sábado, 16 de janeiro de 2021

Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 3a. Parte, final

www.rainhadapaz.g12.br

TROVAS DEMONSTRATIVAS DA APLICAÇÃO DAS DEZ REGRAS DA METRIFICAÇÃO


Estas trovas foram feitas para demonstrar os diferentes casos de aplicações das dez regras da metrificação. Têm, pois, finalidade didática. Devemos observar em cada uma, pela numeração, aplicação correspondente. O conteúdo não tem relação com as regras, mas tão somente com as formas das trovas.

O fundo está relacionado com as mensagens generalizadas sobre os estudos de Metrificação. Portanto, julguem-nas como utilidade didática e como curiosidade, e não como valor artístico.
(Luiz Otávio - Santos - SP., 26/03/1974).

1ª regra - última tônica

Poderá a força elétrica
de um sábio computador
ensinar contagem métrica
mas não faz um trovador...

2ª regra - pontuação

Pensa em calma! Evita errar,
Injusto é se nos reprovas,
Pois não queremos mudar
o modo de fazer trovas

3ª regra - encontro consonantal

Você pode acreditar
ter a pura convicção
que a ninguém vou obrigar
a ter a minha opinião...

4ª regra - vogal fraca + fraca

Podes crer és muito injusto
e estás longe da verdade:
pois na trova a todo custo
defendo a espontaneidade...

5ª regra - vogal forte + fraca

É uma história bem correta
em tudo o ensino é preciso,
no entanto, só poeta
quer ser gênio de improviso...

6ª regra - junção de três vogais

Esta é uma regra indiscreta,
convenções, mal amparadas,
induzem muito poeta
a convicções enraizados.

7ª regra - ditongos

Para medir nossos versos,
se o ouvido fosse o juiz,
em nossos metros diversos
ninguém poria o nariz...

8ª regra - encontros vocálicos ascendentes

Na trova, soneto ou poema,
em toda parte do mundo
se a Forma é o seu dilema
sua alma é sempre o fundo!

9ª regra - encontros vocálicos descendentes

As dúvidas são pequenas
não sejas tão pessimista,
dá-me a tua ajuda, apenas,
e será bela a conquista

10ª regra - licenças: aféreses, síncopes, apócopes, ectlipses.

É mui// feio criticar(apócope)
/inda que seja um direito (aférese)
pra ser justo, aulas vem dar (síncope)
com o teu plano sem defeito... (ectlípse)

Frase mnemônica para decorar as dez regras de metrificação:
"Tendo paciência e Estudo você versejará tecnicamente direito encontrando estética e lirismo." (T = tônica; p = pontuação; e = encontros consonantais; v = vogal fraca; v = vogal forte; t = três vogais; d = ditongos; e = encontros vocálicos ascendentes; e = encontros vocálicos descendentes; l = licenças poéticas).

Luiz Otávio

Fonte:
http://movimentodasartes.com.br/trovador/pop/pop_01.htm

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 2a. Parte


Para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação, ele vem seguido de um Glossário, por Ordem Alfabética.

DECÁLOGO DE METRIFICAÇÃO
(autoria de Luiz Otávio, editado em Ribeirão Preto)

1) - As sílabas são contadas até a última tônica do verso.

2) - As pontuações não impedem as junções de sílabas.

3) - Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica nos encontros consonantais disjuntos, (ou seja: não usar "suarabacti").

4) - Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca ou forte inicial da palavra seguinte.

§ único - Aceitam-se exceções a esta regra no sentido de evitar a formação de sons duros e desagradáveis. Exemplo: "cuja ventura/única consiste".

5) - Uma vogal forte, pode ou não, fazer junção com vogal fraca da palavra seguinte, no entanto jamais deve fazê-la com vogal forte.

§ único - Nos casos em que se prefira a junção "forte + fraca", deve-se ter sempre o cuidado de evitar sons desagradáveis ("mais que tu/ardo") ou formar novas palavras ("via ao invés de "vi a...").

6) - Pode haver a junção de três vogais numa sílaba métrica.

§ 1º - Não deve haver mais de uma vogal forte.

§ 2º - No caso em que a vogal forte não esteja colocada entre as vogais fracas e sim em 1* e 3* lugar, para que seja correta a junção, as duas vogais fracas devem juntar-se por crase ou por elisão, e não por sinalefa (ditongação).

