sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Hermoclydes S. Franco (Oração de São Francisco em Trovas)

Hermoclydes Siqueira Franco
Niterói/RJ, 1929 – 2012, Rio de Janeiro/RJ
_________________
Fazei-me agente Senhor
de Vossa radiosa paz.
Permita que eu leve o AMOR
onde o ÓDIO esteja mais...

Onde estiver a OFENSA
que eu sempre espalhe o PERDÃO...
Onde houver DISCÓRDIA, intensa,
que eu sempre faça a UNIÃO!

Onde DÚVIDA existir,
que eu possa levar a FÉ
e onde o ERRO persistir,
toda a verdade da SÉ...

DESESPERO em ESPERANÇA,
TRISTEZA em pura ALEGRIA,
que eu transforme, com bonança,
as TREVAS em LUZ do dia...

OH! Mestre – Amor Singular –
concedei, seja meu fado
CONSOLO a todos levar,
mais do que ser CONSOLADO!

Que eu consiga COMPREENDER,
mais do que ser COMPREENDIDO.
Possa AMAR, com todo o ser,
muito mais que SER QUERIDO!

Pois DANDO é que se RECEBE
- ao irmão necessitado -
PERDOANDO se percebe
que, também, se é PERDOADO!

Dai-me, Senhor, a esperança,
pela maneira mais terna,
pois MORRENDO é que se alcança
a glória da VIDA eterna!…

Fonte:
Trovas enviadas pelo autor.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A. A. de Assis (Bela alma a do poeta)

  
Bela alma a do poeta
 
Quantos sons você conta aí?…

Suponhamos que sete: Be-la-al-maa-do-po-e-ta.

Mas por certo haverá quem conte seis, ou mesmo cinco, dependendo do ouvido de cada um. Dá-se isso por obra do bendito hiato, o inimigo número um da métrica. Parece que para a maioria dos poetas brasileiros o verso fica mais agradável quando se respeitam os hiatos, porém outros acham mais natural fundir as vogais. E como é que se resolve isso? Sabe-se lá…

O maior drama é nos concursos. Você não sabe se conta poe-ta ou po-e-ta. O jeito é torcer para que os julgadores acatem o sotaque de cada autor. Em regra, não se derruba nenhuma trova em razão desse problema; entretanto, mesmo assim, o concorrente fica de pé atrás, pelo medo de quebrar o cujo…

A tendência, como foi dito, é pronunciar po-e-ta, vi-a-gem, a-in-da, a-al-ma, a-ho-ra, o-homem, o-ou-ro, po-ei-ra, su-a, to-a-da etc.

Mas… e se você não concordar? Tudo bem. Você continuar escrevendo seus versos do modo que mais lhe agrade, e pronto. Afinal de contas, quem manda no texto é o autor. Se bem que alguns, por via das dúvidas, têm feito o seguinte:

Se, por exemplo, mandam a trova para um concurso no Rio de Janeiro, contam "fri-io", em dois sons;

Se o concurso é em São Paulo, contam "friu", num som apenas.

Outros, mais cuidadosos ainda, procuram de toda forma evitar hiatos.

Resolve? Bem… Pelo menos pode livrar a trova do risco de perder pontos por não soar bem no ouvido do julgador. São ossos que o poeta encontra em seu delicioso ofício…

Fonte:
Revista Virtual Trovia – ano 8 – n. 88 – Outubro 2006

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Izo Goldman (Orientação para Participação em Concurso de Trovas) Sistema de Envelopes


1 – Não envie a mesma trova para mais de um concurso.

2 – Nos envelopes (de mais ou menos 7 x 11 cm), não datilografe/digite nada além da trova, a não ser o tema (quando o concurso exigir – e a maioria o faz).

3 – Não datilografe/digite a trova toda em maiúsculas.
 
Nota do blog: Não escreva no envelope com letras manuscritas, mesmo que em letra de forma, serão automaticamente eliminadas.

4 – Não utilize envelopinhos transparentes, nem de outra cor que não seja a branca.

