente sã em corpo são.
Quem se mexe todo dia
pode viver um tempão.
7
Foi só depois de um colapso
que tomei tal decisão,
pois se eu não fosse relapso,
não faria confusão.
8
Na areia daquela praia
encontrei um diamante...
Me distraí com uma raia
e o perdi no mesmo instante.
9
Na feira de artesanato
sempre se encontra de tudo...
Um simples pano de prato,
também tapete felpudo.
10
Não há palavra que exprima
toda a minha reflexão
para compor minha rima
e a trova pôr em ação!
11
Não se aproveite de mim
se deitando em meu colinho.
É bem melhor achar, sim,
um travesseiro fofinho. 
12
No concurso de marchinhas
votei naquela que diz:
- Não fique nunca sozinha,
vá na praça da matriz.
13
No dia da formatura,
arranjei uma namorada.
Pensei só numa aventura,
mas entrei numa enrascada. 
14
No restaurante pedi
um suco de carambola,
mas depois me arrependi, 
porque minha língua enrola. 
15
O capricho do desenho
feito por este rapaz,
mostra todo seu empenho
e do quanto ele é capaz. 
16
Oh, meus alunos queridos,
a razão do meu viver.
Vamos todos, bem unidos,
conhecer sempre o Saber! 
17
Todo samba na avenida
é tudo que tem de bom,
mas se o “samba” for na vida,
não é visto com bom som.
18
Quantas sílabas se têm
na palavra caridade?
Quatro... mas também contém
uma infinita bondade. 
19
Quer gerenciar o tempo?
Programe-se todo dia...
Ele passa como o vento,
por qualquer e toda via. 
20
Ser autor de um grande livro
é meu sonho de consumo.
Por isso que não me privo
de escrever e nunca sumo!
21
Vou praticar um esporte
para ter vida saudável.
Precisa ser do meu porte,
também bastante agradável.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...