Assim, estará certo:

"é a ambição que nos prende e nos maltrata", e não se pode unir as três vogais de "e a / intima palavra derradeira".

§ 3º - Deve ser usada com cuidado a junção de mais três vogais, embora haja casos corretos de quatro e até de cinco vogais.

7) - Os ditongos aceitam as pré-junções com vogais fracas ("E eu"). As post-junções são aceitas somente nos ditongos crescentes (encontros instáveis) ("a distância infinita") e são repelidas nos ditongos decrescentes. ("Eu sou/a que no mundo anda perdida").

§ único - Há casos de uso facultativo de pré-junção de vogais forte aos ditongos, quando essas vogais são as mesmas dos iniciais dos ditongos e não forem as tônicas das palavras.

(Aceita-se: "Será auspiciosa" e será inaceitável: "Terá/auto nos pontos".

8) - Nos encontros vocálicos ascendentes (formados por vogais os semivogais átonas seguidas de vogais ou semi-vogais tônicas), a sinerese é de uso facultativo. ("ci-ú- me" ou "ciú-me", etc.).

§ único - Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que não aceitam a sinérese. Geralmente, são formados pela vogal "a" seguida das vogais "a", ou "e" ou "o" (como em: Sa/ara, a/éreo, a/orta, etc.) ou, alguns casos, do mesma vogal "a" seguida das semi-vogais "i" ou "u" tônicas, como em: "Para/íso, "ba/ú", etc.

9) - Nos encontros vocálicos descendentes (formados por vogais ou semivogais tônicas seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se aceita a sinérese ("tua", "lua", "frio", "rio" etc., sim, "tu/a", "su/a","fri/o", "ri/o", etc.

§ único - Em algumas regiões do Brasil é usada a sinérese nestes encontros vocálicos, com base na fonética local. No entanto, não será aceita na Metrificação, em benefício da uniformidade, uma vez que na maioria dos Estados é feita a separação dessas vogais.

10) - 0 uso da aférese ("inda", etc), síncope ("pra", etc), apócopes ("mui", e de ectilípse ("com a", "o", "as", 'os") é facultativo.

§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é correta mas pouco usado. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que possível, deve ser evitada. ("com amor") etc.

§ 2º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais tônicas não
será aceita. ("com esta" etc.).

§ 3º - A junção de fonemas anasalados "am", "im", etc., com vogais átonas ou tônicas não será aceita. ("formaram" / idéias", "cantaram / hinos" etc.).

§ 4º - E preciso cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes que, por estarem em desuso ou por formarem, geralmente, sons desagradáveis, irão ferir a sensibilidade e os ouvidos dos leitores e dos ouvintes.

GLOSSÁRIO (Por ordem alfabética, para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação)

Aférese - supressão de sílabas ou fonema inicial ("/inda").

Apócope - supressão de sílaba ou fonema final ("mui"//").

Crase - fusão de duas vogais numa só ("a alma"; "e este" etc.).

Diérese - transformação de um ditongo num hiato ("sa/u-da-de").

Ditongo - fusão de uma vogal + semivogal, ou vice-versa; na mesma sílaba. ("sai", " falei", "Niterói", etc.).

Ditongo crescente - semivogal + vogal (pátria, gênio, diabo, etc.).

Ditongo decrescente - vogal + semivogal (pão,meu, dourado, etc.).

Ectipe - supressão de um fonema nasal final para possibilitar a crase ou ditongação (sinérese) com a vogal inicial da palavra seguinte. ("com o", "com amor", etc.).

Elisão - supressão da vogal átona no final de uma palavra. ("Ela estava" = "Elistava").

Encontros consonantais - duas consoantes unidas:

a. inseparáveis - ("bl" - bloco; "fl" - "flor", etc) ou "grupos consonantais",

b. separáveis - ("gn" - ignóbil; "bs" -Observar) ou "encontros consonantais disjuntos".

Hiato - uma sílaba terminada, por vogal-base seguida de outra iniciada também por vogal-base. ("re/eleger", ca/olho, a/éreo, etc.) (Rocha Lima); é o encontro de duas vogais pronunciadas em dois impulsos distintos, formando sílabas diferentes. (sa/ara, podi/a, sa/úde, etc.) (Cegalla).