5 – Os concursos apoiados por Seções ou Delegacias da UBT devem seguir a tradição do sistema de envelopes, que consiste em datilografar-se a trova na face externa de envelopinhos, com a identificação, endereço e assinatura do concorrente colocados em seu interior. No envelope que conterá o/s envelopinho/s colocar como remetente: LUIZ OTÁVIO e o endereço do concurso como na face da frente, ou o nome do concurso com o respectivo endereço. Nunca colocar qualquer identificação pessoal do lado externo do envelope.

6 – Ao receber comunicado de classificação e convite para as  festividades de um concurso, não deixe de responder, ainda que sem possibilidade de comparecimento, para que os coordenadores tomem as providências necessárias.

7 – Os concursos geralmente possuem âmbito municipal, âmbito estadual, âmbito nacional e/ou âmbito internacional. O trovador só poderá participar de um deles, aquele determinado pelo seu domicílio.

Caso hajam trovas líricas/ filosóficas e humorísticas, é facultativo ao trovador participar de um deles ou ambos.

8 – Alguns concursos não permitem o uso de derivados ou palavras cognatas. Outros, exigem que a palavra Tema conste da trova.

9 – Observar o número máximo de trovas que pode ser enviado ao concurso.

10 – A Comissão de seleção das trovas do concurso elimina apenas as trovas com erros, fora do tema, sem sentido, etc., não importando a qualidade.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 3a. Parte, final

www.rainhadapaz.g12.br

TROVAS DEMONSTRATIVAS DA APLICAÇÃO DAS DEZ REGRAS DA METRIFICAÇÃO


Estas trovas foram feitas para demonstrar os diferentes casos de aplicações das dez regras da metrificação. Têm, pois, finalidade didática. Devemos observar em cada uma, pela numeração, aplicação correspondente. O conteúdo não tem relação com as regras, mas tão somente com as formas das trovas.

O fundo está relacionado com as mensagens generalizadas sobre os estudos de Metrificação. Portanto, julguem-nas como utilidade didática e como curiosidade, e não como valor artístico.
(Luiz Otávio - Santos - SP., 26/03/1974).

1ª regra - última tônica

Poderá a força elétrica
de um sábio computador
ensinar contagem métrica
mas não faz um trovador...

2ª regra - pontuação

Pensa em calma! Evita errar,
Injusto é se nos reprovas,
Pois não queremos mudar
o modo de fazer trovas

3ª regra - encontro consonantal

Você pode acreditar
ter a pura convicção
que a ninguém vou obrigar
a ter a minha opinião...

4ª regra - vogal fraca + fraca

Podes crer és muito injusto
e estás longe da verdade:
pois na trova a todo custo
defendo a espontaneidade...

5ª regra - vogal forte + fraca

É uma história bem correta
em tudo o ensino é preciso,
no entanto, só poeta
quer ser gênio de improviso...

6ª regra - junção de três vogais

Esta é uma regra indiscreta,
convenções, mal amparadas,
induzem muito poeta
a convicções enraizados.

7ª regra - ditongos

Para medir nossos versos,
se o ouvido fosse o juiz,
em nossos metros diversos
ninguém poria o nariz...

8ª regra - encontros vocálicos ascendentes

Na trova, soneto ou poema,
em toda parte do mundo
se a Forma é o seu dilema
sua alma é sempre o fundo!

9ª regra - encontros vocálicos descendentes

As dúvidas são pequenas
não sejas tão pessimista,
dá-me a tua ajuda, apenas,
e será bela a conquista

10ª regra - licenças: aféreses, síncopes, apócopes, ectlipses.

É mui// feio criticar(apócope)
/inda que seja um direito (aférese)
pra ser justo, aulas vem dar (síncope)
com o teu plano sem defeito... (ectlípse)

Frase mnemônica para decorar as dez regras de metrificação:
"Tendo paciência e Estudo você versejará tecnicamente direito encontrando estética e lirismo." (T = tônica; p = pontuação; e = encontros consonantais; v = vogal fraca; v = vogal forte; t = três vogais; d = ditongos; e = encontros vocálicos ascendentes; e = encontros vocálicos descendentes; l = licenças poéticas).

Luiz Otávio

Fonte:
http://movimentodasartes.com.br/trovador/pop/pop_01.htm

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Nilton Manoel (Como Fazer Trovas) 2a. Parte


Para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação, ele vem seguido de um Glossário, por Ordem Alfabética.

DECÁLOGO DE METRIFICAÇÃO
(autoria de Luiz Otávio, editado em Ribeirão Preto)

1) - As sílabas são contadas até a última tônica do verso.

2) - As pontuações não impedem as junções de sílabas.

3) - Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica nos encontros consonantais disjuntos, (ou seja: não usar "suarabacti").

4) - Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca ou forte inicial da palavra seguinte.

§ único - Aceitam-se exceções a esta regra no sentido de evitar a formação de sons duros e desagradáveis. Exemplo: "cuja ventura/única consiste".

5) - Uma vogal forte, pode ou não, fazer junção com vogal fraca da palavra seguinte, no entanto jamais deve fazê-la com vogal forte.

§ único - Nos casos em que se prefira a junção "forte + fraca", deve-se ter sempre o cuidado de evitar sons desagradáveis ("mais que tu/ardo") ou formar novas palavras ("via ao invés de "vi a...").

6) - Pode haver a junção de três vogais numa sílaba métrica.

§ 1º - Não deve haver mais de uma vogal forte.

§ 2º - No caso em que a vogal forte não esteja colocada entre as vogais fracas e sim em 1* e 3* lugar, para que seja correta a junção, as duas vogais fracas devem juntar-se por crase ou por elisão, e não por sinalefa (ditongação).

Assim, estará certo:

"é a ambição que nos prende e nos maltrata", e não se pode unir as três vogais de "e a / intima palavra derradeira".

§ 3º - Deve ser usada com cuidado a junção de mais três vogais, embora haja casos corretos de quatro e até de cinco vogais.

7) - Os ditongos aceitam as pré-junções com vogais fracas ("E eu"). As post-junções são aceitas somente nos ditongos crescentes (encontros instáveis) ("a distância infinita") e são repelidas nos ditongos decrescentes. ("Eu sou/a que no mundo anda perdida").

§ único - Há casos de uso facultativo de pré-junção de vogais forte aos ditongos, quando essas vogais são as mesmas dos iniciais dos ditongos e não forem as tônicas das palavras.

(Aceita-se: "Será auspiciosa" e será inaceitável: "Terá/auto nos pontos".

8) - Nos encontros vocálicos ascendentes (formados por vogais os semivogais átonas seguidas de vogais ou semi-vogais tônicas), a sinerese é de uso facultativo. ("ci-ú- me" ou "ciú-me", etc.).

§ único - Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que não aceitam a sinérese. Geralmente, são formados pela vogal "a" seguida das vogais "a", ou "e" ou "o" (como em: Sa/ara, a/éreo, a/orta, etc.) ou, alguns casos, do mesma vogal "a" seguida das semi-vogais "i" ou "u" tônicas, como em: "Para/íso, "ba/ú", etc.

9) - Nos encontros vocálicos descendentes (formados por vogais ou semivogais tônicas seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se aceita a sinérese ("tua", "lua", "frio", "rio" etc., sim, "tu/a", "su/a","fri/o", "ri/o", etc.

§ único - Em algumas regiões do Brasil é usada a sinérese nestes encontros vocálicos, com base na fonética local. No entanto, não será aceita na Metrificação, em benefício da uniformidade, uma vez que na maioria dos Estados é feita a separação dessas vogais.

10) - 0 uso da aférese ("inda", etc), síncope ("pra", etc), apócopes ("mui", e de ectilípse ("com a", "o", "as", 'os") é facultativo.

§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é correta mas pouco usado. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que possível, deve ser evitada. ("com amor") etc.

§ 2º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais tônicas não
será aceita. ("com esta" etc.).

§ 3º - A junção de fonemas anasalados "am", "im", etc., com vogais átonas ou tônicas não será aceita. ("formaram" / idéias", "cantaram / hinos" etc.).

§ 4º - E preciso cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes que, por estarem em desuso ou por formarem, geralmente, sons desagradáveis, irão ferir a sensibilidade e os ouvidos dos leitores e dos ouvintes.