Encontros vocálicos ascendentes - designação de Luiz Otávio - é o encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente, sendo a primeira fraca e a segunda forte. (ci/ú-me, vi/o-la, po/e-ta, cru- el-da-de, etc.).

Encontros vocálicos descendentes - designação de Luiz Otávio - é o encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente,

Junção a primeira forte e segunda fraca. ("di/a", "tu/a", "ri/o" , etc.).

Junção - designação de Luiz Otávio - no sentido generalizado para traduzir a união de sílabas métricas, Abrange pois, os diferentes processos de diminuição de sílabas poéticas. (comumente e erradamente empregada pela maioria dos poetas como elisão).

Ver no Glossário, os vários processos ou métodos para diminuir as sílabas métricas ou processos de fazer a junção de sílabas: crase, elisão, sinalefa, sinérese, alferese, síncope, apócope e ectipse.

Postjunção - designação de Luiz Otávio - junção posterior a uma sílaba ou palavra.

Prejunção - designação de Luiz Otávio - junção anterior a uma sílaba ou palavra.

Semivogais - são os fonemas "i" e "u", quando ao lado de uma vogal formam uma sílaba com elo. (Assim em: "pai", "mau", o "i" e o 'u" funcionam com valor de consoante, em "lu-ta", vi-da", funcionam com função de vogal).

Sílaba ou métrica ou poética - são sílabas nos versos, (contagem diferente das sílabas gramaticais).

Sinalefa - fusão ou junção de vogais ou semivogais, entre duas palavras, formando ditongo (Este amor" = "Estiamor").

Síncope - supressão de fonema ou sílaba no meio da palavra ("p/ra").

Sinérese - transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra. ("ci-úme" em ciú-me".

Suarabacti - "aumento de uma sílaba métrica, pela pronúncia das vogais de apoio, nos encontros consonantais disjuntos". (Luiz Otávio) "i-gui-no-rar".

Tônica - sílaba forte, acentuada.

Vogais - "Fonemas sonoros, que se produzem pelo livre escapamento do ar pela boca e se distinguem entre si por seu timbre característico", (Rocha Lima).

Vogal forte ou fraca - a vogal átona ou acentuada (tônica) da palavra ou verso.
* * * * * * * * * * * * * * * *  
continua…
 
Fonte:
http://movimentodasartes.com.br/trovador/pop/pop_01.htm

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 1a. Parte


O INSTRUMENTO

Ao estudarmos a Arte de trovar ou a composição da Trova, devemos analisá-la em duas partes: o Corpo e a Alma, ou a Forma e o Fundo.

Na parte correspondente à Forma teríamos o Ritmo - resultante da metrificação e das tônicas; a Melodia - conseguida pelas rimas e pelo emprego harmonioso das vogais e consoantes; e a expressão gramatical e poética.

Na parte correspondente ao Fundo, teríamos: a Mensagem poética, a originalidade (e o "achado"), a comunicabilidade, a simplicidade, a harmonia interna, etc.

A UBT iniciou seus estudos por uma das partes da Forma ligada ao Ritmo, ou seja especificamente - pela metrificação.

Não se pretende ensinar a ninguém a ser trovador, como não se pode fazer um pintor, um músico, um escultor. Todas as Artes têm, no entanto, sua aprendizagem técnica. Além destes conhecimentos é necessário o dom. Se não podemos transmitir este dom, poderemos ensinar a parte formal ou técnica de cada Arte.

Na Música, Pintura, etc., esta aprendizagem é feita rotineiramente.

Na Arte de versejar há uma resistência em fazê-la e mesmo uma tendência para menosprezá-la. E às vezes, esta deficiência aparece camuflada com o pomposo lema de "Liberdade Poética". Mas não se pode torcer os fatos.

Se o músico aprende a tocar o seu instrumento, o poeta também possui um instrumento de comunicação e deve aprendê-lo. E o idioma e o verso são os instrumentos do poeta.

RAZÕES PARA ESTE ESTUDO

Temos recebido, através dos anos, muitas consultas verbais e epistolares, de trovadores que desejam saber como deveriam contar as sílabas dos seus versos. Por outro lado, tomando parte em muitas Comissões Julgadoras de Concursos de Trovas, observamos inúmeras discussões, com perda de tempo de exaltação de ânimos, devido às diferentes interpretações das regras de metrificação. Há, também, em alguns livros especializados, deficiências de explicações e até mesmo alguma obscuridade.

Achamos pois, que deveríamos fazer estes estudos, buscando um "denominador comum" ou uniformização de normas do UBT em seus Concursos de Trovas. Seria uma sistematização útil para concorrentes e juízes, extensiva a outros gêneros e a outras Associações.

Além da utilidade para iniciantes, concorrentes e juízes, estes estudos poderão dar um grande prestígio literário à UBT, pelo seu pioneirismo e pela sua profundidade.

DÚVIDAS E DESCONFIANÇAS

Várias dúvidas e desconfianças poderão surgir no espírito daqueles que não estiverem bem entrosados com as nossas pesquisas ou desconhecerem as finalidades de nossos estudos.

Que não se julgue, por exemplo, que a UBT está exorbitando de suas funções ao fazer um estudo destes. Nenhuma Associação do País, nestes 15 anos tem organizado tantos Concursos de Trovas.

Calculamos que nossas Seções e Delegacias receberam de seiscentas a novecentas mil trovas. Assim pois, mais do que ninguém, sentimos o problema e a necessidade de resolvê-los.

Além de dúvidas sobre métrica, havia dúvidas sobre certas designações. Vamos também tentar desfazê-las.

Não há, como pode parecer, a qualquer crítico mais apressado, um culto exagerado da Forma, em detrimento do Fundo.

Começamos o estudo pela metrificação porque era o ponto que oferecia mais dúvidas e discussões. E também, porque a metrificação é algo de objetivo que poderemos regulamentar e chegar a um acordo. Ao passo que o Fundo (a mensagem) é algo imponderável, subjetivo.

Uma dúvida que a muitos desanima e inquieta é que seja impossível encontrar um "denominador comum" porque os casos de divergências são inúmeros e complexos. Isto é apenas uma impressão inicial. Quando nos aprofundamos nestes estudos vemos que o assunto não é tão complexo e que podemos catalogar os inúmeros casos em poucos grupos e subgrupos.

Foi o que fizemos.

Há desconfianças ingênuas que até nem mereciam comentários. Mas que fique bem claro que não pretendemos fabricar trovadores.

No entanto, poderemos ajudar os iniciantes e talvez mesmo a outros trovadores, a aperfeiçoar a sua parte técnica.

Não pretendemos, também, mudar a maneira de fazer a trova, nem tirar a sua espontaneidade, nem tolher a liberdade poética de ninguém.

Pelo contrário, defendemos a simplicidade da trova e o seu não "aparnasiamento" ou "academização".

Não é por desejarmos melhor aprendizagem do forma da trova, ou o encontro de um "denominador comum" na metrificação que estaremos tirando a sua espontaneidade.

Outras causas que combatemos outros exageros que observamos, estes, sim, "academizam" a trova, como "enjaibements" em excesso; abusos de ordens indiretas; o culto demasiado de rimas ricas ou raras; a exigência de tônicas em sílabas predeterminados; a proibição de rimas homófonas (nos 4 versos) e de rimas oxítonas entre o 1* e 3* versos, etc.

DIFICULDADES

Encontramos algumas dificuldades para realizar nossas tarefas. Mas foram superados.

Ora, aquela tendência para menosprezar a Forma;
ora, a luta contra as convicções enraizadas baseadas em convenções nem sempre lógicas;
ora o pessimismo ou derrotismo de alguns que achavam ser a tarefa difícil demais ser terminada;
ora, velhos tabus aceitos e repetidos sem uma análise mais profunda, e, finalmente, a má vontade de alguns poucos, que além de jamais cooperarem, vivem sempre a criticar negativamente.

Mas o saldo positivo foi bem maior. Além da útil cooperação de muitas Seções, Delegados e Sócios da U.B.T., tivemos também ajuda de alguns que não pertencem à nossa Entidade.

A estes os nossos profundos agradecimentos. Aos outros respondemos o nosso trabalho sério, amplo, profundo e democrático.

O ENSAIO E O RELATÓRIO, DE LUIZ OTÁVIO.