GLOSSÁRIO (Por ordem alfabética, para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação)

Aférese - supressão de sílabas ou fonema inicial ("/inda").

Apócope - supressão de sílaba ou fonema final ("mui"//").

Crase - fusão de duas vogais numa só ("a alma"; "e este" etc.).

Diérese - transformação de um ditongo num hiato ("sa/u-da-de").

Ditongo - fusão de uma vogal + semivogal, ou vice-versa; na mesma sílaba. ("sai", " falei", "Niterói", etc.).

Ditongo crescente - semivogal + vogal (pátria, gênio, diabo, etc.).

Ditongo decrescente - vogal + semivogal (pão,meu, dourado, etc.).

Ectipe - supressão de um fonema nasal final para possibilitar a crase ou ditongação (sinérese) com a vogal inicial da palavra seguinte. ("com o", "com amor", etc.).

Elisão - supressão da vogal átona no final de uma palavra. ("Ela estava" = "Elistava").

Encontros consonantais - duas consoantes unidas:

a. inseparáveis - ("bl" - bloco; "fl" - "flor", etc) ou "grupos consonantais",

b. separáveis - ("gn" - ignóbil; "bs" -Observar) ou "encontros consonantais disjuntos".

Hiato - uma sílaba terminada, por vogal-base seguida de outra iniciada também por vogal-base. ("re/eleger", ca/olho, a/éreo, etc.) (Rocha Lima); é o encontro de duas vogais pronunciadas em dois impulsos distintos, formando sílabas diferentes. (sa/ara, podi/a, sa/úde, etc.) (Cegalla).

Encontros vocálicos ascendentes - designação de Luiz Otávio - é o encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente, sendo a primeira fraca e a segunda forte. (ci/ú-me, vi/o-la, po/e-ta, cru- el-da-de, etc.).

Encontros vocálicos descendentes - designação de Luiz Otávio - é o encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente,

Junção a primeira forte e segunda fraca. ("di/a", "tu/a", "ri/o" , etc.).

Junção - designação de Luiz Otávio - no sentido generalizado para traduzir a união de sílabas métricas, Abrange pois, os diferentes processos de diminuição de sílabas poéticas. (comumente e erradamente empregada pela maioria dos poetas como elisão).

Ver no Glossário, os vários processos ou métodos para diminuir as sílabas métricas ou processos de fazer a junção de sílabas: crase, elisão, sinalefa, sinérese, alferese, síncope, apócope e ectipse.

Postjunção - designação de Luiz Otávio - junção posterior a uma sílaba ou palavra.

Prejunção - designação de Luiz Otávio - junção anterior a uma sílaba ou palavra.

Semivogais - são os fonemas "i" e "u", quando ao lado de uma vogal formam uma sílaba com elo. (Assim em: "pai", "mau", o "i" e o 'u" funcionam com valor de consoante, em "lu-ta", vi-da", funcionam com função de vogal).

Sílaba ou métrica ou poética - são sílabas nos versos, (contagem diferente das sílabas gramaticais).

Sinalefa - fusão ou junção de vogais ou semivogais, entre duas palavras, formando ditongo (Este amor" = "Estiamor").

Síncope - supressão de fonema ou sílaba no meio da palavra ("p/ra").

Sinérese - transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra. ("ci-úme" em ciú-me".

Suarabacti - "aumento de uma sílaba métrica, pela pronúncia das vogais de apoio, nos encontros consonantais disjuntos". (Luiz Otávio) "i-gui-no-rar".

Tônica - sílaba forte, acentuada.

Vogais - "Fonemas sonoros, que se produzem pelo livre escapamento do ar pela boca e se distinguem entre si por seu timbre característico", (Rocha Lima).

Vogal forte ou fraca - a vogal átona ou acentuada (tônica) da palavra ou verso.
* * * * * * * * * * * * * * * *  
continua…
 
Fonte:
http://movimentodasartes.com.br/trovador/pop/pop_01.htm

Lairton Trovão de Andrade (Descontraindo em versos)

01. Destrua a melancolia, pois a vida se renova! Contra a tristeza, Maria, beba chazinho de trova! 02. O plagiário é caricato que no mundo s...