Seis meses antes de receber as respostas dos Consultores e Pesquisadores, da Comissão de Estudos da U.B.T., Luiz Otávio escreveu um Ensaio sobre Metrificação com 21 páginas datilografadas, tamanho ofício, que finalizava com um "Decálogo de Metrificação", (Julho-Agosto de 1973).

Cópia deste Ensaio foi entregue ao trovador Carlos Guimarães - Presidente da U.B.T. Nacional.

Ao ser solicitada pelo Carlos Guimarães para acumular a função de Presidente da Comissão de Estudos com a de Relator, Luiz Otávio aquiesceu. Recebeu então de Carlos Guimarães, em janeiro de 1974, as respostas de 43 consultores e de 10 pesquisadores que leram e anotaram 21 livros de Poesias .

Elaborou o Relator, 22 grandes mapas, em dois lados e analisou e escreveu o relatório de 43 páginas. Teve o relator a honra e a satisfação de ver que seu Decálogo de Metrificação tinha sido confirmado, após tantos estudos, pesquisas e respostas de inúmeros trovadores de várias cidades do Brasil.

Houve pequenos ajustes visando a dar maior segurança e clareza ao Decálogo.

A COMISSÃO DE ESTUDOS, ESTRUTURA, AGRADECIMENTOS

Agradecemos a cooperação da:
Comissão Central: Luiz Otávio (Presidente Relator), Carlos Guimarães, Carolina Ramos, Idália Krau, P. de Petrus e Noel Bergaminí.

Consultores: Seções da U.B.T. de Belo Horizonte, Campos, Corumbá, Curitiba, Fortaleza, Guanabara, Magé, Niterói, Petrópolis, Sete Lagoas, Ateneu Literário e Artístico - IDEALEDA-ANGOLA.

Trovadores e Poetas: José Machado Borges, Vicente Viotti, Lúcio Flávio de Miranda - Belo Horizonte; Walter Siqueira Campos; Gabriel Vandoni de Barros, Lécio Gomes de Sousa, Osório Gomes de Barros, Magali de Souza Baruki, Walmir Coelho - de Corumbá; Vera Vargas - de Curitiba; Cesar Coelho, Hidelbardo Sisnando, Vasques Filho - de Fortaleza; P. de Petrus. Iraci do Nascimento e Silva, Guimarães Barreto, Noel Bergamini - Rio de Janeiro; Adolfo Macedo - de Magé; Milton Nunes Loureiro, Sávio Soares de Souza, Maria de Lourdes do Vale Araujo de Barros; Maria do Conceição Pires de Melo (Manita), Raul de Oliveira Rodrigues - de Niterói, Carolina Azevedo de Castro, Hélio Chaves, Farid Félix - de Petrópolis; Judith Coelho Maciel - de Sete Lagoas; Carlos Guimarães - do Rio de Janeiro; Carolina Ramos, David Araújo, Luiz Otávio - de Santos; Dimas Lopes de Almeida de Portugal; Helvécio Barros - de Bauru; Jacy Pacheco - de Niterói; Lilinha Fernandes; Maria Idalina Jacobina, Murilo Araújo, Vasco do Castro Lima - do Rio, Rodolpho Abbud - de Nova Friburgo, Nilton Manoel. - de Ribeirão Preto-SP.

Pesquisadores: Ivo dos Santos Castro, ldália Krau, Lúcia Lobo Fadigas, Micalclas Corrêa, Maria Idalina Jacobina, P. de Petrus, Noel Bergamini, do Rio de Janeiro; Carolina Ramos, Luiz Otávio e Maria Campos da Silva de Santos.

Poetas Pesquisados: Gonçalves Dias, Fagundes Varela, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Filinto de Almeida, Hermes Fontes, Raul de Leoni, Murilo Araújo, Martins Fontes, Vicentina de Carvalho, Alphonsus de Guimarães, Menoti del Picchia, Manuel Bandeira, Colombina, Florbela Espanca, Eugênio de Castro, J. G. de Araújo Jorge, Paulo Bonfim, Antologia de Osório Duque Estrada.

BIBLIOGRAFIA

Além dos livros de Poesia citados no item anterior, foram consultados outros sobre Arte Poética, como os de Antonio Freire de Carvalho, Costa Lima. Osório Duque Estrada, Olavo Bilac e Guimarães Passos, Murilo Araújo, Geir Campos e os Ensaios inéditos de Luiz Otávio e Micaldas Correa.

Foram consultadas, também, as Gramáticas de Rocha Lima (1a. edição) e de Domingos Paschoal Cegalla (12a. edição).

Neste pequeno resumo não podemos recordar as noções sobre versos e pontos gramaticais a ele relacionados. Sugerimos que as noções básicas do verso, tais como:
sílabas métricas,
ditongos,
hiatos,
processos de diminuição de sílabas métricas (crase, elisão, sinalefa, sinêreses, síncopes, apócopes, elipses, etc.) sejam recordadas e consultados os livros especializados, como os citados na Bibliografia.

continua...

Fonte:
http://movimentodasartes.com.br/trovador/pop/pop_01.htm

sábado, 19 de dezembro de 2020

JOGOS FLORAIS

Fonte: UBT Curitiba

O período entre 28 de Abril e 13 de Maio do calendário romano marcava a celebração dos Jogos Florais (ou Florálias - do latim floralia, ium), assim denominados por se tratarem das festividades em honra de Flora, deusa da Primavera, das flores, dos cereais, das vinhas e das árvores frutíferas. A lenda diz que Flora é uma das divindades sabinas introduzidas em Roma por Tito Tácio e adorada pela populações itálicas, em geral. Desde então, associa-se o mel à deusa, como um dos presentes que esta terá concedido ao Homem, o mesmo acontecendo com todas as flores que conhecemos.
 
Segundo Brandão (1993), nesta data as cortesãs reuniam-se e dançavam ao som de trombetas, num concurso em que as vencedoras eram coroadas do flores, tal como era hábito fazer-se nas cerimônias de adoração da própria divindade. Por influência desta tradição romana, em toda a Península Ibérica, embora com especial incidência na zona do Algarve, ficou até aos nossos dias o costume de colocar nas portas e janelas das casas flores de giestas, também designadas por Maias (nome que provém do facto de florescerem em maior abundância do quinto mês do ano). Mais ainda, no início do século era habitual escolher-se nas aldeias uma jovem que, vestida de branco, era coroada de flores tal como a deusa.
 
Um pouco mais tarde, a partir do século XIII, esta celebração passou a abranger uma esfera mais alargada, agora enquanto concurso literário: os poetas e amantes da escrita, em geral, tinham nesta data a possibilidade de apresentar as suas produções num concurso.
 
Os Jogos Florais foram muito populares na Idade Média. Era um torneio cultural promovido anualmente em Toulouse, França, inspirado em tradições originárias da Roma antiga. Por se realizar na primavera, esse torneio, que envolvia várias modalidades literárias, oferecia prêmios (troféus) em forma de flores, daí o nome "Jogos Florais".
 
Em Portugal, os procedimentos se regem por um regulamento com características específicas: os participantes podem optar por várias modalidades de escrita, sendo as mais comuns o poema lírico ou as quadra populares de tema livre, o soneto (tomando como inspiração um determinado assunto), poesia obrigada à utilização de um mote específico ou alegórica à própria cidade onde se realizam os Jogos e, finalmente, o tratamento de um adágio popular. O número de trabalhos por concorrente é ilimitado, sendo os seus autores obrigados a apresentar-se sob pseudônimo, para que os jurados não sofram qualquer tipo de influência durante a avaliação. Aos melhores trabalhos são oferecidos prêmios, habitualmente três por modalidade. Por vezes, são ainda concedidas menções honrosas aos candidatos, cujos trabalhos, embora não sejam vencedores, são considerados dignos de destaque.
 
No Brasil, os I Jogos Florais de Nova Friburgo constaram de um grande concurso de trovas, com o tema "amor". A festa de premiação, em maio de 1960, reuniu na bela cidade serrana fluminense, além dos vencedores do concurso, outros ilustres intelectuais, entre os quais Antônio Olinto, Eneida, Jorge Amado, Manuel Bandeira.
 
Dali por diante, dezenas de outras cidades passaram a promover torneios semelhantes, alguns com o nome de Jogos Florais, outros simplesmente como concursos de trovas. Na maioria dessas cidades, a festa hoje faz parte do calendário de eventos, constituindo importante atração turística.
 
O concurso de trovas propõe um ou mais temas, a partir dos quais trovadores de todo o Brasil e também de Portugal produzem seus versos. Ao final do prazo estabelecido para remessa dos trabalhos, uma comissão julgadora seleciona as trovas premiadas (vencedoras, menções honrosas e menções especiais).
 
Os autores das trovas contempladas são convidados a comparecer à cidade promotora do concurso para uma festa que dura de um a três dias. Nessa ocasião, além de passeios, recitais e outros programas, faz-se uma reunião solene para entrega dos prêmios (diplomas, troféus e medalhas). Não há prêmio em dinheiro. Quando há recursos disponíveis, os premiados ganham hospedagem e refeições, mas as despesas de transporte correm por conta de cada um. Por ser um movimento literário que se caracteriza pela fraternidade, tal costume é aceito tranquilamente.

Fontes:
http://ubtportoalegre.portalcen.org/trovas.htm
www.folcloreonline.com/folhas/maio1.htm
www.italonet.com.br/mitologia/romana.htm
www.raizesdeportugal.com.br/cgomes/maios.htm
http://orbita.starmedia.com/~stargate2/proven.htm
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/J/jogos_florais.htm
Junito de Sousa Brandão: Dicionário Mítico-Etimológico e da Religião Romana (1993); 
Silvério Benedito: Dicionário Breve da Mitologia Grega e Romana (2000); 
Almanaque 1996, ed. Ministério da Educação, Departamento de Educação Básica.

QUEM FOI O TROVADOR LUIZ OTÁVIO?


 
por Carolina Ramos

O POETA

Gilson de Castro nasceu a 18 de julho de 1916, no Rio de Janeiro. Luiz Otávio foi o pseudônimo que ele adotou para assinar suas trovas, poesias e outras manifestações de seu talento literário. Era cirurgião-dentista, profissão que exerceu no Rio de Janeiro, onde se formou e mais tarde se transferindo para Santos no final de sua vida.

Começou a enviar seus versos para os jornais e revistas lá por 1938, ainda timidamente, oculto sob pseudônimo. Não pretendia misturar a vida literária com a profissional. As principais revistas e jornais da época começaram a divulgar poesias e principalmente trovas de Luiz Otávio, que podiam ser encontradas no "Correio da Manhã", "Vida Doméstica", "Fon-Fon", "O Malho", "Jornal das Moças", revistas que, como "O Cruzeiro", eram as mais lidas dos anos 1939, 40 e 41, etc. A revista "Alterosa" de Belo Horizonte, também o divulgou. Pouco a pouco, a Trova tomou conta do coração do poeta, assumindo Literalmente papel de Liderança na sua vida. E ele confessa:

A Trova tomou-me inteiro,
tão amada e repetida,
que agora traça o roteiro
das horas da minha vida!...

Para a ascensão da Trova na vida de Luiz Otávio, muito contribuiu sua amizade com Adelmar Tavares. Quem os aproximou foi o consagrado poeta A. J Pereira da Silva. Recuperava-se Luiz Otávio na Fazenda Manga Larga em Pati de Alferes, quando teve oportunidade de conhecer esse renomado poeta, da Academia Brasileira de Letras, com quem iniciou amizade edificante, solidificada pela Poesia; amizade que se estendeu até os derradeiros dias de A. J. Pereira da Silva que, naquele tempo, já passava dos sessenta, enquanto Luiz Otávio não galgara ainda o vigésimo segundo degrau de sua sofrida existência. Isto não perturbou as horas deliciosas de conversa amena e espiritualizada, em que a fina sensibilidade de ambos fazia desaparecer a diferença de idade, provando que um coração capaz de vibrar "de amor" e pulsar em ritmo de poesia, simplesmente não tem idade.

A viúva do acadêmico Antônio Joaquim Pereira da Silva, doaria posteriormente, a preciosa Biblioteca do poeta ao seu particular amigo, Luiz Otávio, que, por sua vez, ao transferir residência para Santos, em 1973, doou parte desse valioso acervo, juntamente com livros de sua própria estante - num total de mil exemplares devidamente catalogados - à Academia Santista de Letras, que só então teve formada sua Biblioteca. Na época, a A.S.L. era presidida pelo Dr. Raul Ribeiro Florido que se responsabilizou pelo transporte Rio-Santos. Com esta doação, Luiz Otávio não pretendia nada para si, como deixou bem claro em carta, (era de conhecimento geral sua quase aversão às Academias, em virtude do próprio temperamento). Mas pediu, por uma questão de justiça, que numa das estantes fosse colocada uma placa que levasse o nome de A. J Pereira da Silva. Luiz Otávio recebeu um carinhoso oficio de agradecimento do então Presidente da Academia. O atual Presidente, Dr. Nilo Entholzer. Ferreira, trovador de méritos, comprometeu-se a cumprir essa cláusula. Como já dito, A. J. Pereira da Silva foi quem levou Luiz Otávio até Adelmar Tavares, também da Academia Brasileira de Letras, em visita à sua casa, em Copacabana. Corria o ano de 1939. Adelmar Tavares sentia a idade pesar-lhe nos ombros, e, mais uma vez, um jovem poeta e um velho e consagrado mestre da Poesia uniam-se por laços afetivos dos mais duradouros. A principal responsável por essa união foi a Trova, que Adelmar Tavares cultivava e da qual Dr. Gilson de Castro já era profundo apaixonado, trazendo-a para o público sob o Pseudônimo, agora definitivamente adotado.

Luiz Otávio. Luiz, por ser bonito, melodioso, e combinar com Octávio, o nome do Pai, a quem, homenageava. Para atualizar o nome, o c foi cortado em acordo às regras ortográficas vigentes. A Poesia de Luiz Otávio ganhava espaço. Jornais de outros estados o acolhiam em suas páginas, tinha ao seu dispor colunas literárias de crítica poética, onde comentava livros, publicava trovas, poesias e arrebanhava fãs e admiradores de todas as idades. Daí ai constituir-se Líder de um Movimento Trovadoresco, era questão de um passo, muito embora isto viesse acontecer sem procura. Idealista, lírico, por excelência, com um profundo senso de organização, Luiz Otávio acumulava ainda outras qualidades indispensáveis ao "verdadeiro Líder", seja lá do que for. Era simples, honesto, e sabia convencer sem forçar. Embora convicto e determinado, sabia humildemente ceder, se preciso fosse. Se persuadido da necessidade de uma renúncia, cedia, sim, porém, não facilmente, mesmo porque antes de propor algo, o fazia convicto de que aquilo era o certo, respondendo de antemão a todos os possíveis apartes - o que de certo modo desarmava, a priori, o opositor. Era bom, afável e acima de tudo, profundamente carismático. Um verdadeiro Príncipe!

O TROVADOR

Era, portanto, o campo fecundo onde a semente da Trova encontrou chão propício para deitar raízes, expandindo sua opulência por todo território nacional. O ritmo da Trova que embalava seus ouvidos desde os tempos de escoteiro, cresceu com ele, ganhando melodia ao som do violão de Glauco Vianna, mais tarde pertencente ao "Bando dos Tangarás", seu colega de faculdade e de noitadas de seresta.

FINAL
Luiz Otávio sempre gostou de cantar e compor embora não conhecesse música. Aloysio de Oliveira, outro companheiro, também possuidor de um bom timbre vocálico, iria pertencer, no futuro, ao Bando da Lua, que tanto sucesso fez na terra de Tio Sam ao lado de Carmen Miranda. A influência destes dois amigos foi grande na iniciação poética de Luiz Otávio. Glauco tocava, Aloysio cantava e Luiz Otávio não apenas cantava como também compunha letras e músicas de canções, sambas, fox-trotes, valsas, etc. e continuou cantando e compondo até o final dos seus dias. Nascia o "Trovador" - assim carinhosamente chamado, já naquele tempo, antes mesmo do seu ingresso definitivo no Mundo da Trova.

Cada quadrinha que faço
em hora calma ou incalma,
é pequenino pedaço
que eu mesmo furto a minha alma.

Ó trovas – simples quadrinhas
que tem sempre um que de novo...
- Como podem quatro linhas
trazer toda a alma de um povo?!

Uma trova pequenina,
tão modesta, tão sem glória,
bem pouca gente imagina,
que também tem sua história.

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...